O encontro clandestino de Temer com Cármen Lúcia

"Temer marcou a reunião por telefone, diretamente com Carmen Lúcia, fora de agenda, sem pauta determinada, sinalizando que desejava tratar de um assunto que preferia manter em sigilo, o que não se coaduna com o conceito republicano da transparência nas relações entre os poderes", diz o colunista Alex Solnik; "se o assunto fosse republicano deveria constar das agendas oficiais de ambos"

temer carmen lúcia
temer carmen lúcia (Foto: Alex Solnik)


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O presidente da República Michel Temer teve um encontro com a presidente do STF, Carmen Lúcia, fora de agenda, na casa dela, em pleno sábado.

   Um encontro clandestino, pode-se dizer, porque quando chefes de dois poderes realizam uma reunião ela deve ser oficial, constar da agenda, ter uma pauta e depois dela os convivas habitualmente falam à imprensa para explicar os assuntos tratados, pois ambos são empregados e devem satisfações à população.

   Não foi o que ocorreu. Flagrado por repórteres Temer afirmou, rapidamente, que o assunto do encontro foi segurança pública. Cármen Lúcia não se manifestou.

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   Há razões, porém, para questionar a explicação. Se o assunto fosse mesmo segurança pública não haveria motivo para a reunião não acontecer em seu gabinete presidencial, num dia útil e não num sábado.

   Ao contrário, Temer marcou a reunião por telefone, diretamente com Carmen Lúcia, fora de agenda, sem pauta determinada, sinalizando que desejava tratar de um assunto que preferia manter em sigilo, o que não se coaduna com o conceito republicano da transparência nas relações entre os poderes.   

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   É justo suspeitar que ele tenha ido reclamar da decisão da chefe da PGR, Raquel Dodge, que mandou investiga-lo num episódio ocorrido antes do atual mandato – o jantar dos 10 milhões da Odebrecht – e provavelmente pedido apoio à sua tese, mas jamais saberemos, com certeza, o que eles conversaram.

   Se o assunto fosse republicano deveria constar das agendas oficiais de ambos.    

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