O Cristianismo do mal
O perigo mora na intromissão crescente e no projeto de poder dessas igrejas, em razão de sua pauta extremamente conservadora para a sociedade dos nossos dias; particularmente ante o direito das minorias sociais
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A expressão foi dita pelo ministro do STF, Luís Roberto Barroso. Talvez não seja a pessoa mais autorizada para falar sobre esses assuntos religiosos, pouco civis ou profanos. É da sua jurisdição a defesa da Constituição Republicana de 1988. Se vivêssemos um Estado Teocrático, tudo bem.
Mas ocorre que a laicidade do Estado Republicano brasileiro anda ameaçada pela intromissão solerte e indevida de algumas igrejas na vida civil dos cidadãos e cidadãs. Sob este aspecto, a declaração de Barroso faz certo sentido. Há vários cristãos e cristianismos. Desde os essênios (os cristãos primitivos), essa religião passou por muitas transformações e mudanças.
Sem falar na entronização de Constantino do Cristianismo como religião oficial do Império Romano e a divisão da Igreja Católica entre Bizâncio e Roma, muitos cismas e divisões tomaram conta das igrejas cristãs, criando uma enorme diversidade de sub-cristianismos, de pequenas igrejas, igrejas familiares, de vizinhos, etc. Para as quais contribuiu muito o movimento pentecostal e neopentecostal no estilo escatológico norte-americano.
É preciso dizer que essas pequenas e médias igrejas derivativas fizeram hoje enorme diferença na vida da cristandade de países como o nosso; sobretudo depois da crise da teologia da libertação e da atuação da Igreja católica nas chamadas "comunidades eclesiais de base" situadas nas periferias das grandes cidades.
No vazio deixado por essas comunidades eclesiais de leigos, os cristãos pentecostais e neopentecostais se fizeram, produzindo um cristianismo de mercado, de um discurso teológico da prosperidade, inspirado no "American way life", na base do " tu ganhas, quanto tu dares". Como diz a propaganda comercial da Igreja Universal, dos irmãos prósperos e sorridentes. Ou o adesivo nos carrões: "presente de Deus".
Até aí tudo bem. O perigo mora na intromissão crescente e no projeto de poder dessas igrejas, em razão de sua pauta extremamente conservadora para a sociedade dos nossos dias; particularmente ante o direito das minorias sociais (sexistas, afrodescendentes, homoeróticas).
Questões cruciais ligadas à politicas públicas como aborto, inseminação artificial , pesquisas com células-tronco, vacinas, direitos reprodutivos, saúde da mulher, etc. Podem estar em perigo se essa intromissão influenciar a gestão pública e a educação pública, as decisões dos tribunais, a polícia, os hospitais públicos etc.
O fundamentalismo religioso, o preconceito e a ignorância se tomarem conta do governo e dos parlamentos, vamos implantar no Brasil uma modalidade de guerra "santa" contra a modernidade e suas conquistas sociais, culturais, políticas, éticas, estéticas e assim por diante.
Outra coisa: essa remissão ao judaísmo, como irmão mais velho do Cristianismo é um reforço profundamente conservador. Há dois tipos de judaísmo, um cosmopolita, ilustrado e progressista. Outro, atrasado, sionista, belicoso, guerreiro.
Viva o cristianismo de Joanildo Burity , Marcos André de Barros, Hely Ferreira, João Ferreira e tantos outros irmãos de boa vontade, companheiros de luta por uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais solidária e tolerante.
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