Nosso destino será decidido nas ruas

"Firmar posição contra Bolsonaro passou a ser um imperativo inescapável a todos os brasileiros minimamente comprometidos com a razão e a favor da vida", escreve o jornalista Ricardo Bruno. "Se não foi possível pôr fim a este impasse institucional pela negociação, talvez as ruas, impregnadas pela indignação, se encarreguem de fazê-lo"

(Foto: Pam Santos)


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O debate não é somente ideológico embora a ideologia perpasse todas as outras abordagens. Firmar posição contra Bolsonaro passou a ser um imperativo inescapável a todos os brasileiros minimamente comprometidos com a razão e a favor da vida. O País está imerso na mais grave crise sanitária de sua história, durante a qual 35 mil cidadãos tombaram diante da fanfarronice irresponsável de um presidente que não administra, não planeja, não concilia, não negocia, não governa. Somos o epicentro da pandemia e seguimos sem ministro da saúde, sem testes em massa, sem respiradores e sem leitos. E agora, sem informação. Bolsonaro quer combater o vírus sonegando dados sobre o seu avanço. Ao lado, mortes se avolumam, inequivocamente provocadas pelo comportamento criminoso do presidente.

Por mais que se peça para todos ficarem em casa dada a gravidade da tragédia amplificada pelo  desgoverno reinante, setores da sociedade brasileira já não suportam conviver com este descalabro. O perigo de morte, próprio de um mal indômito, incontrolável pela ciência, já não amedronta, já não é suficiente para evitar os protestos nas praças e ruas. Nem mesmo a possibilidade de morte detém a parcela dos brasileiros indignados e ameaçados por um governo perigosamente abúlico.

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A exemplo do que aconteceu em 1968, quando manifestações contra a convocação de jovens para guerra do Vietnam nos Estados Unidos conflagraram o mundo, a morte de George Floyd parece o estopim de um destampatório mundial contra governos autoritários. É verdade que 68 gerou apreensão e medo, produzindo atraso com Richard Nixon. Contudo, as situações obedecem a dinâmicas diferentes. O democrata Lyndon Johnson , presidente após a morte de John Kennedy,  foi responsável pela trágica convocação de quase 500 mil jovens americanos para o front, acirrando descontentamento e protestos por todo o país. A volta do partido Republicano com Nixon seria, portanto, a troca de eixo da política americana, exigida pela turbulência das ruas que trouxe medo e conflagração no governo LBJ.

Ao contrário, o Brasil insurgente se dá sob Bolsonaro. Os 70% da Nação que exigem mudanças clamam também por seu afastamento, pelo fim deste pesadelo que acometeu o país desde sua eleição. Não se trata de o governo ser de direita, o que mereceria no máximo a oposição legítima dos antípodas. Mas sim de o pais estar nas mãos de um presidente mentalmente incapaz, que não governa – produz desassossego, destemperança, ódio e mortes. Se Bolsonaro desse curso apenas a um projeto neoliberal estaria cumprindo sua promessa de campanha e teria, no limite, a legítima e dura oposição da esquerda.  Mas é muito pior: ele está produzindo mortes, sob gargalhadas em manifestações antidemocráticas. Repito: são 35 mil vidas. Até quando?

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Nossas instituições democráticas, Supremo e Congresso, tem sido demasiadamente tímidas nas respostas a Bolsonaro, neste cenário de caos. A cautela institucional caminha na contramão da aceleração do número de mortes e do agravamento da crise econômica. Brasileiros morrem e o país se derrete como um sorvete. Talvez por isto, diante desta lamentável letargia, as ruas voltaram a ser ocupadas em protesto contra o presidente. Se não foi possível pôr fim a este impasse institucional pela negociação, talvez as ruas, impregnadas pela indignação, se encarreguem de fazê-lo. Pra um ou outro lado, algo deve acontecer, a partir deste crescente e irrefreável protagonismo de massas. Não há certezas quanto ao desfecho. Torço e luto pelos 70%. Pela democracia!

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