O ataque da Globo ao sistema de saúde do Rio

(Foto: Reprodução/TV Globo)


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O ódio da grande mídia a qualquer política de interesse social no Brasil, refletindo o comportamento padrão das elites, se tem expressado no Rio no ataque brutal do sistema Globo à rede municipal de saúde. O que está acontecendo com o prefeito Marcelo Crivella não é diferente do que aconteceu com Garotinho e suas políticas voltadas para os pobres, com Fernando Pimentel com suas políticas de regeneração de favelas, com Ricardo Coutinho com seus programas sociais e, finalmente, com Lula, a matriz das políticas públicas no país.

Todos esses políticos, de forma característica, foram governantes conciliadores, inclusivos, atentos aos interesses dos pobres sem, no entanto, prejudicar os dos ricos. Mas estes não ficaram satisfeitos. Querem tudo. Seu braço de intervenção no poder popular é a parte corrompida do Judiciário, através do expediente chamado lawfare, a manipulação dos recursos jurídicos, de forma agressiva, pela subjugação do sistema político. O pretexto é a corrupção. Onde não se vê corrupção, inventa-se até mesmo a incompetência.

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É o que aconteceu com Dilma: uma presidente da República submetida a impeachment por incompetência, numa obra espúria do príncipe dos corruptos, Eduardo Cunha. Já Crivella é acusado de incompetência na gestão da saúde. A Globo tentou promover seu impeachment e, em último caso, a intervenção na saúde do município. Não fora a resistência do Governo federal, por outros motivos – a aversão de Bolsonaro à arrogância da empresa -, a cabeça do prefeito teria rolado, como aconteceu com outras vítimas.

Não há crise no sistema de saúde do Rio. Ele está funcionando regularmente, com eventuais deficiências de sempre. A crise foi inventada pela Globo. Com um grau extremo de irresponsabilidade e desrespeito à sociedade. Ela foi capaz de apresentar como exemplo de deficiência da rede hospitalar o caso de um mendigo que, depois de atendido, morreu na porta do hospital. Isso virou notícia no Jornal Nacional. Casos de mortes que ocorreriam inevitavelmente foram apresentados como grandes tragédias por culpa do sistema.

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A Globo plantou equipes nas portas dos hospitais municipais – não nos estaduais ou federais, mas exclusivamente municipais – para colher depoimentos de pessoas que tivessem alguma reclamação a fazer. É claro que os depoimentos favoráveis eram descartados. Com um grau ainda maior de irresponsabilidade, deu total cobertura à greve dos servidores das OS, Organizações Sociais, cujos salários de servidores estavam atrasados. Em nenhum momento explicou que os salários eram responsabilidade exclusiva dos donos das OS, não da Prefeitura.

Isso era sintomático, pois a Globo apoiou firmemente a privatização do sistema municipal de saúde por Eduardo Paes, sendo que essa herança maldita deixada para Crivella é um dos motivos básicos para as dificuldades da rede. A OS é uma organização privada, lucrativa. Portanto, lucra com o atendimento do povo. Isso encarece o serviço. Além disso, sendo uma empresa, tem obrigação de ter reservas em caixa para situações em que a Prefeitura, por razões de queda de receita, não pode lhe fazer repasses.

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O que tem acontecido é o contrário. As OS recebem o repasse da Prefeitura, realizam seu lucro e não pagam os servidores. Estes últimos, manipulados pela Globo, fazem greve contra a Prefeitura e não contra os donos lucrativos das OS. O sistema é podre, resultado da obsessão privatista dos governos neoliberais e da estupidez da Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita a administração direta. O próximo passo de Crivella é liquidar com ele, de qualquer forma, e colocar todo o sistema municipal de saúde sob o controle direto da Prefeitura.

Vejamos agora a crise que a Globo inventou na saúde do Rio. Enquanto ela coletava depoimentos individuais para denegrir o funcionamento da rede, as estatísticas indicam que foram realizados, no ano passado, 430 mil internamentos, 270 mil operações e 9 milhões de consultas. De 1º  a 15 deste mês, no auge da campanha da Globo contra o sistema de saúde municipal, foram realizados 4 178 atendimentos no Hospital Municipal Salgado Filho, 475 internações, 142 cirurgias e 1170 tomografias.  

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No Hospital Municipal Souza Aguiar, foram feitos 2 700 atendimentos, 339 internações, 206 cirurgias e 2 200 tomografias. No Hospital Municipal Miguel Couto, foram feitos 2823 atendimentos, 437 internações, 264 cirurgias e 1199 tomografias. No Hospital Municipal Lourenço Jorge, foram realizados 2191 atendimentos, 201 internações, 156 cirurgias, 931 tomografias. No Hospital Municipal Albert Schwitzer, foram feitos 3383 atendimentos, 309 internações, 97 cirurgias e 676 tomografias.

No Hospital Municipal Pedro II, foram realizados 2282 atendimentos, 327 internações, 37 cirurgias, 646 tomografias. No Hospital Municipal Rocha Faria, foram feitos 7578 atendimentos, 1579 internações, 129 cirurgias e 220 procedimentos obstétricos. No Hospital Municipal Evandro Freire, foram realizados 1992 atendimentos, 82 internações, 48 cirurgias. Isso é o que estava sendo feito na rede municipal de saúde enquanto a Globo, selecionando casos individuais negativos, proclamava a necessidade de intervenção no sistema.

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Por quê tudo isso? Por quê anarquizar todo um sistema de interesse público sem qualquer consideração real com a saúde das pessoas? Tudo por ambição. A Globo faturava R$ 150 milhões anuais de publicidade no governo Eduardo Paes. Crivella, mesmo se quisesse, não teria facilidade de manter essa mamata porque herdou uma economia municipal em crise. Cortou essa possibilidade. A Globo não se conformou. Fez do prefeito seu inimigo número um. Não podia atacá-lo por corrupção, como é o padrão do lawfare. Inventou a incompetência. 

A empresa jornalística sequer reconheceu a situação financeira do Rio herdada por Crivella. Além de um bilhão de reais de uma dívida emergente, o Prefeito se defrontou com uma crise financeira gigantesca resultante da queda de receita fiscal devida à prolongada recessão no país e, sobretudo, da virtual eliminação dos investimentos da Petrobrás no Comperj, vítimas que todos fomos da estupidez do lawfare da Lava Jato, que não soube distinguir empresários e executivos corruptos de empresas e seus empregados inocentes.

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Em lugar de reconhecer essas dificuldades, a Globo estimulou todo o tipo de lawfare contra a Prefeitura, apoiando a interdição da pista de ciclismo do Vidigal contra o parecer dos técnicos do município, com o objetivo único de desgastar a imagem do Prefeito, até a pornográfica manutenção da exploração da Linha Amarela nas mãos de empresa indiscutivelmente inidônea. Tudo isso é um excesso. A Globo tem que ser submetida a um Tribunal Ético para abandonar suas pretensões de achacar e mandar no Brasil.

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