O amor nos tempos de Bolsonaro
Solnik compara clássica canção à música atual e resume: "retrato perfeito da arte e do amor nos tempos de Bolsonaro"
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A caminho do supermercado, eu cantarolava trechos de uma das mais belas canções de amor de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, de 1958, tempos de JK, Brasilia, desenvolvimento, esperança.
Eu sei que vou te amar…/ Por toda a minha vida eu vou te amar/ em cada despedida eu vou te amar/ desesperadamente eu sei que vou te amar/ Eu sei que vou chorar/ a cada ausência tua eu vou chorar/ mas cada volta tua há de apagar/ o que a ausência tua me causou…/ Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver/ à espera de viver ao lado teu/ por toda a minha vida/.
Aí volto para casa e me deparo na capa da Folha Ilustrada com duas fotos enormes de dois jovens cantores sertanejos de sucesso. Ou agronejos, como eles preferem.
Ela, Ana Castela, 18 primaveras, é a atual recordista nacional da parada de sucessos. “Pipoco”, que ela assina em parceria com Melody, é a música brasileira mais executada no Spotify.
A letra diz:
“Se prepara/ as boiadeira não dá pra encarar/ bota, fivela e chapéu karandá/ batom vermelho pros playba chorar./ Nós tá embaçada/ na galopada/ nem oito segundo/ o peão não aguenta com essa sentada./ Meu beijo vai te viciar/ minha pegada vai fazer você gamar/ debaixo do meu chapéu não vai mais sair/ eu sou o combo perfeito para iludir/.
É o retrato perfeito da arte e do amor nos tempos de Bolsonaro.
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