O batom na cueca dos golpistas

O conteúdo estarrecedor da conversa entre Jucá e Sérgio Machado, no qual as vísceras do golpe são revolvidas, só confirma o que boa parte da sociedade já sabia: o afastamento de Dilma é um grande arranjo entre bandidos

Brasília(DF), 12/05/2016 - Posse dos ministros do governo Michel Temer - Presidente Michel Temer e o Ministro do Planejamento Romero Jucá Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
Brasília(DF), 12/05/2016 - Posse dos ministros do governo Michel Temer - Presidente Michel Temer e o Ministro do Planejamento Romero Jucá Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles (Foto: Bepe Damasco)


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Não adianta a mídia tentar limitar o tenebroso caso da gravação de Jucá a uma mera derrapada do ministro golpista do Planejamento. O conteúdo estarrecedor da conversa entre Jucá e Sérgio Machado, no qual as vísceras do golpe são revolvidas, só confirma o que boa parte da sociedade já sabia: o afastamento de Dilma é um grande arranjo entre bandidos.
 
Desde as primeiras das muitas e numerosas manifestações contra o golpe, os movimentos sociais e partidos que compõem a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo vêm denunciando à população que a argamassa que solidificou os interesses difusos e nada republicanos da malta golpista era justamente o desespero para garantir sua impunidade.
 
Com Dilma no governo, como fica claro no áudio que vazou para a Folha de São Paulo, a casa cairia para todos eles na Lava Jato. A dupla cita a corda no pescoço do partido deles, o PMDB, além do PSDB e de Aécio Neves, falando da urgência de "estancar a sangria e botar o Michel, num grande acordo nacional, com o Supremo e tudo."
 
A citação do STF como parte integrante na trama sórdida contra a democracia não surpreende. Sócia do golpe, a mais alta corte brasileira sabe mais do que ninguém que a Constituição não prevê impeachment sem crime de responsabilidade.
 
Mas, desgraçadamente para a jovem democracia brasileira, cerrou fileiras com a escória da política brasileira para golpear uma presidenta honesta.
 
Não fosse o conluio formado pelos barões da imprensa, Polícia Federal, Ministério Público, Judiciário e o Congresso Nacional de composição mais indigente da história, a quartelada parlamentar teria de ser anulada e os responsáveis pelo crime de lesa-democracia punidos. 
 
Mas não se iludam os golpistas. Nunca um governo foi tão contestado por tanta gente em tão pouco tempo. A resistência se faz sentir em toda parte. Os atos de rua espontâneos ou organizados, os shows de música, a indignação dos artistas, a condenação dos juristas, os escrachos dos jovens, as ocupações de prédios públicos e as marchas dos sem-terra e dos sem-teto revelam que o Brasil do bem está unido contra o golpe.
 
E os seguidos anúncios de cortes em programas sociais por parte do governo ilegítimo, com o pesado sacrifício dos mais pobres, o cavalo de pau na política externa, bem como um ministério desqualificado e corrupto, só coloca lenha na fogueira da resistência democrática. Nem mesmo a repressão brutal, como a  empregada contra os manifestantes que se concentraram perto da casa de Temer, será capaz de deter a roda da história.
 
Os usurpadores não perdem por esperar.

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