O Brasil precisa de mais, não de menos democracia
"Eleito como vice de Dilma com um programa, Temer pretende assumir a presidência, pela via de um golpe, para colocar em prática o programa oposto, derrotado nas eleições que os elegeram. Porque só pela via de um golpe um programa antipopular pode se impor, nunca o seria pelo crivo do voto popular", diz o colunista Emir Sader, que coloca uma questão fundamental; "Nós perguntamos: com que mandato, quem os elegeu para dilapidar os direitos do povo e o patrimônio público? Ninguém"
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O País chegou à crise atual porque a democracia não se implantou suficientemente no Brasil, senão a oposição, derrotada, teria aceitado a derrota e não se poria a conspirar e a sabotar a democracia. Um Congresso eleito com vultuosas somas de dinheiro não representa a sociedade brasileira, falseando a democracia. Monopólios privados dos meios de comunicação impedem que a diversidade da sociedade se espelhe na formação da opinião publica, fazendo com que não exista democracia na ação da mídia.
De uma crise tão profunda e prolongada o Brasil só pode sair pela via democrática, com mais democracia e não, como querem os golpistas, com menos democracia. Eles pretendem substituir uma presidenta eleita democraticamente pelo voto popular por um vice pela via do voto indireto, sem delegação do povo para fazê-lo. Pretendem colocar em pratica o programa que foi derrotado sucessivamente, em quatro eleições, ao longo de 12 anos.
Eleito como vice com um programa, Temer pretende assumir a presidência, pela via de um golpe, para colocar em prática o programa oposto, derrotado nas eleições que o elegeram. Porque só pela via de um golpe um programa antipopular pode se impor, nunca o seria pelo crivo do voto popular.
Porque a diferença não é somente da eleição direta pelo voto popular da Dilma e do golpe como via de acesso ao governo do Temer, mas dos programas que encarnam cada um. Temer pretende romper com o programa consagrado pelo voto popular ao longo do tempo, para impor medidas antipopulares, confabulando com banqueiros e economistas neoliberais, para acentuar a super exploração dos trabalhadores, recortar os direitos sociais garantidos pelo Estado, dilapidar o patrimônio publico pela privatizações de empresas.
Se trata portanto de um programa que atenta contra os direitos da grande maioria, por vias antidemocráticas, que um “juiz” chegou a classificar como um “freio de arrumação” na democracia, isto é, métodos antidemocráticos, sob o pretexto de ajustar a democracia.
Com desenvoltura, nomeiam ministros, definem duras medidas de ajuste contra os trabalhadores, recortes nos recursos das políticas sociais do Estado, anunciam leiloes do patrimônio público – nós perguntamos: com que mandato, quem os elegeu para dilapidar os direitos do povo e o patrimônio público? Ninguém. Foram entronizados por aquele miserável espetáculo do dia 17 de abril na Câmara, o batizado desse tipo de governo que pretendem impor. Aquelas caras vergonhosas de deputados são de onde pretendem tirar legitimidade para governar.
O Senado decidirá se teremos a garantia e a continuidade da democracia ou se teremos a ruptura democrática, que aprofundará a crise política e introduzirá uma imensa crise social no pais. A decisão não é entre a manutenção dos avanços sociais logrados ou a vingança das elites dominantes contra o povo – os trabalhadores, os beneficiários das políticas sociais do governo, as mulheres, os negros, os jovens, os estudantes, os intelectuais, a mídia alternativa, as empresas estatais, as comunidades populares.
O Brasil precisa de mais democracia e não de menos. Precisa de mais direitos e não de menos. Precisa de mais distribuição de renda e de menos desigualdade e não ao revés. De mais soberania e não de menos. De mais povo protagonista da vida política e não de menos. O pais sairá mais democrático ou menos da crise, mas a luta pela democracia está longe de terminar, mudam as condições, mas o campo democrático, protagonizado pelo povo mobilizado, está em melhores condições de lutar por um Brasil melhor.
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