O desemprego e o silêncio da mídia mais cínica do planeta

Em relação ao desemprego, uma ligeira melhora recente nos números do Cagede (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), do Ministério do Trabalho, bastou para desencadear uma onda de euforia oportunista na mídia, que chegou a estampar que a crise na geração de empregos estava com os dias contados

Na foto fila do desemprego -  carteira de trabalho.
29/10/2013
Foto: Divulgaçao
Na foto fila do desemprego - carteira de trabalho. 29/10/2013 Foto: Divulgaçao (Foto: Bepe Damasco)


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Nenhum veículo de comunicação tem a obrigação de adotar linhas editoriais progressistas e sintonizadas com causas caras à esquerda. Aliás, meios de comunicação de massa com essas características são francamente minoritários ao redor do mundo.

Todavia, como diz um dos nossos maiores jornalistas, o bravo Mino Carta, o compromisso com a "verdade factual", premissa básica do jornalismo, devia ser ponto de honra de qualquer empresa de comunicação, de todo jornalista preocupado em levar informação de qualidade para a sociedade.

Na mídia monopolizada brasileira, isso está a anos luz de acontecer. Mais do que ostentar o nada nobre do título de campeã em manipulações, mentiras e assassinato de reputações, a grande imprensa atua como verdadeiro partido de direita, disputando a agenda política do país, perseguindo e caçando adversários, protegendo corruptos aliados, servindo cegamente aos interesses do mercado e sabotando os interesses populares e nacionais.

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Tudo isso temperado com porções generosas de cinismo e canalhice. Aqui seria necessário um número infinito de artigos para descrever flagrantes de desfaçatez por parte dos sabujos dos barões da mídia. Vamos ficar apenas, então, com a economia brasileira. Todos os fundamentos revelam uma economia arruinada pelos golpistas. A dupla Temer-Meireles prometeu o paraíso com o afastamento do PT do governo, mas entregou as labaredas do inferno.

Com taxas de recessão e desemprego recordes, era natural que as pessoas consumissem menos e as empresas travassem seus investimentos. Diante dessa "paz dos cemitérios", ocorreu a mais do que previsível desaceleração dos índices inflacionários. Só que pelo pior motivo possível: a falta dinheiro no bolso, o que impacta negativamente na qualidade de vida.

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Mas não é que Globo, Folha, Veja, Estadão e Band passaram a trombetear uma recuperação da economia que só eles são capazes de ver? Esse tipo de manipulação grosseira, porém, tem efeito bumerangue. O cidadão ouve ou lê aquelas notícias e logo questiona: "Mas melhorou para quem? A minha vida, da minha família e dos meus amigos só piora."

Em relação ao desemprego, uma ligeira melhora recente nos números do Cagede (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), do Ministério do Trabalho, bastou para desencadear uma onda de euforia oportunista na mídia, que chegou a estampar que a crise na geração de empregos estava com os dias contados.

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Aí vem a ducha de água gelada, em pleno outono, na forma de mais uma pesquisa do IBGE, segundo a qual o desemprego não para de crescer. Nada menos que 13% da população economicamente ativa brasileira estão sem trabalho. Ou seja, 14 milhões de brasileiros e brasileiras não têm acesso ao mais elementar dos direitos sociais, que é o direito ao trabalho.

Mas o esperado silêncio dos comentaristas econômicos dos jornais ante a desmoralização de suas análises e projeções acaba sendo estridente. Afinal, autocrítica e reconhecimento de erros e avaliações é coisa de profissionais e empresas sérias.

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