O espírito de vira-lata volta a assombrar

Sem nenhuma justificativa convincente, Janot foi aos Estados Unidos pedir ao governo americano para, através dos seus órgãos de segurança, investigar a Petrobrás

Sem nenhuma justificativa convincente, Janot foi aos Estados Unidos pedir ao governo americano para, através dos seus órgãos de segurança, investigar a Petrobrás
Sem nenhuma justificativa convincente, Janot foi aos Estados Unidos pedir ao governo americano para, através dos seus órgãos de segurança, investigar a Petrobrás (Foto: Ribamar Fonseca)


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O espírito de vira-lata parece ter se incorporado no Procurador Geral da República Rodrigo Janot. Sem nenhuma justificativa convincente, ele foi aos Estados Unidos pedir ao governo americano para, através dos seus órgãos de segurança, investigar a Petrobrás. O inusitado e vergonhoso pedido, que representa um gesto de subserviência ao país vizinho, soa como uma confissão de incompetência das autoridades brasileiras para investigar os problemas internos do país. É como se ele dissesse ao presidente americano: "Obama, por favor, mande verificar o que está acontecendo em minha casa que não sabemos o que fazer".

Depois do pedido do Procurador Geral da República, que nas reuniões com os órgãos de segurança americanos deve ter repassado informações que o próprio povo brasileiro desconhece, os Estados Unidos não precisam mais espionar o Brasil usando seus sofisticados equipamentos de bisbilhotice, inclusive grampeando o telefone da própria Presidenta Dilma Rousseff – conforme revelou o wikileaks: – basta a solicitação de informações que julgarem necessárias para controlar o nosso país e, provavelmente, garantir a compra da Petrobrás, pelas suas empresas petrolíferas, e a exploração do nosso petróleo do fundo do mar, mais precisamente o pré-sal.

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Na verdade, com essa iniciativa Janot revela não confiar na competência da Policia Federal e do próprio Ministério Público para investigar as denúncias de corrupção na Petrobrás. Aparentemente ele desconfia da eficiência da Operação Lava-Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, no trabalho de investigação dos escândalos de propinas revelados pelos próprios ladrões na chamada delação premiada, uma excrescência jurídica que transforma bandidos em pessoas idôneas cuja palavra merece fé. A grande imprensa, afinal, aceita como verdade absoluta a palavra dos delatores, desde que os citados sejam petistas, e já os condena de imediato. Eles, os delatores, só não merecem o mesmo crédito quando os delatados são tucanos.

Por um breve período, porém, a questão da Petrobrás terá ligeiro esquecimento da grande mídia, que dará uma trégua no massacre ao governo da presidenta Dilma Rousseff por conta do carnaval, que interromperá por alguns dias o trabalho da Operação Lava-Jato para que investigadores e delatores possam curtir a folia de Momo, nem que seja pela televisão. Quanto aos presos, provavelmente não conseguirão nem ouvir os batuques. De qualquer modo, Momo deve proporcionar um pouco de paz ao Planalto, inclusive com o arrefecimento da gritaria dos tucanos e da mídia em torno de um eventual impeachment da Presidenta, até porque o próprio presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, e lideres de destaque do PSDB, como o governador goiano Marconi Perillo e o prefeito Artur Virgilio, de Manaus, já condenaram publicamente qualquer tentativa de derrubada de Dilma.

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Além disso, vozes de peso do setor jurídico nacional, como o jurista Dalmo Dallari, por exemplo, já disseram que o impeachment é "uma fantasia sem base jurídica". Dallari, em artigo publicado pelo "Jornal do Brasil", depois de desmontar o parecer encomendado do seu colega Yves Gandra, afirmou que "a ameaça de pedido de impeachment não deve ser levado a sério, não merecendo ser tratada como possibilidade real, mas sim como simples desabafo de maus perdedores tentando manter-se em evidência". Na verdade, essa onda alimentada pela grande imprensa oposicionista já virou marola porque, mais do que um desabafo de maus perdedores, ficou caracterizada como uma obsessiva disposição para a tomada do poder a qualquer preço, mesmo com o sacrifício da democracia, por não conseguirem conquista-lo pelo voto.

Embora alguns políticos em trânsito para o ocaso, como os senadores Cristovam Buarque e Cassio Cunha Lima, afirmem, descaradamente, que "o impeachment está na boca do povo", todo mundo sabe que isso não passa de uma deslavada mentira. Quem insiste nisso, mesmo sem nenhum respaldo constitucional, são alguns oposicionistas e a grande mídia. O assunto, portanto, tende a desaparecer do disse-me-disse depois do carnaval, pois, apesar do empenho de alguns tucanos e seus acólitos de partidos menores, as pessoas responsáveis sabem que um eventual afastamento da Presidenta, além de ilegal e de consequências imprevisíveis, provocaria enormes danos ao país e seu povo, com irreparáveis prejuízos à jovem democracia brasileira.

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Os internautas anencéfalos, portanto, que disseminam na internet um quadro de iminente impeachment da Presidenta, compartilhando notas político-partidárias de origem perfeitamente identificável, devem baixar o entusiasmo e tirar o cavalinho da chuva porque, a não ser que no futuro cometa crime de responsabilidade, Dilma vai cumprir o mandato que o povo lhe outorgou até o final. O jeito é esperar 2018 para vê-la deixar o Planalto e tentar, no voto, impedir que Lula volte para lá. Conclui-se, daí, que se não for pelo processo democrático Dilma não deixará Brasília antes de terminar o seu mandato. A grande imprensa oposicionista, portanto, terá de engoli-la até lá.

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