O futuro está sendo vendido

Após tomar o poder de assalto e suspender por tempo indefinido a democracia e o estado de direito, o consórcio político-jurídico-midiático que usurpou o poder passa à fase do saque e divisão do butim



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Vivemos, nos dias que correm, um dos momentos mais tristes da história brasileira. Após tomar o poder de assalto e suspender por tempo indefinido a democracia e o estado de direito, o consórcio político-jurídico-midiático que usurpou o poder passa à fase do saque e divisão do butim. Sob os aplausos de uma mídia regiamente recompensada com fundos públicos o governo ilegítimo e sua base congressual, em uma velocidade sem par, pulverizam direitos com uma mão e entregam as riquezas do país com outra. O objetivo estratégico do movimento realizado por conservadores é a alteração do sentido que as administrações petistas deram ao Estado. Os aparelhos públicos e os recursos estratégicos da Nação, que durante os governos populares foram convertidos em instrumentos de distribuição de renda e construção de bem-estar social, realizando o maior avanço civilizacional da história da república e tornando o Brasil uma potência econômica mundial, devem voltar a cumprir sua função anterior: concentrar renda, poder e recursos e combater com violência os que disso discordem.

Na ofensiva pela retirada dos direitos obtidos pelos trabalhadores no último século destacam-se a PEC 241, que ao congelar por vinte anos investimentos públicos em áreas fundamentais para a população condena a miséria e a morte milhões de brasileiros nas próximas décadas, e as reformas que conservadores desejam realizar na Previdência e nos direitos trabalhistas, garantindo que o grosso da população labute até o fim da vida nas condições mais aviltantes que o Capital possa extrair em negociações sem a mediação da lei ou do Estado. No campo da liquidação das riquezas estratégicas do país a desfaçatez e a canalhice não são menores nem menos ousadas. O fim do regime de partilha do pré-sal é certamente o exemplo mais dramático. De um só golpe, e ao arrepio de nossa resistência, a ampla maioria construída pelos reacionários no Congresso Nacional presenteou as transnacionais do petróleo com uma riqueza fantástica e estratégica para o desenvolvimento do Brasil.

A descoberta do pré-sal, confirmada em 2006, permite ao Brasil pular de 15 para 5 produtor mundial de petróleo elevando nossa reserva de 13 para 273 bilhões de barris. Aplicados em setores estratégicos, como saúde e educação, tais recursos permitiriam a sociedade brasileira realizar um novo pulo civilizacional que elevaria muito a qualidade de vida de todos os cidadãos, fazendo de nós, em duas ou três décadas, um dos povos mais prósperos do mundo e financiando serviços públicos de excelência. Para se ter uma ideia só com a entrega do campo de Libra a educação e saúde perderam 240 bilhões em investimento. Os saqueadores da nação são indiferentes a isto, sob o pretexto de corrupção na Petrobras, que existiu e deve ser investigada e rigorosamente punida mas de forma alguma invalida a empresa e sua histórica e fundamental contribuição para o desenvolvimento do País, cometem um dos maiores crimes de lesa-pátria da história da humanidade. Aproveitando-se de determinado momento conjuntural, de uma maioria de ocasião e apesar do duro combate que nós progressistas temos lhes dado, os reacionários pretendem terminar o saque dos recursos da Pátria em favor das transnacionais. Desejam completar assim o processo de desmonte do Brasil e sua entrega para a iniciativa privada, retomando o projeto que orientou os governos tucanos e que contabiliza entre seus muitos fracassos a desastrosa privatização da Vale do Rio Doce.

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O circo de horrores que hora dirige a nação, em seu desejo irrefreável de sabotar o futuro, avança vorazmente no cancelamento do passado. Não bastando revogar a parte mais significativa de direitos sociais e políticos obtidos no processo de redemocratização do Brasil, eles desejam voltar mais no tempo e cancelar o que foi obtido por Getúlio Vargas na campanha O Petróleo é Nosso. Nada está a salvo da voracidade dos saqueadores, vidas, direitos, presente, passado e futuro, da maioria dos brasileiros, são cancelados, comprometidos e vendidos numa espiral de ganância e cinismo alimentada com salmão e regada a vinhos caros. Se não encontrar resistências significativas o bloco conservador obterá, rapidamente, não só o recuo do Brasil a padrões sociais semelhantes aos da República Velha como também comprometerá qualquer possibilidade de recuperação futura do País. O Brasil que o presidente ilegítimo e seus comparsas planejam não terá lugar para os pobres, que serão lançados sem misericórdia a miséria, e nem para os setores médios, que estarão condenados a viver no limite da subsistência e do desemprego. Tão grave quanto é que no futuro que está sendo construído hoje não existe sequer lugar para uma Nação, nos tornaremos novamente um imenso canavial, de muitos escravos, alguns feitores, poucos senhores e uma colônia de grandes empresas estrangeiras. A hora de resistir é agora. Vivemos tempos incomuns e as consequências de nossas ações hoje ecoarão através da História. Rearticular as esquerdas, mobilizar os defensores da democracia e da nação, informar a população sobre o retrocesso em curso e dar corajoso combate aos entreguistas são tarefas inadiáveis de todos os que amam este país e não aceitam que ele seja destruído para o benefício de empresas estrangeiras e o enriquecimento de algumas centenas de canalhas.

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