O Brasil interessa aos brasileiros?
O desenho do golpe que a imprensa da elite golpista esconde atrás do "Fora PT" fica mais claro, dia a dia, a cada mala, a cada votação, a cada nomeação ao Palácio do Planalto. Toda essa dança pode não ser muito clara para a população, mas os efeitos econômicos, sociais e políticos são sentidos no cotidiano, com as decisões dos parlamentares que a sociedade coloca lá para legislar para ela
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Entre o final de 2014 e início de 2015, o Brasil foi jogado em uma procela - pela elite aventureira e garantida pelas dívidas não auditadas que o Estado tem para com ela - na qual os golpes contra a nação são diários, de parte de um desgoverno orientado pelo mercado financeiro. O mercado detém mais de 350 parlamentares do Congresso Nacional que justificaram a supressão da democracia, de direitos trabalhistas e previdenciários pétreos, em um país onde a escravidão acabou ontem, depois de 400 anos desde os seus pouco mais de 500 de existência.
Passa da hora da sociedade deixar de se alimentar, essencialmente, do que não mais que seis ou nove famílias brasileiras têm a oferecer em comunicação. O mundo é muito mais plural que Rede Globo, Veja, Folha de S. Paulo. Estadão e congêneres. Desde 2005, o Partido dos Trabalhadores (PT) e Lula são acusados, julgados e condenados, diariamente, pelos grandes veículos de comunicação, porém, sem as necessárias provas. Houve no PT quem errou? Sim, houve. Haverá quem errará? Oxalá, não, mas, se houver, corrige-se e puna-se quem seja. De qualquer forma, o PT é o partido que mais foi cobrado e faz constante autocrítica e se autopune.
Agora, a questão que se arrasta há mais de 10 anos, revela-se no golpe de 2016, 'com o Supremo, com tudo", como preanunciou o senador Romero Jucá. Grandes mobilizações nacionais se deram desde a esquerda à direita. A classe trabalhadora, da cidade e do campo, foi à rua para protestar contra um golpe à democracia, aos direitos e à soberania. Outra parte da classe trabalhadora, que infelizmente tem a ilusão de ser elite, foi atrás de um pato e bateu panelas. Agora, ambas sentem os efeitos do golpe, um lado indignado e outro decepcionado.
O desenho do golpe que a imprensa da elite golpista esconde atrás do "Fora PT" fica mais claro, dia a dia, a cada mala, a cada votação, a cada nomeação ao Palácio do Planalto. Toda essa dança pode não ser muito clara para a população, mas os efeitos econômicos, sociais e políticos são sentidos no cotidiano, com as decisões dos parlamentares que a sociedade coloca lá para legislar para ela. É necessário que cidadãos de todas as regiões do País entrem em contato com os deputados federais e senadores para avisar que não obterá votos, em 2018, o candidato que votou a favor da reforma trabalhista e defende a reforma da Previdência. Isso deve ser um exercício diário.
Brasileiras e brasileiros devem desenvolver o hábito de verificar como a/os deputada/os estaduais, federais e os senadores/as votaram desde o golpe à reforma trabalhista, e qual a tendência deles para a reforma da Previdência. Esses parlamentares devem ser, periódica e democraticamente, admoestados nos locais ondem residem e nos aeroportos, principalmente. A população deve exercer, sem medo de ser tolhida, de se manifestar e chamar a atenção da/o parlamentar que vota contra a classe trabalhadora, contra a Previdência e que, enfim, apoia um governo golpista.
Esta nação voltará à normalidade quando famílias de todos os lugares tomarem as ruas para restituir a democracia e os direitos, as empresas estratégicas e os recursos naturais espoliados pelo mercado financeiro. Há autoestima brasileira que levante uma nação subjugada pelo mercado? O Brasil é um dos lugares do mundo onde a política não é tratada com respeito e é retratada como tal, tanto nos meios de comunicação, no jornalismo e no entretenimento, quanto na sociedade. A descrença na solução política abre espaço para que interesses diversos da nação se estabeleçam nas decisões tornadas lei por parlamentares a serviço dos interesses de algum mercado.
Porém, desistir da política é o pior caminho. Significa ceder a outros, a qualquer um, a responsabilidade de decisões que dizem respeito ao bem estar pessoal e ao coletivo. Mobilização periódica, provocativa e propositiva, em espaços, como: aeroportos, teatros, escolas, praças públicas, é fundamental para exercitarmos o livre direito de manifestação democrática. Não está tudo bem no País. Vivemos em uma nação onde, sob a proteção do Judiciário e de parte da imprensa e vice-versa, a uma determinada categoria de cidadãos tudo é permitido.
O Brasil está sob um governo que entende ser legítimo condenar mais de 70% da população brasileira, a que recebe não mais que dois salários mínimos e executa, no mais das vezes, trabalhos braçais, a se aposentarem com, pelo menos 62 anos. Com as novas modalidades de contratação, como a terceirização e o trabalho temporário, a aposentadoria será apenas um sonho. Para receber o valor integral, o tempo de contribuição deverá ser de ininterruptos 40 anos. O mês que o trabalhador não recolher não contará como tempo para aposentadoria. Uma reforma escravocrata.
Ao mesmo tempo, com apoio irrestrito da imprensa e sem uma única manifestação dos poderes e dos órgãos de fiscalização e controle, as empresas estratégicas e poderosos recursos naturais são entregues ao capital financeiro, sem que ele tenha, inclusive, de pagar impostos pelo petróleo que explora em solo brasileiro. Ou seja, o brasileiro não se importa em ser explorado por um outro país, que vai retirar-lhe as riquezas para enriquecer-se e dominar ainda mais o Brasil. É esse mesmo o povo que somos? Aceitaremos passivamente a entrega da soberania nacional?
Permitiremos a subjugação dessa grande potência energética aos interesses do capital internacional? Quando nos livraremos dos grilhões da subserviência? O Brasil possui gente, recursos energéticos e tecnologia para impor sua autodeterminação a bem dos seus interesses e de suas demandas, como o gigantesco passivo com quem de fato produz as riquezas deste País, a classe trabalhadora. Às ruas, Brasil, ou a subjugação será eterna.
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