Nova Inconfidência contra bancocracia especulativa



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Nova Tiradentes

Maria Lúcia Fattorelli, há 20 anos, coordenadora do movimento nacional pela Auditoria Cidadã da Dívida, aliou-se à Red Internacional de Cátedras, Instituciones y Personalidades sobre el Estúdio de la Deuda Pública(RICDP), para debater, semana passada, em seminário virtual internacional, o endividamento público dos países capitalistas periféricos, cuja expansão especulativa representa causa principal do empobrecimento e bloqueio ao desenvolvimento econômico sustentável, a barrarem melhor distribuição da renda e justiça social, na América Latina e no mundo.

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Mineira de BH, graduada, pela UFMG, em Administração e Ciências Contábeis, Auditora Fiscal da Receita Federal desde 1982, especialista em contas públicas, Maria Lúcia se notabilizou, a partir de 2007, ao participar da auditoria da dívida pública do Equador, convocada pelo presidente nacionalista Rafael Correa.

O trabalho, que despertou toda a América Latina para o que ficou denominado Sistema da Dívida, crescimento endógeno das dívidas públicas, na base da especulação financeira, pela banca, ganhou o mundo.

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A Grécia, depois do estouro dos derivativos de dólares, com falência do banco americano Lehman Brothers, em 2008, buscou luzes no trabalho do presidente nacionalista Correa; falido, o governo grego, esquartejado pela financeirização, convidou Maria Lula para lá participar do mesmo trabalho, que transformou a Auditoria Cidadã alvo internacional para debater o assunto.

Desde os anos 1990, Maria Lúcia, observadora atenta da Receita Federal, no Congresso, em defesa da pregação constitucional pela auditoria da dívida, a cada cinco anos, viu seu trabalho sistemático ser boicotado pelo sistema financeiro, resistente à determinação da Constituição de 1988.

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No Equador, porém, o trabalho dela foi valorizado e viralizou.

Seu trabalho ajudou a desnudar artimanha dos bancos, no processo de financiamento da dívida pública equatoriana, em que, apenas, 40% do seu total eram registrados; os restantes, 60% representavam manipulações e fraudes.

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Hora de virar o jogo

A Auditora brasileira comprovou ser o endividamento público equatoriano não mecanismo de financiamento do desenvolvimento, mas instrumento de sobreacumulação especulativa de capital.

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As investigações no Equador evidenciaram distorções acumuladas responsáveis por mais da metade do total da dívida pública equatoriana.

Removidas distorções e fraudes, graças à auditagem fiscal, pôde o Estado equatoriano retomar desenvolvimento médio de 8% ao ano, sem pressões inflacionárias, graças à melhor distribuição da renda que a tarefa de expor as falcatruas bancárias proporcionou.

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O mesmo aconteceu, no Brasil, a partir de 1931, quando Getúlio Vargas mandou auditar a dívida e comprovou que apenas 40% do seu total estava legalmente registrado; o resto era falcatrua.

Combatida e ultrapassada a corrupção financeira, herdeira da República Velha, dominada, financeiramente, pelos bancos ingleses, o país cresceria quase 9% ao ano, com juro baixo para dinamizar produção e consumo, alavancando industrialização nacional, graças à criação de empresas estatais de petróleo, energia, siderurgia, gás etc.

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O trabalho de Getúlio despertou o ódio da banca, como, hoje, desperta a mesma tarefa de Maria Lúcia Fattorelli, de expor criminosa e antinacionalista política monetária do BC, orientada pelo sistema financeiro oligopolizado.

Antinacionalismo monetário

Para ela, o BC, dominado pela banca, impõe escassez monetária para sustentar taxa de juro que chega a quase 400% ao ano no cartão de crédito dos consumidores.

Os bancos, com excesso de caixa, recusam a irrigar o mercado, afetado por crônica insuficiência de consumo que tal política antinacional proporciona, e pressionam o governo a recolher suas reservas, trocando-as por títulos da dívida pública, submetida à especulação.

Os lucros dos bancos, ao ritmo dos juros compostos, juros sobre juros, anatocismo criminoso, condenado pela Súmula 121, do Supremo Tribunal Federal, multiplicam-se, exponencialmente.

