Nove motivos a mais para o Fora Bolsonaro seguir nas ruas
Reunindo ou não multidões, embora eu entenda que há clima para mobilizar pelo menos amplos setores das vanguardas social e política do país, penso que estamos diante de um imperativo moral e político
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1) Epidemia com resultado morte
2) Infração de medida sanitária preventiva
3) Charlatanismo
4) Incitação ao crime
5) Falsificação de documento particular
6) Emprego irregular de verbas públicas
7) Prevaricação
8) Crimes de responsabilidade
9) Crimes contra a humanidade
Fora esse megaindiciamento de Bolsonaro feito pela CPI, motivado pelo comportamento criminoso dele e de seu governo durante a pandemia, permanecem presentes, e até agravadas, todas as outras razões que levaram um número enorme de pessoas a se mobilizarem em vários atos nacionais realizados nos últimos meses pedindo o afastamento do presidente da República.
Nada menos do que 20 milhões de pessoas seguem passando fome e disputando ossos de animais nos mercados; mais de 100 milhões sofrem de algum nível de insegurança alimentar; em torno de 14 milhões de brasileiros e brasileiras estão desempregados e outros 40 milhões sofrem os efeitos do trabalho precarizado.
O gás de cozinha custa mais de R$ 100; os alimentos, inclusive os gêneros da cesta básica, se mantêm com preços proibitivos para a grande maioria; os ataques à democracia e as ameaças de golpe se sucedem, bem como os incêndios nos biomas do país e o incentivo ao extermínio dos povos originários .Enquanto isso, Bolsonaro coleciona impunemente crimes de responsabilidade.
Isto posto, causam preocupação as notícias da imprensa dando conta de problemas na condução do movimento nacional Fora Bolsonaro. Nas entrelinhas, é perfeitamente possível identificar até mesmo uma certa dose de desânimo entre seus líderes.
Esse sentimento se expressa inclusive quando os organizadores resolvem cancelar a próxima rodada de manifestações, cuja data apontada era 15 de novembro.
A leitura que se faz da decisão de pegar carona nos atos marcados pelo movimento negro para 20 e novembro, Dia da Consciência Negra, e cancelar a organização da manifestação específica do Fora Bolsonaro, é que reina a insegurança quanto aos próximos passos do movimento.
O que se comenta nos bastidores dos partidos e movimentos sociais que encabeçam as mobilizações é que haveria uma certa insatisfação quanto ao número de pessoas presentes aos protestos de 2 de outubro último. Comparações desfavoráveis para a oposição de esquerda em relação às mobilizações fascistas de 7 de setembro estariam no centro desse debate.
Na minha visão, são entendimentos frágeis e em claro descompasso com a realidade e a conjuntura política. Senão vejamos:
- De maio ou junho para cá, não lembro bem quando aconteceu o primeiro protesto, a esquerda conseguiu promover manifestações mais concorridas do que muitas promovidas pela extrema-direita.
- Como fui a todos os atos aqui no Rio de Janeiro, posso até concordar com a avaliação segundo a qual se esperava uma adesão maior em 2 de outubro e que os atos em todo ao país foram menores em relação aos anteriores. No entanto, sua abrangência nacional e internacional – houve mobilizações em quase 300 cidades do país e 17 países do exterior- mostra que estiveram longe de ser um fracasso. Para além dessa constatação, depois de tudo somado e considerado, o 2 de outubro até reuniu mais gente do que a tentativa de golpe de 7 de setembro, que se concentrou basicamente no Rio, São Paulo e Brasília.
- A palavra de ordem Fora Bolsonaro transcende aos cálculos sobre a viabilidade política e temporal da instalação de um processo de impeachment. Seja pelo dever de qualquer democrata de lutar para apear um delinquente da presidência da República, ou porque o grito “Fora Bolsonaro” traz consigo a rejeição civilizatória a tudo de nefasto que ele representa, abandonar as ruas seria um grave equívoco.
Reunindo ou não multidões, embora eu entenda que há clima para mobilizar pelo menos amplos setores das vanguardas social e política do país, penso que estamos diante de um imperativo moral e político. Qual o sentido de desperdiçar a oportunidade oferecida pelo relatório da CPI de ir para cima de Bolsonaro e aprofundar ainda mais sua enorme rejeição?
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