O golpe e seus falsos atores

O plano de ação está montado e a intenção é clara: tirar Dilma de vez da presidência e indiciar Lula, condená-lo e colocá-lo na cadeia, em Curitiba

13/07/2016 - Ato da Frente Brasil Popular em Caruaru (PE). Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
13/07/2016 - Ato da Frente Brasil Popular em Caruaru (PE). Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula (Foto: Chico Vigilante)


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O roteiro de consolidação do golpe mostra duas vertentes paralelas esta semana. No Senado as últimas máscaras caem na batalha do impeachment enquanto a República de Curitiba regozija-se.

A distância entre as garras de Moro sobre Lula diminuem, ao mesmo tempo que o juiz mais amado das madames batedoras de panelas é condecorado pelo Exército com a Medalha do Pacificador, em cerimônia de comemoração pelo Dia do Soldado, nesta quinta, 25 de agosto, em Brasília.

Na atual conjuntura, o nome da medalha entregue a Moro mais parece detalhe de filme de comédia, ou de terror. Pacificador seria o último nome que os milhares de trabalhadores desempregados dariam a Moro, após a insana campanha de perseguição a donos de empreiteiras no país capitaneada pelo juiz na tentativa de derrubar Dilma, prender Lula e enlamear o PT.

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Três dias antes dos senadores traidores da Constituição brasileira tentarem sepultar o voto dos 54 milhões de cidadãos que elegeram Dilma Rousseff, a Polícia Federal indicia formalmente pela primeira vez o ex-presidente Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia no inquérito que investiga o tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá.

A denúncia criminal cairá nas mãos de Moro, assim como aquelas contra o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, sob suspeita de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

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A estratégia da direita é ampla. Não basta enlamear o nome de Lula individualmente. O propósito é agir como na Inquisição tratavam os acusados de traição em julgamentos forjados: morte aos adversários políticos e religiosos – não pela forca, fogueira ou decapitação – mas pela prisão e humilhação, ao inimigo, sua família e seu legado.

Não importa o que Lula diga ou sua defesa alegue. Não existem documentos do apartamento em nome de Lula ou D. Marisa que comprovem sua propriedade. Sua defesa move ações no Supremo Tribunal Federal e no Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas em que questiona a conduta da força-tarefa da Lava Jato e a competência de Moro para julgá-lo.

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Nada disso importa para os golpistas. O plano de ação está montado e a intenção é clara: tirar Dilma de vez da presidência e indiciar Lula, condená-lo e colocá-lo na cadeia, em Curitiba.

No habitat entreguista, no entanto, existe uma tensão no ar. Não estão tão seguros do bote. A direita demonstra nervosismo tanto no Congresso como no Supremo nesta reta final.

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Renan Calheiros perde a compostura durante o primeiro dia de julgamento do impeachment no Senado, grita com a senadora Gleisi Hoffman que o chama de mentiroso, causando tumulto entre os senadores e levando o ministro Lewandovsky a suspender a sessão.

Um ministro da Suprema Corte, conhecido por sua posição de direita, sob o pretexto de criticar vazamento de um processo, ataca o Ministério Público e um juiz de Primeira Instância da Justiça Federal, responsável por processos que paralisaram o país.

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Gilmar Mendes volta sua artilharia contra o juiz Sérgio Moro da Força Tarefa da Lava Jato e o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, acusando-o de ter vazado informações sigilosas sobre o ministro Toffoli, do STF, no depoimento da OAS à Lava Jato.

Há quem afirme que Gilmar Mendes começou a colocar um freio de arrumação na Lava Jato, insinuando que Toffoli, ao ser capa de Veja por suposto envolvimento com a OAS, foi alvo da retaliação de promotores por ter contrariado interesses da Lava Jato.

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Estará Gilmar preparando o bote final para após impeachment e uma vez Lula condenado, a Lava Jato abandone os depoimentos da OAS e da Odebrecht, de vez, ambos com munição para derrubar metade do Congresso Nacional e da República ?

Responsável pela suspensão da delação da OAS sob a alegação de vazamento, Janot insinua, em resposta aos ataques de Gilmar, que Veja mentiu ou foi operada por alguém interessado em melar a Lava Jato, uma vez que não consta do depoimento que ele tinha em maõs nenhuma acusação contra Toffoli.

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Ou seja, para não dizer claramente que Veja estava em conluio com interesses maiores para melar a Lava Jato, Janot aventou também a hipóteses de Veja estar mentindo. O que no final das contas dá no mesmo.

Ao contrário de Gilmar, que atirou contra Janot, e os integrantes da força-tarefa da Lava Jato, outro ministro do STF, Marco Aurélio, fez questão de declarar à imprensa que não consegue imaginar que o vazamento parta do Ministério Público, ou seja, mesmo sem dar nome aos bois, defende Janot e fortalece a tese de armação de Veja.

A história já nos mostrou por inúmeras vezes de que lado Veja está.

Conclui-se que a revista jogou lenha na fogueira de questionar a honra de um ministro do Supremo, apenas para aumentar a temperatura política dias antes do impeachment e dar corda à turma do “temos que estancar a sangria”, famosa frase de Romero Jucá, que para bom entendedor quer dizer: depois de derrubado o PT, temos que acabar com este negócio de combate à corrupção.

Afirmei em artigo há algum tempo que agosto seria amargo como fel para os brasileiros e brasileiras preocupados com a democracia e a defesa dos direitos trabalhistas e sociais no país. Tudo caminha neste sentido e não me surpreende a perfeita sincronização do roteiro do golpe parlamentar, jurídico, midiático.

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