O Brasil não é hoje um país nazista?
Países em si não são nazistas. São as pessoas que podem sê-lo. E o Brasil hoje é claramente dirigido por um governo de índole nazista
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Dr. Jean Goldenbaum, Profa. Dra. Claudia Heller e Clara Goldman Ribemboim, coordenadores do Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil
Escrevemos em resposta ao artigo ‘O Brasil não é um país nazista’ publicado em O Estado de São Paulo em 29 de dezembro de 2021 pelo Sr. Klein, presidente da Federação Israelita do Estado do RJ (FIERJ). Infelizmente o jornal em questão não nos concedeu direito de resposta e nem ao menos se dignou a responder ao contato que fizemos. Diante desta falta de respeito e profissionalismo, decidimos publicar nossa resposta em outro jornal, e assim agradecemos a abertura do Brasil247.
Países em si não são nazistas. São as pessoas que podem sê-lo. E o Brasil hoje é claramente dirigido por um governo de índole nazista.
A escravidão aqui durou cerca de trezentos anos, fomos os últimos a libertar os cativos, e o fizemos em condições praticamente desumanas. O racismo estrutural que desde então é evidente na população, atualmente é acentuado por um governo que já provou inúmeras vezes se alinhar a ideologias de supremacia branca. Jovens negros nas periferias são mortos pelo aparato de Estado, indígenas são chacinados em massa.
Ninguém nunca se esquecerá da historicamente vergonhosa aparição de Bolsonaro na Hebraica do RJ, na qual ele comparou negros e índios a animais, ou “subpessoas”, na linguagem nazista. Nem da amizade da família Bolsonaro com Steve Bannon. Ou de membros do governo fazendo sinais manuais de ‘white power’ ou simulando de forma teatralizada discursos de Goebbels. E enquanto isso, a FIERJ, que claramente não representa os judeus democráticos e humanistas do Brasil, apoiava Bolsonaro, e continua a apoiar.
Mulheres são assassinadas no Brasil em números que podem ser contabilizados por hora, no país do presidente que “não estupra as mulheres que não merecem”.Tradições e religiões de matriz africana são perseguidas e agredidas diariamente, enquanto a esposa do presidente dança comemorando a eleição de mais um “terrivelmente evangélico” no poder.
Trabalhadores estão expostos a condições e salários degradantes e há fome e miséria por todo lado. Pessoas comendo ossos, enquanto o “líder” come picanha e dança em iates.
Isto sem mencionarmos a pandemia, cuja conduta pelo governo federal – e a pessoal de Bolsonaro – é acusada de genocídio. Tudo leva a crer que estamos tratando de uma política higienista, na qual a meta parece ser “limpar” o povo, deixando que os mais fracos e vulneráveis simplesmente morram.
Qual é a preocupação dos que negam essa realidade? Isentar este governo da responsabilidade pelo sofrimento a que tem submetido este país? Minimizar os crimes cometidos pelo governo Bolsonaro?
Não podemos aceitar que o horror do Holocausto seja invocado para minimizar o horror e o terror do cotidiano deste país. Ninguém tem este direito, seja ele judeu ou não.
O Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil se opõe a tudo o que este senhor escreveu e prossegue o seu trabalho contra todos os tipos de atrocidades que vem sendo cometidas desde que Bolsonaro ascendeu ao poder através de seu discurso de ódio e sua máquina de inverdades – as mesmas estratégias que levaram Hitler ao poder há quase um século.
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