O escárnio diante da morte
Como procuradores podem tripudiar de um ser humano diante da morte dos seus parentes: esposa, irmão, neto? De que material é feito essa gente? por que tanto ódio? Odiocracia, parece ser este o sistema vigente hoje na pátria armada
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Como procuradores podem tripudiar de um ser humano diante da morte dos seus parentes: esposa, irmão, neto?
De que material é feito essa gente? por que tanto ódio?
Odiocracia, parece ser este o sistema vigente hoje na pátria armada.
Um lugar onde um governador comemora a morte de um sequestrador ao invés de comemorar a vida dos sequestrados. é o mesmo sujeito que depois de fazer dez flexões e ler os dez mandamentos volta ao seu macabro culto à morte de gente pobre, falando em “sentar o dedo”, matar, eliminar...
Há, e isso é oficial, uma apologia à morte de pretos e pobres, não tem nada a ver com matar bandidos.
Ninguém pediu a morte de Cabral, Cunha ou Eike Batista; porque, como se sabe, bandido bom é bandido branco.
Se de um lado há um negro clamor pela vida, de outro há o metálico clangor das armas de fogo cuspindo balas e granadas de helicópteros, cravejando paredes de barracos, perfurando teto de casebres, rasgando corpos negros.
Há pouco o veículo conduzido pelo músico Evaldo dos Santos Rosa foi alvejado por mais de 200 tiros. 200, cara! é muita vontade de matar.
“Vamos metralhar essa petralhada”, comandou o capetão durante a campanha à presidência.
Esse despreparado que nos preside, ecocida, piromaníaco e despirocado - sempre com o olhar vidrado como um doido varrido - é a representação oficial da brutalidade e do ódio com uma faixa verde-amarela no ombro.
“O mito é o nada que é tudo”, na definição de Fernando Pessoa.
Mesmo sendo um nada e de nada ter feito pelo povo brasileiro, Bozo foi mitificado como uma efígie, um busto cagado por pombos, um títere-totem que simboliza o ódio em estado puro.
Talvez por isso mesmo era o “candidato natural da lava-jato”, como disse o procurador barbudim.
A lava-jato, como vemos agora, era uma orcrim, comandada por sicofantas celerados loucos por fama e dinheiro e alimentados pelo veneno do ódio.
E esse ódio doentio a Lula, essa patologia crônica, não é a ojeriza por uma pessoa, mas por uma ideia, por tudo o que ela representa: é demofobia em estado puro.
Os homens de bens, todos o sabemos, são hipócritas, inescrupulosos, insanos, insensíveis e insensatos.
Durante as reves cívicas, essas cínicas criaturas tomaram as redes, as ruas e depois as urnas. é a nossa elite troglodita, uma gente pálida, endinheirada, monoglota, terraplanista e plena de ódio ao povo e ao país em que vivem.
A justiça, essa que promove as maiores injustiças, esticou o tapete na terra plana para que os loucos fizessem o que bem quisessem, valia tudo: bonecos da presidenta enforcada, adesivos simulando estupro da presidenta, pedido de intervenção militar à luz do dia, elogio a torturadores, grampo ilegal, condução coercitiva sem intimação anterior, combinação de delações, o diabo.
Agora vemos os procuradores tripudiando da dor de um condenado (sem provas) diante da morte de seus familiares.
Uma miséria insensível, um monstro horrendo foi criado.
Marcel Mauss nos explica em seu seminal A Expressão Obrigatória dos Sentimentos que o funeral, o compartilhamento da dor dos vivos diante do corpo a ser sepultado é um elemento de coesão social, varia de cultura para cultura, mas na sua essência é invariável: mostra que é a sororidade e a fraternidade, esse amálgama que junta indivíduos numa coletividade, que nos torna humanos, que faz de nós esse animal cívico, como disse Aristóteles.
Amar o próximo é a regra de ouro.
O cristão que tripudia da morte vale tanto quanto aquele que faz arminha num trio elétrico (!) que cultua Jesus Cristo. o “candidato natural”.
São betas-feras, animais sem anima, crápulas, dementes, pregadores do caos e apologistas dessa distopia em que vivemos.
O diabo é que não existe o inferno para mandar essa gente, nem o diabo existe, satã se manifesta nessas criaturas horrendas, essas que oram em púlpitos lavados com sangue.
Palavra da salvação.
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