O apodrecimento do governo Bolsonaro

"O Brasil é muito maior do que essa visão elitista, atrasada, preconceituosa, obscurantista e de estado mínimo, que está no centro da política neoliberal, defendida por Guedes e Bolsonaro e que fracassou em todo o mundo", escreve o presidente da Fundação Perseu Abramo e ex-ministro Aloizio Mercadante

(Foto: ABr)


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Uma das faces mais cruéis do governo Bolsonaro é completa falta de solidariedade, a ausência da capacidade de se colocar no lugar do próximo e a carência de entendimento das aflições humanas. Até pouco tempo, era inimaginável pensar que mais de um ministro e generais de quatro estrelas teriam que se vacinar escondidos. Também era impensável que um ministro pudesse reclamar que o filho do porteiro chegou à universidade ou que uma empregada doméstica conseguiu viajar para a Disney. 

Essas declarações e essas atitudes dão a medida do grau de degradação civilizatória a que chegou o governo Bolsonaro. São atitudes típicas de um governo obscurantista que aprofunda a divisão e o sectarismo do povo brasileiro e que se mostra cada vez mais autoritário frente a completa incapacidade de apresentar soluções para o país. Um governo cada vez mais pressionado pelo seu fracasso, que perde apoio popular e aumenta sua rejeição rapidamente. Um governo que está em processo acelerado de apodrecimento. 

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A educação é o passaporte para o futuro do Brasil. Entre as conquistas que tenho mais orgulho de ter participado em minha vida pública estão a ampliação da rede de Universidades e dos Institutos Federais de Educação e a aprovação da Lei de Cotas. Assegurar um acesso diferenciado para os estudantes das escolas públicas, os filhos da pobreza, negros e indígenas mudou a história da educação pública brasileira.  

O ProUni e a reformulação do Fies também foram fundamentais para abrir oportunidades para cerca de 16 milhões de estudantes que já tinham concluído o ensino médio, mas que não acessaram a educação superior. Foram, junto com a completa reformulação do Enem, um conjunto articulado de políticas públicas educacionais, que contribuíram para que os mais pobres e as minorias, historicamente excluídos do processo de desenvolvimento, tivessem a oportunidade de sonhar e  de viver um futuro melhor. 

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Antigos preconceitos, como o argumento de que as políticas de acesso diferenciado ao ensino superior iriam comprometer a qualidade das nossas universidades já ruíram. Estudos diversos e rigorosos apontam que o desempenho de cotistas nas universidades públicas e dos alunos do ProUni, por exemplo, é similar ao dos demais estudantes não cotistas. Os estudantes do Fies ainda possuem um desempenho um pouco inferior. 

O resultado dessa opção política de enfrentar a desigualdade é que, em 2015, 35% dos participantes do Enade foram os primeiros das suas famílias a concluírem o ensino superior. Além disso, em 2020, pela primeira vez na história os negros passaram a ser maioria em nossas universidades. São mudanças intergeracionais e estruturais na educação superior brasileira. 

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O Brasil é muito maior do que essa visão elitista, atrasada, preconceituosa, obscurantista e de estado mínimo, que está no centro da política neoliberal, defendida por Guedes e Bolsonaro e que fracassou em todo o mundo. Já provamos que, com gestão qualificada e com o compromisso de governar para todos, mas especialmente para os que mais precisam, é possível combinar estabilidade econômica, crescimento sustentado, paz, justiça social, orgulho, soberania nacional e projeção e respeito internacional.   

Não tenho dúvidas que, em breve, o Brasil se reencontrará com sua verdadeira vocação e com uma cultura de paz e de solidariedade e com a justiça social. Sigo acreditando, lutando, sonhando e, como diria o grande professor Paulo Freire, esperançando que um país de todos e para todos é possível. 

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