Ninguém vai confundir Chico Buarque com Olavo de Carvalho
"É verdade que os bolsonaristas se apossaram do amarelo, mas nem eles, se ouvirem a canção, vão achar que é uma ode ao seu ídolo ou à ditadura", diz Alex Solnik
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Depois de dizer a Renato Terra, na série “O canto livre de Nara Leão”, que não vai mais cantar “Com açúcar, com afeto”, Chico Buarque declarou a Regina Zappa, aqui no Brasil 247, que “Pelas tabelas” também entrou no seu index particular.
É claro que ele, pai das duas belíssimas canções de seu vasto repertório (400 obras), tem todo o direito de cantar ou deixar de cantar o que quiser. É um dos imortais da música brasileira.
No caso do samba que narra a história de uma Amélia com mais glamour, composto a pedido da própria Nara, Chico argumenta que não quer briga com feministas ou que “as feministas têm razão”.
Até aí tudo bem. Quanto menos treta, melhor. Principalmente depois de uma certa idade.
No caso de “Pelas tabelas”, sustenta que a letra é datada: não fica bem, em 2022, falar em “ir atrás de uma morena/ de camisa amarela/ batendo panela”.
O amarelo era, em 1984, a cor da democracia. Hoje, é a cor da ditadura.
É verdade que os bolsonaristas se apossaram do amarelo, e não tinham, nem têm, objetivos democráticos, mas nem eles, se ouvirem a canção, vão achar que é uma ode ao seu ídolo ou à ditadura.
Quem conhece e gosta de Chico Buarque, muito menos.
Não há motivo, portanto, para relegá-la ao ostracismo.
Ninguém vai confundir Chico Buarque com Olavo de Carvalho.
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