O futuro da América Latina está na Argentina
"O futuro do continente depende do resultado das eleições na Argentina em outubro deste ano", escreve o colunista Emir Sader
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A América Latina vive um período de transição. Após o período de afirmação de governos antineoliberais e retomada de governos conservadores, o continente vive atualmente um momento de decisão quanto ao seu futuro.
Brasil, México e Colômbia são fortes referências na luta antineoliberal, ao lado de Bolívia, Honduras e Venezuela.
A ala conservadora tem os governos do Equador, Uruguai e Paraguai.
É um equilíbrio favorável ao campo progressista. No entanto, o futuro do continente depende do resultado das eleições na Argentina em outubro deste ano.
Se o peronismo triunfar novamente, em qualquer de suas forças internas, a aliança Brasil-Argentina voltará a ganhar força e será, mais uma vez, o eixo do bloco progressista no continente. As excelentes relações de Lula com Alberto Fernandez ou com outro líder peronista que vier a se eleger, garantiriam o bom funcionamento desse eixo.
Se a direita voltasse ao governo, essa aliança se romperia e a direita voltaria a ter um país importante com projeto conservador, que poderia funcionar como articulador para outros países com posições neoliberais. Além de ser um grande revés para a Argentina, deixaria o Brasil um tanto isolado de seu tradicional vizinho.
Desta forma, as eleições de outubro são fundamentais não só para o futuro da Argentina, mas também para toda a América Latina. A divisão interna do peronismo, portanto, tem maior significado para a região. Isso não significa necessariamente que a unidade do peronismo levaria automaticamente à sua vitória, mas a tornaria mais provável.
A reunião de unidade peronista promovida pelo presidente Alberto Fernandes é a primeira boa notícia para a unidade dessas forças em muito tempo. Não houve decisões, mas pelo menos uma estrutura de decisão unitária. A decisão de lutar pela suspensão da interdição de Cristina Kirchner, o apelo para que ela não desista de sua possível candidatura, a manutenção da assembleia do peronismo como espaço de decisão democrática e unitária, estão entre as resoluções mais positivas do encontro.
É claro que a decisão dos eleitores argentinos não leva em conta esse aspecto. Porque a primeira coisa que está em jogo é a situação interna e as condições de vida da população. Nesse sentido, a inflação continuada e mesmo descontrolada, próxima de 100%, condiciona fortemente o resultado eleitoral de outubro.
São um conjunto de fatores que, para nós, que olhamos para a Argentina com preocupação, mas também com esperança, sabemos o quanto as eleições de outubro são importantes para todos nós.
Lula, mais do que todos, está de olho na Argentina. Ele sabe que ou terá na América Latina um aliado fundamental ou terá de enfrentar os desafios que o Brasil enfrenta, sem contar com seu maior aliado.
Sobre a Argentina, portanto, pesa uma decisão com múltiplas dimensões, para o país e para a América Latina.
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