No faroeste chamado Brasil, os bandidos vencem os duelos
"No mundo atual não há mais a divisão Direita X Esquerda na condução das políticas dos países. Há aqueles que não acreditam em normas, ciências e leis se contrapondo aos que ainda as obedecem. Bandidos X Mocinhos, no melhor estilo Sérgio Leone de western Spaghetti", escreve Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia
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Por Hildegard Angel, para o Jornalistas pela Democracia - Em seu programa na CNN Internacional, a jornalista Christiane Amanpour entrevistou o governador Andrew Cuomo, do Estado de Nova Iorque, que apresentou os bons resultados do distanciamento social nos índices do Corona. Antes de o distanciamento ser praticado, o número de infectados com o vírus no estado dobrava, em dois ou três dias. Agora, com o novo procedimento, os contaminados dobram em seis, sete dias.
Ato contínuo, Christiane abordou o enfoque de Trump, que prioriza a questão da economia, negando a gravidade da doença, e pelos seus seguidores presidentes de outros países. Bolsonaro foi apresentado diante do Planalto, falando da “gripezinha”, e o presidente do México, em discurso, pedindo à população que ignore os alertas médicos, que se abracem (faz o gesto do abraço) e comam juntos. Imagens dignas de um filme de faroeste, em que bandidos, sonegadores, falsários, contraventores se unem num mesmo bando poderoso, desafiando a lei.
Sim, no mundo atual não há mais a divisão Direita X Esquerda, na condução das políticas dos países. Há aqueles que não acreditam em normas, ciências e leis se contrapondo aos que ainda as obedecem. Bandidos X Mocinhos, no melhor estilo Sérgio Leone de western Spaghetti.
Nesse faroeste, os john waynes são os homens da ciência, lutando galhardamente para difundir a prevenção através dos procedimentos corretos, e os malfeitores, mack the knife, são os propagadores das informações enganosas, defensores da sobrevivência de seus negócios, e não da espécie humana. O time dos Giraffas, Maderos e Justus contra o time dos médicos, Drauzios, Padilhas e Dalcomos.
Nos Estados Unidos, o grande cientista dr. Anthony Fauci, famoso por sua contribuição aos avanços no tratamento da AIDS, é massacrado por infâmias e fake News nas redes sociais, desde que se tornou o rosto da ciência na luta contra o coronavírus no país. Fauci tem enfrentado dois inimigos: a doença e o vírus das desinformações, muitas vezes partindo do próprio governo, no qual é membro da força tarefa da Casa Branca contra a pandemia do coronavírus. Respeitadíssimo, chamado pelo New York Times de “o líder da Nação em doenças infectocontagiosas”, Fauci é alvo dos piores impropérios e ofensas, pelos raivosos pró Trump.
Não temos, no Brasil, a mesma sorte dos americanos de ver um cientista não se dobrar às ambições políticas e econômicas à frente desse combate crucial. O ministro Luiz Henrique Mandetta é um membro do DEM, um médico inicialmente parecendo zeloso, mas que, ao primeiro espirro do patrão, enfiou a ciência no bolso, abdicando de seus próprios alertas anteriores.
Infelizmente, não somos uma Democracia com poderes independentes. Estamos sob a liderança de uma família de ignorantões, ao melhor estilo monárquico absolutista, em que o rei divide as decisões de governo com os três filhos, cada um mais incapacitado do que o outro. Insaciáveis, os “príncipes” atacam nossos parceiros comerciais, poluem as redes sociais com palavrões e perversidades, ameaçam impunemente o Legislativo e o Judiciário, que se mantêm impassíveis, paralisados não sabemos se pelo estupor ou se pela cautela inspirada por coturnos e milícias.
Nesse bangue-bangue de quinta, os mocinhos têm perdido dos fora da lei em praticamente todos os duelos. Quando e como será o The End?
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