O czar dos vira-latas e seu rasputin de botequim
"O Czar dos Vira-Latas não poderia ser autêntico sem seu próprio Rasputin. Ideólogo de botequim em final de expediente, um astrólogo ébrio é a voz e o guia de Bolsonaro: Olavo de Carvalho", diz o colunista Carlos D'Incao; "Seu Rasputin de Botequim quer apenas escrachar aquilo que já é paródia: ofender generais e indicar boçais para cargos de alto escalão"
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Fruto da inteligência coletiva de toda uma nação, um tenente reformado capitão, se tornou presidente da República. Atingiu tal feito não antes de provar sua absoluta nulidade política para quem quisesse ver, por mais de duas décadas como parlamentar. Ato raro, ou inédito, um país inteiro jogou contra o seu próprio desenvolvimento, seja enquanto sociedade, seja como força produtiva.
O período anterior, marcado por governos de centro-esquerda, foi de significativo crescimento em rara conciliação de interesses. Passou a viver melhor desde o operário mais desqualificado ao banqueiro mais desavergonhado.
Porém, a missiva “não só de pão vive o homem” parece ter saltado das escrituras e tomado a forma e sentido em um ignóbil messias e sua camarilha de bandidos dispostos a saquear o erário público e promover uma verdadeira política de terra-arrasada em todos os cantos do país.
Em menos de cem dias de governo o povo começou a sair da embriaguês e acordou com uma nação em ressaca. Como Alice no País das Maravilhas, os brasileiros se vêem caindo em um poço que parece sem fundo e que o destino é o mundo do absurdo. Outra parte (que não se embriagou) se demora - ou até mesmo se recusa - a abraçar a maioria equivocada para lutar contra o inimigo comum. E assim caminha esse estranho país chamado Brasil...
Dissertar sobre algo inusitado não significa, porém, não conseguir compreender. As análises lançadas até o momento, sejam por oportunismo ou auto-flagelo, tentam colocar a culpa da eleição de Bolsonaro no PT e em seus governos anteriores. Verdade geograficamente constatada, os Estados onde a esquerda governou votaram em Haddad, enquanto os Estados reacionários - que cultivam por décadas um povo inculto e alienado, votaram no Messias...
As forças econômicas e sociais não atuam ao sabor das oportunidades do discurso fácil e muito menos ao sabor dos oportunistas. Atuam como placas tectônicas que estremecem a superfície e, pelo bem ou pelo mal, parece causar uma verdadeira reviravolta no mundo habitável.
E o que nos dizem essas forças? O Brasil tentou superar uma “lei de ferro” do atual sistema capitalista: a divisão internacional do trabalho. O contínuo crescimento do país, de seu sistema bancário, de suas empreiteiras e de seu complexo agro-industrial começou a entrar em contradição com os interesses do seleto grupo de nações centrais.
O destino do Brasil seria se tornar uma potência econômica que negociaria com os países periféricos da África e da própria América Latina em termos muito mais favoráveis do que a China, os EUA e a Europa.
O Brasil “traía” assim, todos os anos, o seu antigo papel de “quintal dos países imperialistas”. Em 2015 as nações centrais decidiram por fim a essa “traição” e recolocar no seu devido lugar “esse país gigante” de modo que permanecesse eternamente adormecido.
Nessa empreitada, o grande protagonista só poderia ser os EUA. O seu Departamento de Estado forjou mercenários do poder judiciário brasileiro e iniciou-se a partir daí um golpe contra a economia nacional, encabeçada pelo juiz Sérgio Moro e seus promotores jihadistas. Estava em curso a Operação Lava-Jato.
A meta de se acabar com a corrupção colocou rapidamente o povo a favor de tal Operação (como seria semelhante em qualquer outro país). E em nome do combate a um Estado e seus políticos e empresários corruptos se instalou um verdadeiro Estado de exceção. No fim, a operação paralisou a economia brasileira, destruiu suas principais empresas e colocou de joelhos suas mais significativas áreas econômicas.
Mas isso ainda não era suficiente. Para acabar com a economia brasileira em definitivo era necessário ainda dois atos: a prisão daquele que poderia reverter a destruição das forças produtivas da nação (Lula) e a eleição de um entreguista.
Não restam dúvidas de que o êxito da Operação Lava-Jato foi uma pequena obra-prima. Lula foi condenado à prisão sem nenhuma prova e, com o apoio de uma elite alienada que não compreendia que estava cavando a sua própria sepultura, elegeu-se não qualquer entreguista, mas o Czar do Entreguismo: Jair Bolsonaro.
E tão logo o abjeto personagem tomou posse, se apressou a lamber as mãos de seus verdadeiros senhores do Norte. Nunca na História do Brasil um chefe de Estado foi tão deliberadamente submisso aos Estados Unidos como Bolsonaro. De Czar do Entreguismo, se tornou rapidamente no Czar dos Vira-Latas...
A sua submissão era diretamente proporcional ao aumento da Bolsa de Valores. O capital financeiro abutre se instalou no coração da Bovespa a espera da liquidação de nossas riquezas públicas, incluindo cidades e Estados inteiros. Nas cabeças bovinas dos investidores não passa a mínima suspeita de que a falência do país é a falência de suas próprias fortunas.
Tal como Midas, que ganhou a dádiva de Bacos para tornar ouro tudo o que tocasse, os investidores se deleitam com a ideia de fazer fortunas com a miséria da economia nacional.
E... Tal como Midas, estarão todos destinados a morrerem de fome e sede quando perceberem que a água que bebem e o alimento que comem também se transformam em ouro, ou seja, um mundo apenas de ouro é um mundo sem valor...
Por fim, o Czar dos Vira-Latas não poderia ser autêntico sem seu próprio Rasputin. Ideólogo de botequim em final de expediente, um astrólogo ébrio é a voz e o guia de Bolsonaro: Olavo de Carvalho.
Seu Rasputin de Botequim quer apenas escrachar aquilo que já é paródia: ofender generais e indicar boçais para cargos de alto escalão são suas principais qualidades, o que deixaria Nicolau II como um personagem de inquestionável lucidez.
A corte está formada: o Czar dos Vira-Latas, seu Rasputin de Botequim, seus filhos milicianos e um parlamento formado por semi-analfabetos. Forma-se aqui a tempestade perfeita.
Caberá, em muito breve espaço de tempo, saber quem sobreviverá a essa tempestade. Ela será capaz de arrancar tudo, desde o Czar e seu Rasputin como as grades daquele que possui as condições de salvaguardar a nação: Luis Inácio Lula da Silva.
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