O deplorável espetáculo dos empresários cariocas que aplaudiram de pé os ataques de Bolsonaro ao STF
O colunista Ricardo Bruno afirma que empresários "deveriam se comportar com maior responsabilidade e menos sabujice"
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De Jair Bolsonaro não houve surpresa; comportou-se estritamente nos limites do figurino tosco e insensato que emoldura sua passagem pela Presidência da República. Não fugiu ao script; não inovou, tampouco foi criativo na opugnação pública contra as instituições.
O que desaponta é o comportamento dos empresários presentes no almoço oferecido pela Associação Comercial do Rio ao presidente. Mais do que educados, foram demasiadamente complacentes diante de ataques rudes ao Supremo Tribunal Federal e aos seus ministros. Aplaudiram de pé um deplorável festival de assaques contra a integridade moral dos integrantes da Corte.
Um dos momentos em que foi mais ovacionado ocorreu quando disse que poderia descumprir decisões da mais alta Corte do país. Referia-se ao julgamento do marco temporal das terras indígenas, que sequer está na pauta do STF.
“[Vou] Entregar as chaves para o Fux ou falar ‘não vou cumprir’”, afirmou, sob aplausos de uma plateia que deveria demonstrar minimamente responsabilidade e equilíbrio diante do despautério firmado na possibilidade de o Presidente da República descumprir uma deliberação do Supremo Tribunal Federal.
Pressuposto do regime democrático, o voto é livre. Votar em Bolsonaro, portanto, é decisão legítima no processo eleitoral. O que assusta e decepciona é ver parte da elite nacional convalidar a posição degradante assumida pelo principal mandatário do país, em suas investidas contra instituições da República.
Bolsonaro cumpre o seu papel; está em campanha para a reeleição, e , como sabemos, faz do discurso agressivo e politicamente incorreto peça da narrativa central com que se apresenta aos eleitores. Já não convincente como 2018, tenta mais uma vez mostrar-se antissistema.
Os empresários, não. Deveriam se comportar com maior responsabilidade e menos sabujice. Pelos menos nos momentos em que o presidente atropelou a razão para dar vezo a recalcitrante tentativa de achincalhar as instituições garantidoras do estado democrático de direito.
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