O céu de brigadeiro, digo, de capitão

Miguel Paiva escreve sobre a situação catastrófica do Brasil, como um avião em queda livre: "Que [a esquerda] se una para salvar esse país, porque agora não é mais o caso de restaurar a democracia e sim o de manter a civilização".

(Foto: Miguel Paiva)


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Por Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia

"O presidente agora é de direita". 

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Esta frase fulminante e esclarecedora do Bolsonaro, na cabeça dele, justifica qualquer asneira.  Ele age como se a História fosse uma questão de lado político, de camisa de time de futebol. Ser direita, para ele, significa concordar com a tortura, ignorar a existência de uma ditadura militar no passado e ser a favor da violência como método ideal para combater a própria violência. Ou seja, um monte de bobagens ditas a esmo, mas que significam um caminho para o qual ele está levando o Brasil; e nós aqui de fora, assistindo assustados, mas prontos para tentar descobrir o que fazer. 

Os meus conhecidos (ou não) que votaram em branco, nulo, ou mesmo no capitão, mas que têm um mínimo de consciência, devem estar, primeiro arrependidos e depois meio envergonhados do tresloucado ato cometido. 

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Alguns estão em silêncio, porque têm medo de ouvir as próprias palavras vindas do passado em defesa do antipetismo. Para não ter que conviver mais com "tanta roubalheira" entregaram o país a um maluco que nos levará rapidinho para o abismo em todos os setores -se não fizermos nada. 

Outra parcela, a que acreditava no Guedes e no Moro -não sei como!-, deve estar procurando na internet declarações antigas dos dois que justifiquem o voto e que expliquem  tamanha ilusão. Mas será que eles vão admitir? Será que não dava para perceber que o que vinha por aí era isso? 

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Não quero ficar repetindo "eu avisei" nem agir como sugere o Gregório Duvivier, de pegar essas pessoas, dar colo, afagar a cabeça e tentar entender - de acordo ele, existe possibilidade de volta para esses. Não sei se tenho essa paciência. 

É verdade que começo a ver e a me sentir mais feliz e esperançoso com a quantidade de gente que novamente se mobiliza em torno de uma causa. Espero que siga assim. Espero que a esquerda consiga agir de modo novo, realmente transformador e poderoso. Que se una para salvar esse país, porque agora não é mais o caso de restaurar a democracia e sim o de manter a civilização. 

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Estamos a ponto de virar um bando de animais sob o comando de um celerado, mal educado, grosso, rasteiro e ignorante. Não dá para tratar essa emergência como uma jogada político- partidária. O caso é sério e só conseguiremos sair dele juntando forças. Não basta assistir a eles se autodestruírem. A resistência dessa gente pode surpreender. Não basta também ficar esperando que o STF ou a Câmara dos Deputados tenha uma atitude sensata e democrática e vete as atitudes do presidente. 

Lembrem-se que o golpe programado previa ir adiante com Supremo e tudo. É um golpe articulado, desde a derrubada de Dilma e mesmo tendo a surpresa do maluco pilotando o avião, não vai mudar de rumo nem deixar outro piloto assumir sem a aprovação deles. 

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A esquerda, os partidos de centro, os liberais democratas precisam entender que agora não é hora de angariar votos. É hora de salvar o país que pode estar vivendo seus últimos dias de liberdade. O Brasil não é mais o país do futuro. Caímos nessa balela por décadas. Temos que ser o pais do presente, que valoriza o passado como ele de fato aconteceu. E que acredita no futuro para todos igualmente.

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