Novos atores no cenário político brasileiro

José Serra, ministro das relações exteriores, sem qualquer qualificação para o cargo e bronco nas relações, está correndo o mundo para vender parte do Brasil, especialmente  a privatização de bens públicos e o pre-Sal

Senador José Serra (PSDB-SP) concede entrevista. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador José Serra (PSDB-SP) concede entrevista. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado (Foto: Leonardo Boff)


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Ocorrem coisas estranhas no reino que  não é da Dinamarca mas do Brasil: uma presidenta é afastada por erros menores de administração financeira que ocorrem em todo os governos no mundo inteiro e que não representam motivos para sua destituição pelo simples fato de não haver proporção entre o eventual erro e a pena máxima. É  pretexto para outra coisa.

         Recentemente descobriu-se por gravações entre líderes da oposição, nomeadamente do PMDB e do PSDB com um dos diretores da Petrobrás que  o real motivo do afastamento da presidenta não era tanto a alegada irresponsabilidade fiscal. O afastamento era necessário para encerrar a investigação na Petrobrás, do famoso Lava-Jato, que envolvia corruptos não só do PT mas  dos principais partidos: ministros, senadores e deputados da oposição. Para escaparem dos processos e das prisões, precisavam encerrar aquela “sangria desatada”(R. Jucá) que envolvia milhões e milhões de dólares, ameaçando os políticos.

         Essa é a  razão rasa do processo de impeachment da Presidenta. Bem disse Noam Chomsky que vive com uma brasileira, trata-se de “um bando de ladrões acusando uma mulher inocente, contra a qual sequer há indícios de crime.” Esse bando se uniu com o conspirador-mor, o vice-presidente Michel Temer, com setores do próprio STF, conivente e omisso. com a PF e o MP para escaparem ilesos de seus crimes e salvarem suas carreiras políticas. A intenção originária e perversa era desestabilizar o governo do PT, o que em parte conseguiram, apoiados por uma imprensa conservadora e caluniosa, das mais concentradas do mundo. Buscava-se desconstruir a figura carismática de Lula. Elites regressivas, saudosas da Casa Grande, buscam o poder que perderam nas eleições e consideram inaceitável a ascensão dos pobres na vida social e universitária.

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         O vice-presidente, um homem fraco e sem qualquer liderança, esqueceu-se que era vice e que deveria substituir a presidenta, enquanto durasse o  processo contra ela, mantendo a máquina governamental. Sequestrou o cargo como se fosse presidente, com um projeto político não apresentado ao povo, montando todo um governo novo com  gente da pior espécie política, alguns acusados por corrupção, todos brancos e ricos.  Os ministérios que tinham alma (como da Cultura, dos Direitos Humanos, das Mulheres, da Diversidade racial, nos Negros e Índios e outros) foram reduzidos ou abolidos ficando apenas com aqueles que são esqueletos da administração (planejamento, fazenda e outros)

         Como é sabido, e a jornalista canadense Noemi Klein,  o explicitou há dias numa entrevista sobre a situação do Brasil: em momentos de crise e de caos político, o propulsores do projeto radical do neoliberalismo, projetado pelos “chicagoboys”(Milton Friedman) aplicam sem piedade a “Doutrina do Choque”. Aproveitam a fraqueza das instituições e do poder central para impor seu projeto absolutamente anti-popular e anti-social que privatiza bens públicos, corta benefícios sociais para beneficiar as classes endinheiradas. Pois esse projeto descaradamente liberal está sendo imposto ao povo brasileiro.

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         José Serra, ministro das relações exteriores, sem qualquer qualificação para o cargo e bronco nas relações, está correndo o mundo para vender parte do Brasil, especialmente  a privatização de bens públicos e o pre-Sal.

         Vale recordar que a população já se deu conta das tramoias golpistas. Onde quer que apareçam deputados ou senadores nos aeroportos ou ruas são apupados de golpistas ou submetidos a “escrachos”. O vice presidente sequer pode sair de casa em São Paulo ou do palácio em Brasília pois as multidões gritam ”fora Temer”. Sua popularidade está por 1% de aceitação. Só mesmo a vaidade o mantem no poder, pois não passa de um figurante de forças que o manejam como o grupo do mafioso, corrupto e chantagista de Eduardo Cunha. O  silêncio de setores do STF está na tradição de 1964, como apoiadores do golpe, contra qualquer ética jurídica e imparcialidade como é o caso inegável do Ministro Gilmar Mendes.

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         Mas um novo sujeito político surgiu nas últimas semanas: as multidões nas ruas, gritando pela democracia e “fora Temer”. Protagonistas estão sendo as milhares de mulheres, revoltadas contra a cultura do estupro e também em solidariedade à mulher Dilma. vítima do inveterado machismo brasileiro.

         Outro protagonista novo são jovens de todas as idades, conscientemente distanciados dos partidos mas que reclamam por democracia, ocupam escolas por melhor educação e cobram reformas. Todos os dias são milhares e milhares enchendo as ruas com suas bandeiras e músicas. Seguramente, quem vai derrubar o impeachment serão  as ruas. Os senadores pró-impeachment muito  deles sob acusações, dificilmente se livrarão, pela vida afora, do epíteto de  golpistas.

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