No Fantástico, Mandetta pavimenta saída
"A entrevista do ministro Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, na noite deste domingo, é de quem está limpando as gavetas, ainda que não saiba o dia certo da saída", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia. "Ele iria para alguma secretaria de Saúde, como a de Goiás, com o amigo governador Ronaldo Caiado, ou a até a de São Paulo, com João Doria"
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Por Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia
A entrevista do ministro Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, na noite deste domingo, é de quem está limpando as gavetas, ainda que não saiba o dia certo da saída. Mesmo sabendo que, para Jair Bolsonaro, seria politicamente muito complicado demiti-lo agora, Mandetta está, claramente, fazendo o cálculo de que, nas circunstâncias, não vai durar muito no cargo. E resolveu, obviamente, sair bem, no auge da popularidade e com as boas graças do mundo político.
Não fosse assim, e se estivesse apostando realmente numa permanência no governo, o ministro da Saúde sequer teria dado aquela entrevista. Nem corrido o risco de irritar mais um vez o chefe com suas afirmações de que se preocupa com a postura presidencial e com a dubiedade da mensagem que o governo está passando ao público em relação à política de isolamento social: “escuta o ministro ou o presidente?”.
Mandetta disse isso um dia depois de ter assistido a mais uma aglomeração presidencial na visita a um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, e no dia em que Bolsonaro arriscou dizer que “parece que o vírus está começando a ir embora”.
O vírus não está indo embora coisa nenhuma, e infelizmente parece que muitas coisas ruins ainda vão acontecer, com a multiplicação do número de infectados, mais mortes, possível superlotação de hospitais, quem sabe o colapso. E parte do agravamento desse quadro poderá ser resultado do exemplo irresponsável e da política sem noção do presidente da República contra o isolamento.
O médico Mandetta já disse que não vai abandonar o paciente, mas o político Mandetta talvez não esteja achando a possibilidade de demissão tão ruim assim depois que Bolsonaro disse que o paciente pode trocar de médico. Do ponto de vista estritamente político, é o melhor que poderia lhe acontecer agora, antes que as coisas piorem de verdade. Ele iria para alguma secretaria de Saúde, como a de Goiás, com o amigo governador Ronaldo Caiado, ou a até a de São Paulo, com João Doria.
Numa sinalização de que não está politicamente sozinho, o ministro da Saúde deu a entrevista ao Fantástico no Palácio das Esmeraldas, do governador Caiado, do DEM, em Goiânia.
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