O bar Pirajá



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São Paulo - Jaguar disse uma vez que se Vinicius de Moraes tivesse conhecido o Pirajá, nunca teria dito que São Paulo é o túmulo do samba.

O boteco é um pedacinho do Rio, encravado numa esquina qualquer da terra da garoa, com uma calçada que é a cópia fiel do calçadão de Copacabana e tudo. Lá, já se apresentaram Moacyr Luz, Beth Carvalho, Luís Carlos da Vila, Leci Brandão e Nei Lopes, entre outros bambas.

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Mas nem só de samba vive o velho Pirajá. O boteco, considerado pelo Jaguar o melhor bar de São Paulo, tem, segundo a crítica especializada (os bebuns), o melhor chopp de sampa, caipirinhas inspiradas e os mais inventivos tira-gostos. 

Jaguar fala do bar com a maior empolgação. E como o velho editor do ‘Pasquim’ conhece tudo de boteco. Fomos, eu, e os cartunistas Edra e Ricardo Soares conhecer a casa. E não me arrependi. Nem eles.

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Pedimos a tradicional linguiça na cachaça. Que é a linguiça artesanal chapeada na cachaça, acompanhada de aipim, cebola e pão. Edra, já mais pra lá do que pra cá, reclamou pela falta da cachaça líquida no prato e ainda reclamou do colarinho alto do chopp.

É tradição da casa servir o chopp estupidamente gelado, no copo fino de boca larga, resfriado no gelo antes de receber o chopp com o cremoso colarinho de três dedos - nem mais nem menos. E não adianta reclamar com os garçons. É regra da casa. O colarinho não é o vilão, é, antes, uma saborosa proteção da temperatura, do gás e ainda evita a oxidação do líquido.

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Na casa, tem desenhos do Jaguar por toda a parte, literalmente:  na toalha da mesa, no cardápio - desenhado pelo cartunista -, nos guardanapos, nas paredes, em camisetas e, pasmem, até no banheiro. 

Nas paredes, preciosidades como  o manuscrito da letra  de ‘O Bêbado e o Equilibrista’; bandeiras das Escolas de Samba do Rio; fotos e caricaturas de sambistas do Rio, de Nelson Sargento  a Noel Rosa; de Nelson Cavaquinho a Paulinho da Viola. Sem falar num enorme painel do pintor de botecos carioca Nilton Bravo, com o Cristo Redentor de braços abertos, no centro, ao lado de um retrato de São Jorge com seu inseparável dragão, que ocupam o mesmo lugar na parede, numa harmoniosa convivência religiosa. Uma espécie de sincretismo religioso de boteco.

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Já era quase meia noite quando saímos dali e fomos tomar a saideira no ‘Savana’, outro boteco perto dali. Aproveitando o início da folia momesca na capital paulistana, Edra, um saltitante folião mineiro, entrou num táxi e saiu numa euforia só, atrás do bloco “Pequeno mas Balança”.

Tem dia que a noite em São Paulo não acaba nunca.

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