O Deus de Bolsonaro

O problema não é a religião evangélica, que possui grupos de evangélicos pró-democracia, mas sim as pessoas as quais dobram a palavra de Jesus para seu proveito próprio e estão em todas as religiões, não sendo um privilégios pentecostal, mas que nesse momento, os dirigentes chamam a atenção por bravatas, ódio e atentados contra a vida



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Precisamos falar sobre qual é o Deus de Bolsonaro. O meu Deus, todo amor, não pode ser o mesmo que acredita o presidente. Aquele que tem o maior torturador do Brasil como ídolo, que exclui todas as minorias, quer armar a população, ri da pandemia e os mortos sem remorsos e quer liberar os cultos das igrejas pentecostais bem no pico da doença, não pode ser o mesmo que o meu. Malafaia disse em seu culto lotado de pessoas aglomeradas: “Satanás quer impedir que as igrejas abram.” Por acaso Deus está vinculado as igrejas pentecostais? Foucault falava que existem dois seres no mundo. Os seres viventes e os dispositivos. Tudo passa por regras. Até a religião. Ele separava em religião natural, aquele em que existe a relação direta entre o crente e Deus e a religião natural, que é o conjunto de regras, normas, condutas e etc. Ele trabalhou conceitos como parresia, “poder pastoral”, “prática de direção de consciência”, “confissão como verdade de si”, “exame de consciência”, mostrando assim que o homem europeu é um produto do cristianismo.

Colocar o Supremo para decidir se a COVID tem ou direito de matar nos templos e cultos, depois da decisão monocrática de Nunes Marques, com Bolsonaro na coxia fazendo seus artífices para colocar todo mundo nas ruas por causa da economia é o fim da picada. Privilegiando apenas o mercado e ignorando mais de quatro mil mortes diárias sem nenhuma solução a curto, médio e longo prazo. Como lembrou Reinaldo Azevedo, a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, 3, 17-18 diz: “o templo de Deus é o corpo do homem.” E ainda tem: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.” Distorcer os ensinamentos milenares para que não percam os dízimos, é uma questão de mercado, de regras da igreja de Bolsonaro. Práticas de condução de consciência entre os evangélicos são dispositivos de poder que dão suporte à dominação entre os fiéis.

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A maior paróquia católica do Brasil, o Cardeal Dom Odilo Scherer, mantém a proibição dos cultos presenciais e diz que a vida não depende de decisão judicial, enquanto pastores evangélicos, através da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure), quer uma decisão final a favor da abertura incondicional das igrejas. Isso por que, atualmente, existem frequentes aproximações com partidos políticos que apoiam agendas conservadoras no campo da moral e neoliberal no campo econômico. E com os evangélicos se tornando uma massa maior que a de católicos, o poder de barganha se tornou a moeda política. Não querendo falar que os católicos são a banda boa da religião, mas que especificamente fechar as igrejas é correto. 

Minha religião não me ensina a ser melhor que os outros. Ela me ensina a ser melhor para os outros. Desde os primeiros bispos apostólicos, no primeiro século, a exemplo de Policarpo de Esmirna, quando tinha que lutar contra os gnósticos Vitorino e Marcião, nos ensinaram o valor e da prática do amor ao próximo. De fato, o problema não é a religião evangélica, que possui grupos de evangélicos pró-democracia, mas sim as pessoas as quais dobram a palavra de Jesus para seu proveito próprio e estão em todas as religiões, não sendo um privilégios pentecostal, mas que nesse momento, os dirigentes chamam a atenção por bravatas, ódio e atentados contra a vida. Emmanuel falou sobre o Cristo renovador, lembrando João, 10:7: “Eu sou a porta.” Dizendo que simbolicamente, o mundo está repleto de portas enganadoras. Dão entrada sem oferecerem saída. 

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Por isso, posso afirmar que o Deus que eu acredito não é o mesmo Deus que Bolsonaro acredita. Se ele falasse que acredita em Seth, Deus do caos e da escuridão, eu acreditaria mais.

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