O Brasil sem rosto se protege do terrorismo
'O fascismo bolsonarista assume feições de terrorismo que o país nunca viu antes com esse formato e essa desenvoltura', escreve o colunista Moisés Mendes

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Por Moisés Mendes, para o 247
Amigos de Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista, estão acuados em Foz do Iguaçu e concedem entrevistas escondendo o rosto e sem revelar seus nomes.
Enfermeiras do hospital do Rio onde trabalhava o anestesista bolsonarista estuprador contam o que sabem, mas não querem aparecer.
Servidoras da Caixa temem dizer quem são ao denunciar outros chefes bolsonaristas assediadores, além do presidente assediador demitido, porque o assédio era sexual e moral.
Indígenas do Vale do Javari, onde Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados, não navegam como antes pelos rios da região, para que não sejam vistos pela bandidagem bolsonarista.
O fascismo bolsonarista assume, em várias frentes, feições de terrorismo que o país nunca viu antes com esse formato e essa desenvoltura.
Os fascistas sabem que as instituições não dão conta de tanto fascismo e por isso disseminam o terror.
O fascismo se apoderou das vidas dos brasileiros, sob as ordens terroristas de Bolsonaro.
O Brasil vai se transformando num país de vítimas e testemunhas sem rosto, porque mostrar a cara pode significar perseguição e morte.
São bravos os brasileiros que se mostram quando falam da violência e do ódio exercidos pelo Estado sequestrado pelas milícias.
Mas é compreensível que a maioria tente se proteger, para sobreviver pelo menos até a eleição. Temos a repetição ampliada dos medos da ditadura.
Também é amplificado o silêncio do me-deixe-fora-disso. Porque os que falam sabem que podem estar falando demais, sem o suporte da autoridade, onde ela estiver, na polícia, no Ministério Público, na Justiça.
A democracia subestimou o avanço do fascismo, e o exercício formal da política não consegue se contrapor ao que está muito além e acima dela.
Temos o Congresso tomado e todas as instituições sob alguma forma de controle. Todas sobrevivem gerindo seus movimentos no limite do estabelecido pela extrema direita.
Nenhuma investigação que atinja o núcleo do poder é levada adiante. Tudo é adiado, não agora, mas há muito tempo. Inquéritos são prorrogados.
O Brasil que ainda mostra a cara vai sobrevivendo do destemor de uns poucos. Muitos dos que poderiam reagir não chegam nem perto das trincheiras de Alexandre de Moraes e de Edson Fachin, para não ficar na linha de tiro metafórica e real dos milicianos.
O Brasil sem rosto porque não tem poder, nem força e nem respaldo das instituições para enfrentar o terrorismo vai se virando como pode.
Não há como ficar esperando pelos que deveriam se manifestar, mas enfiam as cabeças sob as asas das próprias covardias.
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