No dia das mulheres, Dilma acerta contas com a história
Que o 29 de setembro seja a abertura para um novo tempo para a democracia e para a participação das minorias na vida política do país
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Se as centenas de milhares de pessoas que tomaram as ruas das capitais brasileiras na tarde deste sábado (29), lideradas pelo movimento Mulheres Contra Bolsonaro, deixaram discretos os números das cidades do interior brasileiro, não se pode desconsiderar as duas, quatro, seis mil pessoas que, em cada pequena e média cidade do Brasil, ajudaram a constituir a manifestação como uma articulação de milhões. A maior do campo progressista desde as Diretas Já, desconsiderando as jornadas de junho de 2013, colonizadas pela direita já na primeira hora. Já 2015 é bom esquecer.
Em Juiz de Fora, porém, as milhares de pessoas que foram às ruas, variando as estimativas entre duas e quatro mil, encerraram o ato no momento talvez mais simbólico deste sábado, que passou ao largo da grande mídia. Convidada pela deputada federal Margarida Salomão (PT), a presidenta legítima da República e candidata favorita ao senado por Minas Gerais, Dilma Rousseff (PT), realizou ato público de campanha junto ao líder sindical e candidato à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) Roberto Cupolillo (Betão, PT), além da própria Margarida.
Juiz de Fora receber, num protesto liderado por mulheres contra a ameaça do fascismo por um candidato declaradamente machista, racista e homofóbico, a primeira mulher eleita ao cargo máximo do país, deposta num processo golpista e misógino, já seria em si um momento simbólico. Entretanto, não é apenas disso que está se falando.
O município da Zona da Mata mineira é a cidade de onde partiu o Golpe de 1964, que impôs ao Brasil a ditadura que hoje volta a assombrá-lo. Além disso, e mais importante, é onde Dilma esteve presa e foi interrogada pelos militares, na já histórica foto em preto e branco em que, altiva, ela se vê cercada por militares de cabeça baixa.
“Dilma segue valente, Dilma segue de pé”, diz a música da campanha da presidenta ao Senado. E, em sua valentia, Dilma esteve consciente em deixar os holofotes das capitais para participar do movimento de mulheres na cidade em que um regime de homens fardados, defensores da opressão e do retrocesso, impuseram-lhe a dor da perseguição e da tortura. Na mesma cidade, registre-se, viveram os mesmos horrores o atual governador de Minas e candidato à reeleição, Fernando Pimentel, e o deputado federal e defensor dos direitos humanos Nilmario Miranda, ambos do PT.
“Parece que aqui vocês estão encarnando a legítima indignação do povo brasileiro. A vontade e a necessidade de mudar e de transformar o Brasil. As mulheres de Juiz de Fora fizeram uma manifestação que honra a todas desse país. Ele não!”, afirmou a chefe do Estado brasileiro, puxando a palavra de ordem do movimento, que foi repetida inúmeras vezes pelo público.
Um símbolo desse momento se dá no encontro entre a longa trajetória de luta de Dilma e a juventude da líder do coletivo feminista “Maria Maria”, Laiz Perrut, que integra a Marcha das Mulheres e convocou os atos em Juiz de Fora. A foto é do militante e fotógrafo Igor David. Ao mesmo tempo que segue valente por uma nova caminhada republicana do Brasil, a presidenta ajuda a passar o bastão para as garotas que fazem a história.
“O golpe que nos vivemos é fruto de um processo misógino que derrubou a nossa companheira Dilma Rousseff. E hoje nós estamos aqui, homens, mulheres, LGBTs, negros e negras, para gritar fora Bolsonaro e restituir o país para suas minorias. O país que queremos não é o país do ódio, mas do amor, da compreensão e das oportunidades para todos e todas”, afirmou Laiz, ao lado de Dilma.
Que o 29 de setembro seja a abertura para um novo tempo para a democracia e para a participação das minorias na vida política do país.
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