O Futuro da Bolsa

Esse capitalismo nanico pregado, aperfeiçoado e tenebrosamente difundido ao longo dos últimos anos sucateou as empresas brasileiras e as colocou em liquidação perante o capital estrangeiro. O tempo de recuperação será longo

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bovespa (Foto: Carlos Henrique Abrão)


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Pateticamente a nossa gloriosa bolsa de valores vive seu inferno astral, uma verdadeira tempestade perfeita. A análise das regras e dos princípios normativos indica que houve uma fragorosa violação dos princípios da transparência, governança corporativa e da ampla técnica de informação, levando ao entrechoque, descrédito e desconfiança dos investidores, notadamente do exterior.

Quando em 2015 pensávamos nos 80 mil pontos, o abismo continua a caminho e rapidamente vamos alcançar os 40 mil pontos, o que mudou de modo radical, substancial em menos de um ano para a reviravolta. A Petrobrás hoje vale um dólar e meio e a Vale menos que dois dólares. Isso jamais aconteceu na história dessas empresas e de grandes companhias.

O Brasil se fechou para a economia mundial e tentou cavar com as mãos sua própria sepultura. A aliança com os Brics é mais um fracasso, todos os países estão em estado melancólico, a começar da China, passando pela Rússia e atingindo o coração do Brasil.

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Dessa forma, não há futuro algum para a bolsa se a governança corporativa voltar a imperar, se o órgão fiscalizador não punir e as estatais não tiverem regras próprias. O que chama a atenção é que, comprovadas as fraudes em estatais, sociedades de economia mista, o controlador deveria ter suspenso, até ressarcimento integral dos prejuízos, o poder de nomear os cargos diretivos da companhia. A medida se justifica, considerando o potencial danoso e os estragos que irradiam efeitos em todo o mercado.

E não venham resmungar que a bolsa é um centro de especulação, de rentistas ou de aproveitadores de ocasião, visão míope e vesga daqueles que privilegiam as bolsas sociais. E sem reforma, a bolsa de valores será uma bolsa de indigentes, já que hoje toda ela vale menos que uma empresa norte-americana, o Google, e chega quase perto de perder também para a poderosa Apple.

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Esse capitalismo nanico pregado, aperfeiçoado e tenebrosamente difundido ao longo dos últimos anos sucateou as empresas brasileiras e as colocou em liquidação perante o capital estrangeiro. O tempo de recuperação será longo, dificultoso e de caminhos espinhosos. Milhares de investidores estrangeiros já foram embora e no Brasil não será diferente.

Os negócios irão desaquecer ao longo do ano, e a previsão mais realista é que bateremos 35 mil pontos ao término de 2016. Isso além de muitas empresas fazerem o caminho de volta, intencionando fechamento de seus capitais.

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Ao invés de investir na produção e na riqueza das empresas, o governo preferiu fazer concessões de crédito, ampliar compra de carros, ajudar com medidas provisórias as montadoras, e agora se depara com o rombo, inclusive com o auxílio de banco público para as empresas, cujo calote ultrapassa mais de 200 bilhões de reais, além de um déficit público de mais de 2 trilhões, que, em sã consciência, jamais será pago, rolado ou caloteado pelos nossos representantes em estado de total descontrole dos rumos da economia.

E enquanto isso não aquece ou dá sinais favoráveis de melhora, o mercado como um todo está paralisado, anestesiado, ronda o medo, o receio, e agora os investidores se curvam às aplicações de renda fixa, já que a poupança sofreu grandes saques durante 2015, mais um fator preocupante para o governo que acelera, a passos largos, o estado de insolvência e falimentar da Nação Brasileira.

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Copiamos o modelo de grandes nações do novo mercado, do nível 1 e 2, mas infelizmente na prática o que sucede é uma total anarquia, banditismo e as punições são brandas demais e acabam em multas pagas pelas seguradoras. Os processos de inabilitação devem ser frequentes e não por apenas cinco anos, mas por 10 ou 15, e em casos mais contundentes para sempre, definitivamente.

Sumariando o raciocínio exposto, o mercado acionário brasileiro fora catapultado por uma série de erros, a saber: inoperante fiscalização, desestimulo à abertura do capital, tragédia de estatais, cujos desastres contaminaram o mercado em geral, sem um diagnóstico preciso e com fundamento profissional.

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Continuaremos nosso voo de galinha, expulsando estrangeiros, detestando o nacional e empurrando as poucas empresas de capital aberto ao deserto que acelera o risco de uma crise parelha àquela de 29 ou de 73, mais ainda quando escasseiam dividendos e juros sobre o capital. E ao contrario das bolsas sociais setoriais, a crise da bolsa de valores no Brasil trará uma imprevisível crise social, com demissões, fechamento de empresas e o abandono dessa via para captação de recursos financeiros em prol do investimento, ampliação da produção e investimento nas gerações.

O futuro é sombrio, exceto se nosso governo e os responsáveis despertarem dessa inigualável letargia a qual assistimos atônitos e definitivamente entregues ao fracasso de um modelo em crise. 

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