O coxismo paneleiro ou o panelaço dos sem fome

O coxismo histérico, desembestado e o panelaço dos sem fome, ocorridos na noite de domingo é um prévia das manifestações que ora acontecerão, no dia 15 de março

Manifestantes bateram panela durante discurso de Dilma Rousseff
Manifestantes bateram panela durante discurso de Dilma Rousseff (Foto: Davis Sena Filho)


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"Será que essas panelas batem por que não há carros de luxo para pronta entrega nas concessionárias, já que a oferta está muito menor do que a demanda? Será que batem por que as filas de espera em restaurantes de luxo continuam grandes? Ou será que batem por que as viagens a Miami e os gastos de brasileiros no exterior continuam crescendo? Só tenho certeza que elas não batem pelos milhões de brasileiros que nos últimos anos, durante os governos Lula e Dilma, deixaram a linha da pobreza. Ou pelos outros milhões que chegaram à classe média". (Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo)

O Mau Dia Brasil, um dos jornais panfletários da Rede Globo e a serviço do campo político conservador, locupletou-se, hoje, com informações propositalmente editadas sobre o caso de corrupção na Petrobras, que está a ser severamente combatida pelo Ministério da Justiça, do Governo Dilma Rousseff, a ter como subordinada à Pasta a Polícia Federal, que nunca em sua história esteve tão livre para atuar e concretizar suas ações de investigações e prisões de corruptos e corruptores.

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Até então, os governantes anteriores, como, por exemplo, os do PSDB, nunca investigaram nada e não prenderam ninguém. Pelo contrário, o Governo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — contava com a atuação desastrosa para o País do procurador-geral, Geraldo Brindeiro, autoridade conhecida também como engavetador-geral da República, que ficou célebre em não permitir que denúncias e processos fossem à frente e chegassem às barras dos tribunais.

Agora, o Brasil está a se deparar com os protestos de eleitores conservadores e pessoas não afeitas à democracia, e, portanto, contra a inclusão social e a distribuição de riqueza e renda. Afinal, se tem uma coisa que coxinha udenista de classe média não admite é seu indisfarçável elitismo, seus preconceitos que remontam os seus mais longínquos antepassados, que são demonstrados, na maior "cara dura", por intermédio das redes sociais, em seus lares e trabalhos, além de repercutirem ódios e intolerâncias nos bares espalhados por este País.

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Os jornais televisivos, as rádios, as publicações e a internet replicam o pensamento da direita e não abrem espaços aos seus adversários para que eles possam falar de seus propósitos como governo e ao menos se defender de acusações, muitas delas levianas, seletivas e manipuladas, pois o objetivo é hegemonizar o pensamento conservador e fazer com que grande parte da população brasileira tenha acesso a um jornalismo monocórdio, no qual apenas um lado fala, acusa, denuncia e inapelavelmente massacra seus adversários, sem dar oportunidade ao contraditório e àqueles que são acusados, mas não podem se defender na mesma dimensão dos aliados políticos dos magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas e cartelizadas.

O Brasil está a vivenciar o coxismo paneleiro ou o panelaço dos sem fome. É inacreditável, pois, com efeito, surreal a manipulação midiática sobre tal "protesto" quando indivíduos das classes média, média alta e ricas resolveram bater em panelas, como se esse ato de conotação demagógica tivesse a autenticidade daqueles que realmente passam fome ou que foram reprimidos pelas ditaduras militares, que vicejaram durante décadas na América do Sul.

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Ao tempo que batiam nas panelas, tais coxinhas de barrigas cheias e de modos raivosamente lacerdistas começaram a desligar e ligar as luzes de suas casas e de seus apartamentos confortáveis, localizados nos melhores bairros de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. De acordo com o Mau Dia Brasil, os protestos têm como motivo principal o pronunciamento de Dilma Rousseff na televisão, quando a mandatária trabalhista falou à Nação para explicar as últimas decisões do Ministério da Fazenda, bem como sobre a corrupção na Petrobras, que começou no fim dos anos 1980 e praticada por funcionários de carreira, concursados, que, com o tempo, conquistaram postos de poder e mando, para, no fim, envolverem-se em corrupções, que hoje estão à mostra para todo o Brasil, de forma transparente e livre de tergiversações.

