O e$pírito da Copa
Desaparece aquele clima de antigamente, no qual tudo ficava na expectativa da organização da Copa e o desfile dos times
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Nunca antes na história desse País se viram tantos atos e gestos de rebeldia popular contra o Patrão FIFA, que, desavergonhadamente, levou vários bilhões de dólares da área social, infraestrutura e logística para a construção de arenas, algumas das quais em cidades nas quais nem clubes de futebol existem, e o dia seguinte será mais crítico ainda, com a fatura a ser apresentada, os gastos incorridos de empresas privadas e os parceiros, o tesouro nacional e o próprio BNDES.
Desaparece aquele clima de antigamente, no qual tudo ficava na expectativa da organização da Copa e o desfile dos times.
O que assistimos hoje é bastante diferente, há no ar um espetáculo financeiro, um ganho que está sempre na frente e por detrás de tudo, com marcas, patentes, emblemas e grande mercado de jogadores, técnicos, enfim um verdadeiro cinema enigmático e emblemático, cujos atores são a própria FIFA, capitaneada pela CBF e o governo brasileiro.
Não é sem razão que muitos indagados se ficariam nas cidades dos jogos, responderam que prefeririam estar fora da bagunça e da baderna, já que tudo pode acontecer, a par do aparato de segurança, em parceria de estados e União.
Transforma-se a luta pela vitória na batalha pelo mercantilismo globalizado de empresas internacionais, que preferem difundir suas marcas, de anunciantes, de patrocinadores, num quadro geral que tem de tudo menos o patriotismo e o sentimento de uma defesa intransigente do País.
Ao que se soma a nossa seleção, com pouquíssimos jogadores nacionais, a grande maioria do selecionado é estrangeira e, com ou sem a Copa, já estarão embarcados para viver os torneios de seus respectivos clubes.
Não é só de coisa negativa que se preconiza, há um saldo favorável, qual seja finalmente conseguimos sair da imobilidade, para construção de aeroportos de bom padrão, de malha rodoviária, de transporte com malha mais coerente.
No entanto, isso é muito aquém das expectativas, pois o trem bala ficou no papel, as ferrovias continuam somente para o transporte de cargas, e as empresas aéreas nacionais não competem com as estrangeiras, mas foram construídos diversos hotéis com o caixa do BNDES, e a expansão da rede de telefonia, banda larga, e um estágio embrionário do 4 G.
Teremos pela frente mais dois anos até os jogos olímpicos, no Rio de Janeiro, se fizermos agora a lição de casa, seguramente não ficaremos sendo criticados ou amargando as inconsequências da letargia, que se acoberta de um xerife geral para patrulhar obras e dar ordens em todos os momentos e levar relatório de andamento para cobrar inclusive modificação das empresas retardatárias.
Demais disso, o clima das ruas é pouco febril, para se dizer temperado, com a Copa do Mundo, vários problemas não permitem que o povo esteja antenado, o pipocar das greves é um sintoma generalizado.
As cifras são muito altas, porém para poucos que desfrutarão, certamente, de bons momentos para aumentar seus faturamentos, oxalá que não ocorra uma fratura social, é o que mais desejamos.
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