Nise faz a cabeça de Bolsonaro
A médica disse na CPI "haver estudos científicos que relacionam o medo com menor resistência do organismo. Que é o que Bolsonaro prega desde o início pandemia", escreve Alex Solnik. "É um convite para ir à rua, sem medo, pois o medo favorece a contaminação", lembra o jornalista, sobre a tática bolsonarista
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Por Alex Solnik
O momento mais revelador da sessão de hoje da CPI da Covid, até agora, foi o do vídeo de uma entrevista da dra. Nise Yamagushi à TV Senado.
No trecho, ela afirma, fazendo um paralelo com os tempos de pandemia, que os algozes dos campos de concentração nazistas só conseguiam dominar aquela massa de prisioneiros indefesa por meio de humilhações constantes, e incutindo o medo.
Na oitiva ela foi mais explícita ainda. Disse haver estudos científicos que relacionam o medo com menor resistência do organismo. Que é o que Bolsonaro prega desde o início pandemia. Basta ser forte para escapar. Ele, com físico de atleta, não pegaria.
Agora há poucos dias ele repetiu a lorota: “Só pega quem for frouxo”.
Ou seja: os “frouxos”, aqueles que ficam em casa, aqueles que não aglomeram serão contaminados; os corajosos, não.
É um convite para ir à rua, sem medo, pois o medo favorece a contaminação.
O medo pode ser mais perigoso que o vírus!
É a tradução do “cientifiquês” da doutora para a linguagem da caserna.
Eles falam a mesma língua; ela é a ministra da Saúde paralela, a principal conselheira de Bolsonaro sobre a pandemia, tal a profusão de reuniões que manteve e mantém com o ministério da Saúde e muito provavelmente a mãe do kit covid.
E tal a coincidência entre o que pensa e o que Bolsonaro faz.
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