O caixa 2 e as “verdades alternativas” do PSDB

"O PSDB iniciou um movimento sincronizado para legalizar o caixa 2. A estratégia começou com o comunicado oficial de 3/3/2017, escrito e publicado por FHC para defender Aécio Neves da acusação de ter pedido – e recebido – R$ 9 milhões em caixa 2 da Odebrecht na eleição de 2014", diz o colunista Jeferson Miola; "O caixa 2 não é apenas um 'erro que precisa ser reconhecido' ou algo a 'ser desmistificado', mas é o acobertamento, no mínimo, de crimes de sonegação fiscal e tributária, de corrupção e de lavagem de dinheiro das empresas capitalistas contra a economia popular. Quando aceita pelos partidos políticos, o caixa 2 pode ser um disfarce para camuflar o crime do poder econômico sobre a consciência popular, que atinge o coração da democracia", afirma

aecio fhc
 
aecio fhc   (Foto: Jeferson Miola)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O PSDB iniciou um movimento sincronizado para legalizar o caixa 2. A estratégia começou com o comunicado oficial de 3/3/2017, escrito e publicado por FHC para defender Aécio Neves da acusação de ter pedido – e recebido – R$ 9 milhões em caixa 2 da Odebrecht na eleição de 2014.

Desdizendo aquilo que dizia no passado, que “caixa 2 é um crime grave”, agora FHC passou a dizer que caixa 2 é apenas um “erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido”.

Para FHC, as denúncias de pagamento de propinas ao Aécio não passam de “verdades alternativas” usadas para a “desmoralização de pessoas” – sabe-se lá o que esta falácia significa.

continua após o anúncio

Aécio Neves, encorajado pelo oráculo senil da Avenida Paulista, esbravejou: “abriremos espaço para um salvador da pátria? Não, é preciso salvar a política!” [sic]. Atrevido, desafiou o bom senso: “Um cara que ganhou dinheiro na Petrobras não pode ser considerado a mesma coisa que aquele que ganhou cem pratas para se eleger” – ora, as cifras conhecidas de cada uma das delações abafadas sobre Aécio ultrapassam as dezenas de milhões; ou seja, milhares de vezes mais as “cem pratas” ainda assim aceitas, porque um “pequenino crimezinho”.

Gilmar Mendes, o curimbaba do PSDB no STF e no TSE, em seguida seguiu o rastro do presidente de honra do seu PSDB para também socorrer Aécio.

continua após o anúncio

Gilmar, que se pavoneia aos holofotes da mídia para acusar o PT do “crime hediondo de caixa 2”, agora entende que “o caixa 2 tem de ser desmistificado” [sic]. É compreensível: afinal, finalmente saíram algumas das denúncias que comprometem Aécio e toda a cleptocracia que tomou de assalto o Palácio do Planalto com o golpe de Estado.

Gilmar é radical, e quer mais. Além de “desmistificar o caixa 2”, ele quer modificar a lei eleitoral para permitir o retorno das doações privadas, feitas por empresas [o poder econômico] a campanhas, candidatos e partidos políticos – que é justamente o fator cancerígeno do sistema político brasileiro.

continua após o anúncio

Isso será um passo gigantesco para a institucionalização da corrupção e para a captura definitiva do sistema político, do Estado de Direito e da democracia, pelo poder econômico.

O caixa 2 não é apenas um “erro que precisa ser reconhecido” ou algo a “ser desmistificado”, mas é o acobertamento, no mínimo, de crimes de sonegação fiscal e tributária, de corrupção e de lavagem de dinheiro das empresas capitalistas contra a economia popular.

continua após o anúncio

Quando aceita pelos partidos políticos, o caixa 2 pode ser um disfarce para camuflar o crime do poder econômico sobre a consciência popular, que atinge o coração da democracia.

O financiamento público dos partidos, que no orçamento de 2017 corresponde a cerca de R$ 900 milhões no fundo partidário, é suficiente para o financiamento equilibrado das eleições de dois em dois anos que acontecem no país.

continua após o anúncio

Os partidos não são sucursais de empresas. Para sustentarem seu funcionamento ordinário, devem instituir mecanismos próprios de financiamento junto aos seus filiados e simpatizantes, e não viverem da “ajuda” de empresas, das pessoas ricas ou do Estado.

No regime de exceção vivido no Brasil, as “verdades alternativas” de FHC e Gilmar Mendes têm chances consideráveis de converterem em “nova jurisprudência”.

continua após o anúncio

É preciso, com urgência, pôr fim ao golpe e ao regime de exceção, sob pena do Brasil ter seu futuro comprometido pelos próximos 80 anos, que é a dimensão do abismo do retrocesso que a oligarquia golpista impôs ao país.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247