Nos Estados Unidos a desigualdade aumenta

A nação que surgiu rejeitando a tradição europeia de uma aristocracia hereditária e de riqueza rentista torna-se cada vez mais excludente e desigual com seus cidadãos



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O livro mais vendido atualmente nos Estados Unidos está desfazendo o sonho de que todo americano pode enriquecer. "O capital no século XXI", de Thomas Piketty, professor de economia em Paris, demonstra que antigos mitos americanos, como trabalho, mérito e competição, estão sendo destruídos pelo aumento da desigualdade e da riqueza herdada.

As pessoas que já são ricas estão se tornando ainda mais prósperas, e as fortunas sendo herdadas e não feitas, argumenta Piketty. A nação que surgiu rejeitando a tradição europeia de uma aristocracia hereditária e de riqueza rentista torna-se cada vez mais excludente e desigual com seus cidadãos. Uma mudança em direção à oligarquia.

O best-seller transformou o autor francês numa celebridade mundial. Sua recente aparição na Universidade Municipal de Nova York teve imensa repercussão. Quem seria esse esquerdista que com suas inúmeras estatísticas prova que nos últimos anos a distância entre ricos e pobres tem aumentado demasiadamente?

continua após o anúncio

Para frear tamanha disparidade, Piketty sugere uma profunda reforma fiscal e diz que são necessárias medidas radicais de redistribuição, como um "imposto mundial sobre o capital."

Pesquisa divulgada pela maior federação sindical dos Estados Unidos reforça o estudo: executivos do país ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio. Como comparação, em 1950, essa relação era de 20 pra 1. Quer dizer, o discurso que um mercado autorregulador, com a menor intromissão possível do Estado, traria um maior bem-estar a todos, revelou-se equivocado. A economia mostra-se extremamente concentradora, aumentando mais o abismo social.

continua após o anúncio

Governos e agentes econômicos tentam se aprofundar no assunto. O próprio FMI, órgão máximo da ortodoxia neoliberal, divulgou, recentemente, um estudo sobre os efeitos negativos da desigualdade no crescimento econômico e na estabilidade política. Sua diretora-gerente, Christine Lagarde, advertiu que desigualdade gera "uma economia de exclusão" e que ameaça "o precioso tecido que mantém unida nossa sociedade."

Estados Unidos e Europa começam a enxergar que o modelo que os levou à crise de 2008 e que, de forma menos intensa, perdura até hoje, pode estar contribuindo para um desastre maior à frente, já que, a continuar assim, a desigualdade só tende a crescer.

continua após o anúncio

É lógico que as forças conservadoras não acatarão o elevado aumento dos impostos proposto por Piketty. Seria ingênuo pensar o Congresso americano aprovando tais reformas. Mas o tema já é pauta mundial.

O próprio Papa Francisco tem se posicionado de forma muito crítica, chamando todos nós à uma profunda reflexão: " a desigualdade é a raiz dos males sociais." Nessa sua cruzada contra uma sociedade baseada em privilégios, a esperança cresce, e muito, ao ouvir o pontífice tornar prioritário o combate à crescente desigualdade de renda, atacar a "idolatria do dinheiro" e dizer, simplesmente, que as pessoas precisam de "trabalho, educação e saúde dignos."

continua após o anúncio

O mundo não pertence só aos afortunados. O mundo é pra todos.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247