O coronel e o lobisomem
A jornalista Hildegard Angel destaca os posicionamentos do coronel da reserva Marcelo Pimentel no sentido de denunciar planos dos militares do atual governo
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Por Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia
@marcelopjs, perfil do Twitter, é um Coronel da reserva do Exército Brasileiro, cumprindo a patriótica missão de denunciar a existência de um Lobisomem: o projeto dos militares de captura do poder, não através das armas, mas de escaramuças políticas – e já capturaram.
Esse projeto é o “Partido Militar”, idealizador e principal responsável pela entronização de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, em 2019. Um plano tão bem engendrado, que sequer o “quartel general” da campanha, em casa do empresário Paulo Marinho, em 2018, sabia dele. Assim como não sabia do ativo gabinete das fake “News”, para multiplicar eleitores através do medo, capitaneado pelos irmãos Eduardo e Carlos Bolsonaro, sob a inspiração do notório Steve Bannon.
Entrincheirados no silêncio, os militares teriam orientado, treinado, dado corda em Bolsonaro, como a um boneco de plástico, e o manipulado, como a um boneco de luva, mais conhecido como fantoche, continuando a puxar os cordões da marionete Presidente do Brasil.
Quando Bolsonaro afronta a mídia, o STF e demais instituições brasileiras não o faz, pois, de sua cabeça pensada, onde pensamentos não residem. Ele o faz de cabeça mandada e obediente, batendo continência, seguindo orientações, cujo claro objetivo é perturbar a ordem, desmoralizar os poderes, gerar ambiente de desassossego institucional propício a uma “providencial” intervenção das Forças Armadas, atendendo ao “clamor” da mídia e das massas.
Lendo o revelado plano militar para manter as rédeas do poder até 2035 é possível identificar ações já em curso. Uma delas, o combate à Cultura, identificada como agente necrosador dos valores da sociedade “de bem”. Em andamento, o objetivo de alcançar o poder pelas eleições, mesmo que para isso se infrinja o Artigo 28 do Código da Ética Militar, cujo item XVII impõe a cada um dos integrantes das Forças Armadas “abster-se de fazer uso do posto ou da graduação em atividades político-partidárias”. Contudo, candidatos ao parlamento se intitulam capitão-sei-lá-o-quê, general não-sei-das-quantas, cabos, soldados, coronéis, sargentos nadando na mesma onda, que se pretende um arrasador tsunami.
O boneco de ventríloquo talvez cultive a ilusão de ser mantido no papel de “laranja” dos verde-oliva, após haver (“a pedidos”) uma suposta intervenção das FA. Porém, seu magistral desempenho no papel de Pateta, uma vocação natural, o levará ao descarte, sem grandes cerimônias, choro nem vela. Daí a inquietude, o desespero, o acesso de raiva desta semana, cronometrado em 30 minutos pelas “fontes” da grande imprensa.
O lamentável é que, por trás do projeto de poder fardado, estariam não as necessidades brasileiras, mas vantagens financeiras pessoais, conforme se depreende acompanhando o perfil do militar @marcelopjs no Twitter.
Abaixo, sequência de 24 tuítes de Marcelo Pimentel a propósito de notícia de Ancelmo. Com sobre o livro “Sem máscara”, do jornalista Guilherme Amado.
“1
Livro mente, desinforma e mitifica.
O jornalista q o escreveu parece ser um dos auxiliares do Partido Militar na NARRATIVA DOMINANTE que lhes convém.
Vou mostrar.
2
Antes de tudo, o general (AMAN 76) é amigo de Bolsonaro desde AMAN (o capitão é de 77), serviram juntos na Brigada Paraquedista e conviveram no Congresso quando o general foi assessor parlamentar do EB.
3
Seu 1° cargo de general (promovido em 2007) foi de Comandante da Brigada Paraquedista (a do “Brasil acima de tudo”).
Enfiou o colega no “palanque” real e virtual da brigada em solenidades e eventos, começando o processo de sua conversão de ESTORVO em MITO dentro do EB.
4
Integrante do Alto Comando do Exército de 2014 a 2018 idealizou e incentivou candidatura presidencial do colega Bolsonaro e contribuiu p/criar poderosos mecanismos de associação da candidatura à imagem das Forças Armadas, Exército em particular:
5
- Comandante Militar do Leste (CML) entre 2015 e 2016, enfiou o colega deputado na AMAN - subordinada ao CML - para fazer política eleitoral.
Foi lá, diante de cadetes, q o deputado lançou a candidatura presidencial…
6
…do Partido Militar, tendo a si mesmo como cabeça de chapa. Isto é uma aberração muito grande para a sociedade desprezar…até hoje. Ali está o marco visível disso q temos hoje.
