O despertar do sono profundo
Os artistas nunca tiveram dúvidas do poder destrutivo da Globo contra a cultura. Se ela consegue fundar uma midiocracia, adeus diversidade, criatividade, fruição. O Brasil vira um ridículo e insosso Big Brother
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foi lindo ontem.
as ruas se encheram de alegria, de arte, de criatividade, de brasilidade; de povo.
teve flores, batuques, danças, sorrisos, abraços.
foi um dia memorável.
um dia de trégua aos dias de trevas que tivemos outrora.
tão colorido, tão caloroso, tão diverso e tão uno.
tinha punx, drags, dreads, drunx.
feministas femininas, manos, monas e minas.
estudantes, professores, trabalhadores e desempregados.
pret@s, pard@s, branc@s e índi@s.
mulheres do grelo duro e homens desmachificados.
babás, bebês e bebuns.
teve DJs, rappers, poetas, cantor@s, palhaços, funâmbulos e cuspidores de fogo...
teve de tudo.
teve até a Letícia Sabatella.
lembra dela?
aquela que em 2007 produziu uma imagem cândida ao lado de Dom Cappio, o bispo que fez greve de fome contra a transposição do São Francisco.
aquela que ilustrou o bisonho filme contra Belo Monte, cheio de atores e atrizes despolitizados falando platitudes pseudoecológicas.
até ela se ligou que que há que se temer Temer. que num governo PMDB/PSDB ela e Cappio seriam espancados pela polícia.
essa gente bate em padres!
Sabatella é um símbolo desse discurso que, ontem, amalgamou tanta gente que estava dispersa por aí.
golpistas não passarão.
não era em favor da Dilma e nem do governo que o povo estava na rua.
era contra um possível desgoverno.
o que nos imantou foi a possibilidade de perda de tantas conquistas que o povo conseguiu desde que Lula chegou ao poder.
o que uniu as pessoas na rua, ontem, foi a certeza de que o golpe daria mais poderes a Bolsonaros e Felicianos.
feministas, LGBTs e negros sabiam que com eles seria muito pior.
trabalhadores e desempregados tinham certeza de que com o poder nas mãos da turma do Cunha e do aécio - grafemos em minúsculas - o arrocho era iminente.
a periferia sacou que se o pessoal que pede intervenção militar chegar ao poder, vai ser porrada no lombo o dia todo, não tem mais praia, nem baile funk.
é sim senhor, não senhor e tome pau.
estudantes hoje sabem, mais do que nunca, do que o PSDB é capaz. espancam professores e estudantes indiscriminadamente.
os artistas nunca tiveram dúvidas do poder destrutivo da Globo contra a cultura; se ela consegue fundar uma midiocracia, adeus diversidade, criatividade, fruição.
o Brasil vira um ridículo e insosso Big Brother.
ontem foi o fim da narcolepsia.
despertamos para o fato de que temos, sim, pautas em comum.
que formamos, sim, uma coletividade fraterna, progressista, solidária e tolerante.
e que a rua é nóis, que a rua é noise.
que ser pacifista não é o mesmo que ser passivista.
que o nosso silêncio conivente dava voz aos golpistas.
e o melhor.
Dilma e o PT também despertaram do sono profundo.
agora sabem que para garantir essa base social é preciso dar uma guinada muito mais acentuada à esquerda.
é chegada a hora de dar um cavalo de pau no transatlântico.
e fazer como o Leão da Montanha: saída pela esquerda.
o povo percebeu que a direita só quer nos tirar direitos.
querem dois brasis; mas um só servirá para servir ao outro.
a direita quer a volta dos deficientes cívicos: os sem-emprego, sem acesso à água, luz, escola, ensino superior e consumo.
a direita quer o golpe para colocar troncos nas ruas e reerguer as senzalas.
não amigos. eles não passarão.
nós, passarinhos.
palavra da salvação.
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