O Estado de Direito não coube na “farmacinha” do Janot

O que chama atenção no livro de Janot é a ausência absoluta de menções ao Estado de Direito e ao devido processo legal, assim como as escassas menções à democracia, à cidadania e à justiça, diz o colunista Jeferson Miola

Rodrigo Janot
Rodrigo Janot (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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No livro que em que comete haraquiri político e moral e se expõe ao risco de perda da privilegiada aposentadoria, Rodrigo Janot faz muita menção a bebidas alcóolicas, porém não faz absolutamente nenhuma menção ao Estado de Direito ou ao devido processo legal.

Nas quase 250 páginas de texto, o substantivo “democracia” fica quase desapercebido. Aparece apenas 2 vezes, o equivalente a 1 menção a cada 120 páginas do livro.

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Numa delas, Janot a emprega numa frase para dissertar que “Ditaduras também tendem a ser mais corruptas do que as democracias” [pág. 166] e noutra passagem, num registro hilariante, Janot filosofa que “Vivemos numa democracia …” [sic] [pág.38].

Em contrapartida, bebidas alcóolicas figuram 25 vezes no texto – numa média de mais de 1 menção a cada 10 páginas do livro, compondo uma variada carta de opções etílicas:

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– Gim: 1 menção;

– Rum: 1 menção;

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– Cerveja: 4 menções;

– Uísque: 4 menções;

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– Cachaça: 5 menções; e

– Vinho: 10 menções.

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Ao longo do texto Janot faz referências à “farmacinha”, como chama o frigobar do seu gabinete: “… rápidas incursões à ‘farmacinha’ …”; “Todo mundo para a ‘farmacinha’, sô!, eu dizia”; “a farmacinha cumpria uma função terapêutica”; “A farmacinha ficou tão famosa que, algumas vezes, visitantes ilustres da Esplanada e de adjacências passavam no meu gabinete no final de tarde em busca de um paliativo”; “A farmacinha aliviava o estresse, mas não era uma panaceia”.

A demasiada e injustificável menção a bebidas alcóolicas num livro que se pretende mais historiográfico que biográfico não pode servir de álibi para Janot alegar em defesa própria. Aliás, é assunto que diz respeito exclusivo à privacidade dele, por isso não faz sentido ser trazido ao domínio público.

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O que chama atenção, todavia, é a ausência absoluta de menções ao Estado de Direito e ao devido processo legal, assim como as escassas menções à democracia, à cidadania e à justiça.

É algo inconcebível num livro escrito por um ex-chefe da Procuradoria-Geral da República, cujas atribuições primordiais são justamente a defesa dos direitos sociais e individuais e a defesa da ordem jurídica e do regime democrático.

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Nada disso, porém, coube na “farmacinha” do Janot, que estava muito entretido com seus comparsas na conspiração para derrubar Dilma, interditar a candidatura de Lula e viabilizar o projeto fascista da extrema-direita que jogou o Brasil no precipício.

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