O engodo do PIB

A espalhafatosa comemoração em cima do PIB não esconde a gravíssima situação da economia brasileira. O Brasil ficou em último lugar numa lista de 39 países que já divulgaram o desempenho do PIB no mesmo período

Michel Temer, indústria, atividade industrial .2
Michel Temer, indústria, atividade industrial .2 (Foto: Décio Lima)


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O golpista, ilegítimo e periclitante Temer sabe que para sustentar a usurpação carece do apoio da plutocracia e, para isso, precisa focar na economia e privilegiar o Mercado. No afã de demonstrar que está alcançando êxito nessa empreitada, passou a usar a econometria de acordo com a blague criada pelo jornalista e sociólogo Joelmir Betting, segundo a qual "a estatística seria a arte de torturar os números até que eles confessem".

Com essa intenção escolheu, assessorado pelo Meirelles, um único indicador, o PIB, como "termômetro" da economia. Trata-se de equívoco sério e de há muito caracterizado pelo economista Celso Furtado como sendo uma mera fábula que chamou de "mito do desenvolvimento econômico". Em síntese, importa esclarecer que de per si esse indicador não significa desenvolvimento em sua acepção plena. Se não como explicar, por exemplo, que países (como os produtores de petróleo) com PIB elevadíssimo têm a imensa maioria da população na miséria?

Por outro lado, mesmo que o PIB tivesse o significado que lhe querem imputar, há precipitação (ou desespero?) na tentativa de passar a ideia de que o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre deste ano representa recuperação da economia. Em primeiro lugar porque o apontado "crescimento" do PIB se deu sobre uma base muito reprimida. Na verdade nesse indicador voltamos ao patamar de 2010.

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Em segundo lugar, é visível que o festejado "soluço" do PIB tem estreita relação com fatores externos, como a alta dos preços dos produtos exportados no mercado mundial, em especial das commodities, e não com ações internas de política econômica.

Prova de que não há qualquer ação efetiva em relação ao problema macroeconômico do país, a inflação relativamente baixa, em cerca de 4%, e declinando mais rapidamente do que a Taxa Selic, ainda em 10%, não viabiliza o deslocamento das aplicações financeiras ("rentismo") para o setor produtivo (economia real). A turba usurpadora tem apenas compromisso com os parceiros do golpe.

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Para completar o quadro catastrófico, os reflexos do comprovado envolvimento do golpista Temer no affaire com os irmãos Batista, do grupo JPS, farão esvanecer qualquer melhora que pudesse ter havido no cenário econômico.

Infelizmente, a crise prossegue e tende a se acentuar. A espalhafatosa comemoração em cima do PIB não esconde a gravíssima situação da economia brasileira. O Brasil ficou em último lugar numa lista de 39 países que já divulgaram o desempenho do PIB no mesmo período. Quando se considera a comparação anual, que é o critério usado internacionalmente para avaliar o desempenho das economias, o PIB brasileiro teve retração de 0,4% em relação ao primeiro trimestre de 2016, o pior da lista de países analisados pela consultoria Austin Rating, responsável pela elaboração do ranking.

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E se ampliarmos a visão para alcançar os temas que realmente interessam à população, vamos nos deparar com um desemprego em nível de recorde histórico. No mesmo trimestre comentado por Temer, Meirelles e mídia comprometida, encerrado em Abril, a taxa de desocupação ficou em 13,6%, um ponto percentual acima da taxa do trimestre anterior. São dados da Pnad Contínua do IBGE.

Com essa alta a população desocupada chegou a 14 milhões, incremento de 8,7% em relação ao período anterior. Representa um acréscimo de 1,1 milhão de pessoas desempregadas. Aprofundando ainda mais a comparação, chegando ao primeiro trimestre de 2016, constata-se que o total de desocupados subiu 23,1% o que significa um aumento de 2,6 milhões de desempregados, durante a desastrosa aventura do golpe.

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Enfim, lamentavelmente o que a realidade nos mostra é um governo preocupado apenas em atender a plutocracia, governando de costas para o povo, irremediavelmente comprometido por ilícitos e que se não for defenestrado com urgência vai levar a Nação ao caos.
Para a crise só há uma saída – Diretas Já!

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