O Dia D
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A história é acontecer, um tipo particular de acontecer. Onde não há acontecer, não há história. Uma imaginada eternidade pura, sempre estável, desprovida de toda mudança, seria uma espécie de nirvana, um vazio absoluto. Mas, para se tornar história, os acontecimentos precisam estar relacionados entre si, formar uma sequência de fatos, numa espécie de fluxo mirando transformações. Assim, o momento presente apresenta-se como um permanente movimento, exigindo dos sujeitos o juízo acerca do conhecimento do seu espaço-tempo, ou seja, a capacidade de pensar, refletir e agir sobre o que está acontecendo e precisa mudar.
Ontem, 17, o Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, Newton de Menezes Albuquerque, professor da Universidade Federal do Ceará, presenteou-nos com um excelente artigo, intitulado “A face de Janus no PT do Ceará: superar o bloqueio fisiologista para construir o futuro”. Menezes adverte, por ser o principal partido dos trabalhadores no país, o PT não pode e nem deve ser tratado como peça descartável de uma política tradicional, estribada nos hábitos e procedimentos dos partidos oligárquico-burgueses.
É preciso tirar lições do passado, norteando a conduta do presente de acordo com o tamanho e dignidade históricos que inspiraram sua fundação enquanto partido de classe. Há, segundo o autor, uma necessidade imperiosa de um redimensionamento do PT em seu processo de construção, totalmente desequilibrado pelo excessivo peso atribuído à representação institucional em detrimento da participação da militância política nas esferas de decisão e junto aos movimentos sociais.
Menezes registra que principalmente no PT Ceará há setores dirigentes que buscam atalhos no sentido da construção partidária, apostando na impregnação burocrática de seu funcionamento, a gravitar em torno dos gabinetes parlamentares, de personalidades, o que traz o esvaziamento das instâncias internas, o enfraquecimento do debate estratégico, o desprezo aos aspectos intelectuais e culturais da formação do militante. A filiação de 12 prefeitos ao PT, ocorrida no dia 13, pela Direção do PT Ceará, é mais uma peça dessa atuação desastrosa, verdadeira desmoralização, amplamente noticiada pelos jornais e não refutada pelos dirigentes partidários: tudo feito segundo a autorização da oligarquia Ferreira Gomes.
O método oportunista de (des)construção partidária via recrutamento de políticos tradicionais aprofunda a lógica despolitizadora presente no PT Ceará, submetendo a militância petista em massa passiva de manobra dos caprichos dos dirigentes. No Ceará vive-se um drama existencial que constrange, aniquila e desmoraliza o PT.
Correndo na direção oposta às constatações acima, no próximo dia 29, haverá o primeiro debate formal em torno da Candidatura Própria do PT ao governo do estado, por meio da reunião do Diretório Estadual, pauta conquistada pela articulação desenvolvida ao longo do segundo semestre de 2021 pelo Movimento PT Lá e Cá, ao entregar Documento ao presidente estadual Antônio Alves Filho, Conin, em reunião no dia 13 de dezembro, como resultado da resolução definida em maciça Assembleia Plenária realizada no dia 13 de outubro na sede estadual do PT Ceará, com a presença de diversos grupamentos petistas.
No Documento, os integrantes do Movimento PT Lá e Cá afirmam que “é preciso garantir, pelas instâncias representativas do PT, a continuidade de sua estrutura democrática partidária, apoiada em decisões coletivas, com programas e compromissos políticos sendo decididos em nossas bases. Não se podem permitir atitudes ambíguas, nem autoritárias. A candidatura própria do PT ao governo do estado é decisiva para que a eleição de Lula seja vitoriosa no Ceará, por meio de um palanque leal e forte a todas as candidaturas do PT cearense”. Dia 29, portanto, será o Dia D. Todos os olhos e ouvidos voltados para a reunião do Diretório Estadual.
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