Nordeste não apoiou junho de 2013

"Nordeste sinalizou sua vocação progressista", diz Eduardo Guimarães sobre as jornadas de junho de 2013, "um erro com consequências que se eternizariam"

Manifestações de Junho de 2013
Manifestações de Junho de 2013 (Foto: Agência Brasil)


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Pesquisa Ipec recém-divulgada mostra como as famigeradas "jornadas de junho de 2013" foram um dos maiores erros do campo progressista -- e só não é maior do que a Luta Armada contra a ditadura militar, que deu a ela a desculpa que precisava para se eternizar. 

A pesquisa é densa e revela, uma década depois, como a direita soube enxergar claramente o erro que a esquerda cometia ao atacar com tanta fúria um governo de... ESQUERDA -- no caso, o governo Dilma Rousseff.

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Assim como era previsto, hoje uma enorme parcela da sociedade que apoiou tudo aquilo se finge de morta -- ou, melhor dizendo, de amnésica. No Sudeste, 40% dizem ter "esquecido" as manifestações de 2013. 

Detalhe: foi no Sudeste que tudo começou e onde ocorreram as maiores manifestações. 

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Esse fenômeno da "amnésia" quando não convém lembrar de erros cometidos lembra bem processo análogo que foi desencadeado após o impeachment de Fernando Collor de Mello, quando a grande maioria negava tanto ter votado nele, dando a impressão de que se elegeu sem votos. 

Não foi à toa que essa pesquisa mostrou um quadro bem condizente com esta versão sobre aquele período histórico que vem sendo tão escrutinado. O Sul (PR, SC e RS) foi a região que mais apoiou uma iniciativa da esquerda que ressuscitou a extrema-direita. 

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Mas já naquela época foi o Nordeste que sinalizou sua vocação progressista, tendo se tornado a região do país que menos apoiou um processo que bastava um pingo de bom senso para perceber que era um erro com consequências que se eternizariam. 

Para 30% dos nordestinos, as consequências das manifestações foram "muito negativas". As taxas são menores para residentes do Sudeste (18%) e Sul (21%).

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Há um dado muito curioso nessa pesquisa e que revela como a hipocrisia se agigantou no país. Passados dez anos, um terço das pessoas pesquisadas não soube dizer (ou não quis dizer) se os protestos de 2013 teriam sido positivos ou negativos para o país. 

Aliás, a pesquisa mostra que o mesmo fenômeno relativo a Collor já se reproduz para Bolsonaro. Uma parcela significativa desse grupo que não quer falar sobre 2013 (18%) "não soube dizer" em que votou na última eleição, de 2022, no segundo turno (!?)

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O apoio à Lava Jato também se concentrou nos entusiastas de junho de 2013, como a ex-candidata do PSOL à Presidência em 2014, Luciana Genro. Artigo de sua lavra, publicado em 17 de janeiro de 2017 no jornal gaúcho Zero Hora, tinha como título a premissa "Hora de defender a Lava Jato". 

Hoje, estão todos "esquecidos". E "esquecer" os erros do passado é o melhor caminho para cometer erros análogos no futuro. 

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Mais uma vez, porém, o Brasil nordestino pauta o Sul Maravilha. Assim como a força de Lula veio do Nordeste, a razão sobre junho de 2013 também imperou onde as pessoas parecem ser mais lúcidas e cientes da urgência de um governo popular que entenda a nossa política. 

Viva o Nordeste!

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