Vivem, portanto, capitalismo sem risco.

A mais recente conquista deles, tenazmente, combatida pela Auditoria Cidadã da Divida, foi a de levar o Congresso a aprovar remuneração das suas sobras diárias de caixa, transformando-as em depósitos voluntários no BC.

Os lucros obtidos por essa operação vão, naturalmente, não para empréstimos à produção e ao consumo, mas para compra de mais títulos do Tesouro, produzindo cirando financeira infernal.

Fazendo pressão permanente sobre o Congresso, os bancos fogem, constantemente, da exigência constitucional, de auditagem da dívida. A tenaz investigação da Auditoria Cidadã da Dívida a essa prática especulativa do mercado levou Maria Lúcia ao reconhecimento internacional.

Conquista internacional

Historicamente, o sistema da dívida tem se expandido no rastro das crises monetárias, especialmente, a partir dos anos de 1970 e 1980.

Por manterem dólar forte, nos anos 1970, os Estados Unidos, abalados por déficits comerciais, advindos da guerra fria e da guerra do Vietnan, decidiram, para salvar sua moeda, dar cavalo de pau na sua política monetária: descolaram o dólar do padrão ouro, deixando-o flutuar, alterando, portanto, regras fixadas em Bretton Woods, no pós-guerra, em 1944.

A oferta de dólar expandiu, exponencialmente, ao lado do aumento do preço do petróleo, e a dívida internacional, a juro baixo se ampliou, até que, em 1979, o Banco Central americano, pressionado pelos bancos, temerosos de calote internacional, subiu a taxa de 6% para 22%.

Resultado: abalo financeiro internacional, cujas consequências foram, principalmente, bancarrotas das economias periféricas, como a brasileira.

Entrou em cena, em 1989, o Consenso de Washington, para enquadrar todo mundo nas políticas neoliberais articuladas pelo FMI e Banco Mundial: privatizações, desemprego, câmbio flutuante, metas inflacionárias, superávits primários e liberação do controle de capitais.

A reprodução acelerada de capital passou a ser determinada não mais pela economia real da produção e do consumo, regada pelo crédito, arrochado pelos credores, mas pela especulação financeira.

Expandiram dívidas internas e externas, públicas e privadas, com aval estatal.

O endividamento público vira instrumento de financeirização econômica internacional expansionista à custa do empobrecimento dos endividados, obrigados a se submeterem aos ajustes fiscais neoliberais impostos pelos credores.

Marco histórico

A Auditoria Cidadã da Dívida, no Brasil, com o trabalho de Maria Lúcia, surge como marco histórico que a leva, na prática, ao perfil de uma nova Tiradentes, resistente às políticas neoliberais, que impõem sacrifícios crescentes à humanidade, como resultado da expansão sem limites da globalização financeira.

No momento em que Minas Gerais completa 300 anos de história, marcada, ao longo do século 18, pelas resistências sociais à exploração colonial portuguesa, que levou aos movimentos de 1720, Revolta de Vila Rica(Ouro Preto), capitaneada por Felipe dos Santos, e da Inconfidência Mineira, de 1789, liderada por Tiradentes, a mineira Fattorelli, com a fibra feminina de especialista em finanças públicas, eleva sua voz no mundo para denunciar a exploração neocolonial imposta pelo sistema da dívida.

Nem a Globo, nem a CNN, nem jornal conservador algum, porta vozes do capital financeiro internacional, ninguém deu pelota para o seminário realizado semana passada com especialistas internacionais sobre o assunto.

Estranho seria se desse, mas Maria Lúcia, seguramente, destaca-se, em meio a essa conspiração do silêncio, na voz brasileira e latino-americana mais importante do mundo diante da neocolonização financeira globalizada.

https://www.youtube.com/watch?v=JUDce2MP_8o

https://www.youtube.com/watch?v=rB4TCY0yf_A

https://www.youtube.com/watch?v=R5W6vruiBX0

https://www.youtube.com/watch?v=VL-bBVDJoE4

https://www.youtube.com/watch?

https://www.youtube.com/watch?v=qy8dytywCak&feature=youtu.be

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