No 8 de março, é preciso debater a legalização do aborto

"Para além das homenagens, cabe lembrar que a sociedade tem uma dívida institucional com nossas 109,4 milhões de mulheres", escreve Paulo Moreira Leite

(Foto: Mídia NINJA)


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Estou falando do direito ao aborto, conquista que marca a emancipação feminina nos últimos 100 anos. Foi autorizado na Russia em 1921, na Hungria em 1953,  em Cuba em 1965, nos Estados Unidos em 1973, na França e na Austria em 1975, na Espanha em 1985, no Canadá em 1988, no Uruguai em 2012, na  Argentina em 2020, no México em 2021,  na Colombia em 2022, além de outros países que você pode encontrar no google.  

Até hoje, a mulher brasileira não tem palavra final sobre seu corpo e pode ser submetida a um tratamento infame quando insiste em exercer a liberdade sexual na plenitude. Muitas pagam com a própria vida

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A cada dia, 535 mulheres -- em grande parte adolescentes -- procuram ajuda no SUS para enfrentar um aborto. De cada 100 casos, apenas 1 é reconhecido pela legislação em vigor. 

Diariamente, o DataSUS registra que cinco crianças, entre 10 e 14 anos, são internadas após fazer aborto. A cada 10 mortes por aborto registradas na última década, em 6 casos as vítimas eram pretas ou pardas, 4 eram brancas. (Revista Piauí, 24/8/2020). 

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A sociedade que não reconhece esse direito elementar, que diz respeito tanto ao prazer como à função social reprodutora das  mulheres, é a mesma que convive com um deputado que fala que "mulheres são fáceis porque são pobres" e uma ministra que no ano passado montou uma operação para impedir que uma menina de 10 anos fizesse um aborto -- dentro das estreitas brechas legais -- depois de ter sido estuprada em casa, por um tio. 

Na raiz desse comportamento encontra-se a noção de que a repressão aos direitos da mulher é uma medida essencial para a submeter o conjunto da sociedade aos regimes de força. 

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Logo depois de fuzilar adversários no estádio Nacional e abrir centros de tortura em toda parte, em setembro de 1973,  a ditadura de Augusto Pinochet aboliu a avançada legislação sobre aborto em vigor na Chile. 

Em suas operações para derrubar conquistas democráticas em vigor nos Estados Unidos, bandos fascistas que sustentam Donald Trump já fizeram da legislação sobre aborto um de seus alvos prioritários. 

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Por um caminho ou por outro, é fácil entender uma lição da passagem da humanidade sobre a Terra. Toda vez em que os direitos femininos são derrotados, a sociedade inteira paga a conta.

Alguma dúvida?

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