O coxismo histérico, desembestado e o panelaço dos sem fome, ocorridos na noite de domingo é um prévia das manifestações que ora acontecerão, no dia 15 de março. Pelo o que eu vi, essas encenações podem até chamar a atenção, porque a imprensa meramente de mercado e que deseja há mais de um século pautar os governantes e a sociedade brasileira vai repercuti-las a exaustão. É assim que a banda toca nesses pagos ou plagas. Não há como ser diferente, porque por meio do voto a direita brasileira está a perder a quatro eleições.

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Entretanto, é salutar que as instituições democráticas exijam que o estado de direito seja respeitado, para que não haja no futuro confrontos entre os partidários da direita deste País contra os militantes das esquerdas brasileiras e dos movimentos sociais ligados a elas. Uma tentativa de golpe de estado não seria sensata e muito menos possível de acontecer, porque não vivemos mais em um Brasil ainda quase agrário, desinformado e com uma população com muitos analfabetos, como acontecia em 1964.

Reconheço que a direita não desiste nunca para ter seus privilégios e benefícios jamais diminuídos, porque deixar de tê-los é quase impossível em um País como o Brasil, onde viceja um capitalismo selvagem, patrono de uma das mais perversas e mórbidas concentrações de renda do mundo. O que nós, da esquerda, queremos é distribuição de renda e riqueza, combate à pobreza, inserção social plena à população, além de um Estado nacional forte e que facilite o acesso à saúde, à educação, ao emprego e à moradia de boa qualidade. O restante vai se conseguir aos poucos, mas sistematicamente. O que a esquerda e o Governo do PT querem é o Brasil independente e o povo emancipado. Ponto.

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Esses pontos centrais são o que a direita quer evitar que se concretizem. Os reacionários de classe média, os ricos e seus partidos conservadores aliados da imprensa de negócios privados sabem disso. Porém, por sabê-lo, dissimulam, manipulam e mentem sobre as realidades ora apresentadas nesse contexto de crise na Petrobras, que se transformou em uma novela de estilo mexicana nos telejornais, que dia a dia massacram seus adversários, porque são matrizes do ódio político e da intolerância racial e de classe social.

Se alguém duvida, que se dê o trabalho de ler os comentários de coxinhas udenistas sedentos de sangue, que odeiam a igualdade entre as classes e que se mostram, indisfarçadamente, rancorosos e intolerantes com a ascensão social de parcela da população, que sempre serviu a essa gente como trabalhador braçal e mão de obra barata. Para um coxinha, ver negros, nordestinos e pobres a frequentar os shoppings, as universidades públicas, os aeroportos, os restaurantes, os cinemas e os bairros onde moram como consumidores é o fim da picada. Para os coxinhas udenistas de almas lacerdistas é preferível morrer.

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Por isso, essa gente se sente traída pelo Governo Trabalhista e popular, que também a beneficiou e facilitou seu acesso aos bens de consumo tão afeitos ao coxismo paneleiro amante de Miami e Nova York. A quem interessou o panelaço dos sem fome? Respondo: ao PSDB e ao DEM, aos magnatas bilionários de imprensa, ao empresariado rural e urbano direitista e fundamentalista, que age por intermédio de suas federações e confederações, à parte da classe média ideologicamente conservadora e vingativa, pois inconformada, deveras, em dividir "seus" espaços com os mais pobres.

A verdade é a seguinte: o protesto de classe média não teve o alcance desejado pela oposição demotucana. De forma alguma. Tanto o é verdade que o hashtag#DilmadaMulher, que teve a intenção de apoiar a mandatária deste País foi uma das mais usadas pelos internautas, ao ponto de entrar para o trending topics do Twitter. Este fato ocorreu no decorrer do pronunciamento da presidenta Dilma Roussef. A resumir: os coxinhas não representam a maioria do povo brasileiro, que deu à Dilma mais de 54 milhões de votos. O panelaço e o coxismo aconteceram somente em bairros nobres de algumas capitais. Protestar pode; dar golpe, não. É isso aí.

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