O Brasil já não será o mesmo
"Qualquer que seja o desenlace imediato da mais profunda e prolongada crise que o país já viveu, o Brasil não sairá igual, já nunca mais será o mesmo. A crise devastou a credibilidade de todo o sistema politico, liquidou a legitimidade do Congresso, propagou a descrença no Judiciário e fez o povo ver que não basta votar e ganhar eleição para que o mandato presidencial seja respeitado", escreve o sociólogo Emir Sader, colunista do 247; ele acusa o Supremo de um "silêncio cúmplice" nesse processo; "Como se pronunciará o STF sobre qualquer tema, se se calou diante do golpe, posto em prática sob seus narizes?", questiona; e afirma que, "se o golpismo triunfar no Senado, será preciso fazer com que pague duramente o preço do atentado ao país que estará perpetrando"
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Qualquer que seja o desenlace imediato da mais profunda e prolongada crise que o país já viveu, o Brasil não sairá igual, já nunca mais será o mesmo. A crise devastou a credibilidade de todo o sistema politico, liquidou a legitimidade do Congresso, propagou a descrença no Judiciário e fez o povo ver que não basta votar e ganhar eleição para que o mandato presidencial seja respeitado. Em suma, o que se acreditava que tínhamos como república, acabou. O que se propagava que era um sistema político democrático, já não sobreviverá. Ou construímos uma democracia sólida – para o que esse Congresso, esse Judiciário, esse monopólio privado dos meios de comunicação não poderão seguir existindo como agora – ou deixamos realmente de viver em democracia.
A direita mostra sua cara sem eufemismos. No início seria um projeto de "reunificar o país", supostamente dividido pelos governos do PT. Se valia da perda de popularidade do governo Dilma e do Congresso mais conservador e desqualificado que já tivemos, assim como do papel escandalosamente e já sem pudor algum da velha mídia, para destruir a democracia política que tivemos e promover um governo antidemocrático, antipopular e antinacional.
Mas rapidamente se viu que se trata do projeto de restauração do projeto fracassado nos anos 1990 com Collor e Com FHC, por um governo golpista e minoritário, contra o povo, a democracia e o Brasil.
Como se pronunciará o STF sobre qualquer tema, se se calou diante do golpe, posto em prática sob seus narizes, presidido no Senado por seu presidente, que apoia a todas as brutais ilegalidades que se põem em prática? De que serve um Judiciário, um STF, que não fosse para impedir que um crime contra a democracia fosse perpetrado pelo Congresso? O que houve foi um silêncio cúmplice, mesclado com um vergonhoso aumento de 41% dos seus salários, concedido publicamente – com foto e tudo – pelo político mais corrupto do país, cuja impunidade só existe pela cumplicidade de quem deveria puni-lo e tantos dos membros do governo, inclusive o presidente interino. Já não haverá democracia no Brasil sem um Judiciário eleito e controlado pela cidadania, com mandatos limitados e poderes circunscritos.
Não haverá democracia sem um Congresso efetivamente eleito sem financiamento privado, sem que represente os lobbies eleitos pelo poder do dinheiro. Um Congresso democrático tem que estar fundado no voto condicionado, pelo qual os eleitores controlam aqueles em que votaram e que se comprometem com um programa e um partido determinado.
Numa democracia todos tem direito a voz, a opinião publica não pode ser fabricada por algumas famílias, que impõem seu ponto de vista ao pais, como se pudessem falar em nome do pais, quando perdem todas as eleições presidenciais. Ninguém deve perder o direito de falar, mas todos devem ter o direito de se expressar, senão não se trata de uma democracia, mas da ditadura de uma minoria oligárquica.
Numa democracia um impostor não poderia assumir a presidência, mesmo interinamente, por um golpe e impor o programa econômico derrotado 4 vezes sucessivamente, inclusive em 2 em que esse golpista esteve na lista vencedora, com um programa radicalmente opostos. Se isto ocorre, é porque a democracia foi ferida de morte.
Se o golpismo triunfar no Senado, será preciso fazer com que pague duramente o preço do atentado ao país que estará perpetrando. Que seus projetos fracassem, que a vida dos seus componentes seja insuportável, que seu bando de ladroes sejam vitimas da ingovernabilidade. Que se ocupe e se resista em todos os espaços desse governo ilegítimo, antidemocrático, antipopular e antinacional.
Faz parte intrínseca da resistência democrática impedir qualquer ação contra Lula, que representa os anseios majoritários do povo brasileiro, conforme as próprias pesquisas que os golpistas usavam para tentar buscar legitimidade popular, apontam. Esse será o sinal de que sobrevivem espaços democráticos ou não. Se blindarem de tal forma seu governo e constitucionalizarem o neoliberalismo, terão enterrado definitivamente qualquer sinal de democracia no país. E terão o mesmo destino dos seus antecessores: serão derrubados, derrotados, execrados e um tribunal da verdade os julgará e os condenará por crime contra a democracia e o Brasil. Serão derrotados pelo povo, pela democracia, pelo Brasil, que construirão uma democracia de verdade no país.
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