O filósofo da ética das consequências
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Informa o jornal carioca O GLOBO a morte de José Arthur Giannoti, considerado o maior filósofo contemporâneo brasileiro. Filosofia tipo exportação, como disse uma vez A Folha de São Paulo.
Alimento em relação a sua pessoa pública e acadêmica sentimentos ambivalentes, suscitados em momentos diferentes da vida. Quando o conheci, era um filósofo cassado pela ditadura militar e sobrevivia através de sua atividade no CEPRAP. Foi lá, onde li seus primeiros textos. Abordei-o, pela primeira vez, na grande greve de 1977 na UnB, onde ele iria participar de um colóquio de filosofia sobre lógica. Fui procura-lo no auditório dois candango para dizer que não o fizesse, pois a UnB estava ocupada militarmente. Ele atendeu o meu pedido e se reuniu fora da UnB com os colegas
Depois, já em São Paulo, tomei conhecimento de seus artigos e livros. Particularmente o que apresentava o filósofo como "voyeur da liberdade", durante a ditadura. Giannoti foi um pensador que foi da fenomenologia da dialética à filosofia da linguagem, fazendo uma apresentação da filosofia de Wittgstein. Sempre se vangloriou de escrever obscuro, difícil. Se jactava com as dificuldades de compreensão de seu texto. Era partidário daquele dito de Rui Fasto: quanto mais obscuro, mais dialético. Com quem, aliás, rivalizou na interpretação da estrutura lógica do pensamento de Marx ("As origens da dialética do trabalho").
O ponto de divergência foi quando Giannoti tomou partido pelo PSDB e justificou a sua política pela cínica teoria da "zona cinzenta" em que se moviam os políticos, dificultando o juízo moral de suas ações. Teve também o episódio de sua briga com António Carlos Magalhães, quando veio à tona o espancamento pelo filósofo de sua mulher. Foi um choque moral, produzido por ACM para calar o filósofo. A contenda foi parar nas páginas da Folha de São Paulo. Não foi boa a repercussão filosófica.
Giannoti participou da minha banca de doutorado na USP sobre o pcb, em 1985. Foi dele as maiores críticas. Foi uma sessão memorável. O salão nobre da congregação. cheio de militantes. Inclusive com a presença de Ricardo Antunes e Heitor Ferreira Lima. Naquela ocasião, o filósofo saudou a apresentacao da tese pelo merito de ter reintroduzido o tema do comunismo na Universidade de São Paulo e depois fez a critica, disse: "voc^3 parece que aderiu ao mapa dos conceitos da decada de 20".
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