Ali estão as digitais do general mencionado; e youtu.be/MW8ME9S87SI
7
- Chefe do Estado-Maior do Exército de 2016 a 2018, sucedendo o gen Etchegoyen, q abandonou o posto para integrar a vanguarda do Partido Militar no governo Temer, foi um dos IDEALIZADORES e REALIZADORES: da militarização do Ministério da Defesa (tanto c/o fantoche Jungmann…
8
…quanto com o colega Silva e Luna); da intervenção militar no Rio de Janeiro em 2018 (sob controle de seu sucessor no CML - Braga Netto) q colou a imagem do EB na chapa militar já integrada por seu colega Mourão (AMAN 75); dos tweets do Villas Bôas em abril de 2018; e
9
…do monitoramento do STF, exercendo o INÉDITO cargo de assessor do Presidente da corte, o “fraco” Dias Toffoli, durante toda a campanha eleitoral, algo q poderia repetir em 2022, já q fora convidado (depois de 3 meses recusou) p/ser “simplesmente” o diretor-geral do TSE.
10
Foi nessa época que, “do nada”, em plena campanha eleitoral de uma chapa composta de militares idólatras da Ditadura e de torturadores, o presidente do STF veio com a história de que o Golpe não foi golpe, mas um “movimento”.
11
Ainda estava no Alto Comando do Exército quando o brado oficial da Brigada de Infantaria Paraquedista (q comandara em 2007/8), sem qualquer objeção do Comando, virava slogan eleitoral oficial da chapa vitoriosa em 2018.
12
Vitoriosa a chapa militar, o general, como todo correligionário que ajuda decisivamente na eleição, ganhou o cargo de Ministro da Defesa, de onde promoveu, por AÇÃO deliberada e OMISSÃO disfarçada, a MILITARIZAÇÃO do GOVERNO e a consolidação da do próprio Ministério.
13
Partiu dele a ideia e/ou a AUTORIZAÇÃO e CONSENTIMENTO para que GENERAIS e ALMIRANTES na ATIVA exercessem cargos eminentemente POLÍTICOS no governo (algo absolutamente incompatível, impróprio e insensato):
14
- Gen Div Rego Barros (AMAN 81) q, de porta-voz do EB, virou, do dia pra noite, porta-voz de um presidente q mente (exerceu o cargo por um ano e meio);
15
- Gen Ex Ramos (AMAN 79) q, de Comandante Militar do Sudeste, virou, do dia pra noite, Min da Secretaria de Governo (SEGOV), “simplesmente” o interlocutor político do gov c/o Congresso. Foi o articulador do orçamento secreto e da eleição de Artir Lira e Rodrigo Pacheco.
16
- Almte Bento Albuquerque, Min das Minas e Energia;
- Almte Flávio Rocha, Secretário de Assuntos Estratégicos;
- Gen Ex Braga Netto (AMAN 78) q, de Chefe do Estado-Maior do Exército, virou, do dia pra noite, Min da Casa Civil; e
17
- Gen Div Pazuello (AMAN 84) q, de Comandante da 12ª Região Militar, virou, do dia p/ noite, Min da Saúde em plena pandemia (“sem nem saber o q era SUS”).
Fico por aqui nos generais da ATIVA (há muitos mais) q foram parar no gov por obra, graça ou omissão do gen Fernando.
18
Foi ele, também, que reforçou a história do “movimento de 64”, expedindo ordens do dia laudatórias ao regime, como esta de 2020.
Foi ele que deu ordem pra os laboratórios das Forças Armadas fabricarem toneladas de cloroquina pra COVID.
19
Pelos contatos que tinha com o STF desde a época em que foi “assessor do presidente”, provavelmente soube antes de todos que haveria uma CPI da COVID (foi o ministro Barroso quem decidiu pela CPI e, “coincidentemente”, lhe convidou pra diretor-geral do TSE após a CPI).
20
Como a CPI da COVID poderia desmascarar que a MILITARIZAÇÃO do Ministério da Saúde foi promovida por ele e pelo então comandante do Exército (AMAN 77, mesma turma do presidente), provavelmente INVENTOU o episódio da DEMISSÃO coletiva da cúpula de defesa por…
21
…alegadas tentativas do presidente em “interferir” e “politizar” nas/as Forças Armadas, quando foram suas cúpulas hierárquicas, não o capitão, que promoveram esse espetáculo de anacronismo, impropriedade e insensatez!
22
O general, além de tudo, passou 2 anos assistindo e incentivando o presidente fazer o teatro do golpe, até com visitas ao QGEx para participar de manifestações pelo AI-5 (2020). Esteve presente na reunião escatológica de 22 de abril de 2020…
23
Em março de 2021, às vésperas da CPI, lançou um monte de “flares” e fez a manobra evasiva.
Contou e conta c/o apoio imprescindível do jornalismo vendido, ingênuo ou incompetente.
As NARRATIVAS DOMINANTES do Partido Militar contaram/contam, parece, com ajuda de G. Amado.
24
Provavelmente vc ñ lerá nada disso no livro do jornalista.
Lá só deve haver “flares”!
O avião, depois de atingir seus primeiros objetivos (chegar ao poder e aparelhar o governo e o Estado), voa em céu de brigadeiro rumo aos próximos objetivos: manter-se no poder até 2035.
Fim”
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