O cinismo é endêmico no Brasil

Serra está simplesmente cumprindo fielmente o papel que lhe foi destinado pelos Estados Unidos, enfraquecendo o Mercosul e incompatibilizando o Brasil com o resto do Continente Sul-Americano para que o nosso país volte a ser submisso à grande nação do Norte

jose serra
jose serra (Foto: Ribamar Fonseca)


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Habilidoso como um rinoceronte e com um porrete na mão, o chanceler José Serra, que implantou no Itamaraty a diplomacia do brucutu, aconselhou recentemente, cinicamente, os países vizinhos a aprenderem com o Brasil como se faz democracia. O conselho foi dado justo quando o grupo do qual participa, estuprando a Constituição sob os olhares complacentes da Suprema Corte, promoveu o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de votos. Seu conselho foi um deboche ou, na sua visão obliterada por aqueles olhos esbugalhados, ele entendeu mesmo ter sido o golpe um belo exemplo de democracia? É claro que foi um deboche, porque ele pode ser feio, mas não é burro. Na verdade, ele está simplesmente cumprindo fielmente o papel que lhe foi destinado pelos Estados Unidos, enfraquecendo o Mercosul e incompatibilizando o Brasil com o resto do Continente Sul-Americano para que o nosso país volte a ser submisso à grande nação do Norte. Em pouco tempo ele está destruindo todo o trabalho da diplomacia brasileira nos governos Lula e Dilma.

Por sua vez, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do mesmo ninho tucano, cuja senilidade se evidencia nos artigos que publica para não sair do foco da mídia, insinuou que o sitio de Atibaia e o apartamento do Guarujá – o mote encontrado pelos investigadores da Lava Jato para incriminar o ex-presidente operário – devem ser mesmo de Lula e, por isso, ele deve ser preso. É preciso muito cinismo para fazer acusações desse tipo quem foi acusado, pela ex-amante Mirian Dutra, de ser proprietário de apartamentos em Nova York e Paris e, também, de uma fazenda no interior de Minas. Ele gosta de posar de vestal, mas foi acusado pelo ex-ministro da Agricultura do seu governo, Andrade Vieira, de ter embolsado R$ 130 milhões de sobras de campanha e, também, por um deputado acreano de ter comprado a aprovação da emenda da reeleição. Tudo isso consta do livro "O Príncipe da Privataria", do jornalista Palmério Doria, que revela os bastidores da aprovação da emenda da reeleição e, também, das privatizações, que dilapidaram o patrimônio nacional.

Parece que o cinismo no Brasil é endêmico. Além dos tucanos FHC e Serra, campeões de cinismo, agora foi a vez da conhecida jornalista Miriam Leitão, da Globo. Na opinião dela, as vaias a Michel Temer não são dirigidas a ele, mas a Dilma, porque decorrem de medidas tomadas ainda no seu governo. Ou seja, Dilma é a culpada e Temer é quem paga o pato. Convenhamos, é muito cinismo. Primeiro porque ela sabe – como de resto o Brasil inteiro – que as vaias são pelo golpe, pela usurpação do poder, pela sua ilegitimidade como presidente. Em segundo lugar, se o seu raciocínio estivesse correto as vaias estariam sendo dirigidas não a Dilma ou a Temer, mas a Pedro Álvares Cabral, pois se ele não tivesse descoberto o Brasil nada disso estaria acontecendo. O navegador português, portanto, segundo conclusão da jornalista global, é que deve ser o grande culpado. Tudo bem que Miriam defenda o seu emprego babando os patrões, que apoiaram o golpe e blindaram Temer, mas daí dizer que as vaias são para Dilma e não para Temer já é demais. É debochar da inteligência dos brasileiros.

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Aliás, em termos de cinismo, o presidente sem votos Michel Temer também não fica atrás. Na sua primeira entrevista como presidente ao jornal "O Globo", publicada no domingo, ele disse: "Acho que o golpismo não pegou". Milhares de pessoas, dentro e fora do país, além da imprensa internacional, o chamam de golpista, mas ele acha que não pegou. E mais: acusou de inconstitucional o movimento nas ruas pelas eleições diretas já. "Tem um movimento que quer derrubar o governo por uma via transversa – disse – que não é constitucional: fazer eleições agora". Na visão dele, obviamente, o golpe que derrubou Dilma é que foi constitucional. Esquecendo a promessa feita antes da votação do Senado, que cassou o mandato da Presidenta, Temer se disse contra o aumento de salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal. "Isso gera uma cascata gravíssima", justificou. E depois de se dizer contra a colocação do seu retrato na parede e o uso da faixa presidencial, certamente por remorso, afirmou: "Agora vou ser mais presidente da República". Imaginem o que vem por aí.

Na entrevista, feita de encomenda numa tentativa do "Globo" para melhorar a sua imagem, Temer claudicou muito, revelando despreparo para ocupar o cargo, onde os recuos se tornaram frequentes. Ainda assim se recusou a assinar um documento se comprometendo a não concorrer à reeleição em 2018, o que é um mau sinal para as pretensões dos tucanos, que planejaram usá-lo como escada para chegar ao poder. A não ser que o derrubem também, através do TSE ou de um impeachment, Temer não mostra nenhuma disposição para largar o osso tão cedo, mesmo sem nenhuma chance para manter-se no Planalto através do voto. Todos eles, no entanto, vão continuar empenhados em eliminar Lula da vida pública, através da Operação Lava Jato, porque sabem que não conseguirão vencê-lo nas urnas, mas não se deram conta ainda de que hoje o ex-presidente operário e a ex-presidente Dilma são os maiores eleitores deste país. Portanto, qualquer candidato que tiver o apoio deles será eleito Presidente da República em 2018, mesmo que os dois tenham de enfrentar a mídia golpista. Constata-se que foram os próprios golpistas, com a derrubada de Dilma e a perseguição a Lula, que transformaram os dois ex-presidentes petistas nos grandes eleitores desta nação.

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