Ninguém tem o direito de votar em Bolsonaro

"Que se encerre a brutalidade da ignorância, o ódio aos pobres, o pseudo moralismo demente contra a 'ameaça comunista' (logo o PT, partido nascido do campo anti-soviético, fundado por democratas que se estendiam da Teologia da Libertação à social democracia)", escreve o colunista Carlos D'Incao; "Que se abandone em nome daquilo que é bom e humano essa nefasta opção pela destruição do Brasil, que se chama Jair Bolsonaro"

Ninguém tem o direito de votar em Bolsonaro
Ninguém tem o direito de votar em Bolsonaro (Foto: Adriano Machado - Reuters)


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Machado de Assis certa vez escreveu em 1861, que vivíamos em dois países: o real e o oficial. E declarou: “O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial é caricato e burlesco.”

Assim, no Brasil oficial é justo afirmar que qualquer um é livre para votar em quem quiser, inclusive no Bolsonaro. Mas no Brasil real as coisas são diferentes. Aqui, esse é um ato proibido. Mais que isso, é uma posição farsesca, hipócrita e que nega não apenas a própria brasilidade, mas a própria humanidade em seus sentidos mais plurais e profundos.

Não serei aqui o escritor de um manifesto com palavras de ordem. Mas delinearei uma linha argumentativa embasada em sólidos pilares. Não me dirijo ao ignorante, ao despolitizado, mas a uma elite e a uma camada média que possui meios para compreender cada ponto que será aqui explanado.

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Vejamos.

Nós vivemos uma crise política e institucional sem precedentes. O mandato de uma presidente foi golpeado sem razões legais. Foi um processo farsesco e aqueles que ainda acreditam que cassar a decisão soberana de um povo foi algo bom, viu o país amargar a destruição de seus fundamentos econômicos que não estavam nem perto de serem ameaçados em 2015.

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Hoje tudo está claro sob os holofotes da História. A ideia dos golpistas era entregar o sistema financeiro e as forças produtivas nacionais nas mãos dos EUA. Ao abrir o país para leilão, quem deu o maior lance foi a China, jogando água na cerveja dos financistas de Wal Street.

E a que custo isso foi feito?

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Qual empresário pode dizer que a destruição do crédito através do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil trouxe qualquer benesse para seus negócios?

O governo federal pressionava os bancos privados a aplicar taxas de juros competitivas no mercado para fazer a economia rodar, para proporcionar aos empreendedores o acesso ao crédito. Isso nunca trouxe déficit. Trouxe prosperidade e crescimento econômico a todos. Interromper isso foi uma tragédia de autoria exclusiva dos golpistas.

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Como se sabe, ser empresário e votar em Bolsonaro é fazer a opção por destruir de vez os bancos públicos. Qual seria a razão de fazer tal opção?

Essa opção só é justificada pelo preconceito, pela hipocrisia e pela falta de humildade em reconhecer que o empresariado cometeu um enorme erro em retirar aqueles que governavam a nação antes do golpe, colocando em seus lugares os banqueiros privados que não possuem qualquer interesse no desenvolvimento das forças produtivas e que encontram mais oportunidades de lucro com a falência dos empresários do que no seu sucesso.

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Aqueles que vivem no devaneio da opção Bolsonaro, deve parar de fingir para si mesmo que esse personagem reúne qualquer qualificação para governar o país. É um capitão tosco e sem ideias. Por mais de 20 anos como deputado não aprovou um projeto de lei e sempre votou contra os setores produtivos.

Falar que Bolsonaro é uma opção contra a corrupção é outra falácia misturada com hipocrisia. Falácia porque o país foi artificialmente posto sob Júdice numa operação plantada pelos EUA chamada “Lava-Jato”, conduzida por um juiz que tinha como meta destruir os setores políticos desenvolvimentistas e as empresas nacionais que faziam frente às grandes empresas multinacionais dos EUA e Europa.

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Os “crimes” levantados nessa operação foram - em mais de 90% - relacionados à compra de votos, tráfico de influência e doações ilegais a partidos. Detalhe: todos esses “crimes hediondos” são atos considerados legais em todos os países desenvolvidos, sendo os EUA o maior exemplo disso.

A todos esses crimes chamam, de maneira geral, no exterior, de Lobby. Uma operação legal que a atrasada jurisdição brasileira considera crime. Queiramos ou não, essas são as leis do mercado internacional. São as leis do capital.

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E mais: quem é essa casta feudal do judiciário, que se vale dos mais cínicos e vultosos privilégios, em querer se vestir com a retórica do moralismo?

Quem são eles, senão um setor arcaico e anti-republicano que paralisou a economia em troca da satisfação de suas raquíticas ideologias que desaguaram no entreguismo de nossas riquezas aos estrangeiros?

Para terminar a sinfonia desafinada e patética, esses juízes fizeram vistas grossas para políticos que carregavam malas de dinheiro, a um presidente que literalmente comprava o silêncio de criminosos enquanto que, com exdrúxulas interpretações da lei afundaram as nossas principais empresas em uma recessão brutal, desvalorizando-as para serem mais facilmente compradas pelos estrangeiros.

Quando, nos EUA, empresas como a Apple, a Microsoft, a Google, a Ford e a General Motors passariam por processos semelhantes? Quem da Suprema Corte dos EUA cancelaria contratos bilionários dessas empresas, que favorecem a economia norte-americana? Ainda mais por causa da corrupção de alguns diretores dessas grandes empresas? Não haveria mais a separação entre pessoa física e jurídica no mundo civilizado?

Por isso votar em Bolsonaro contra a corrupção é uma falácia diante do exposto, diante da realidade dos fatos nacionais e internacionais e uma afronta às leis do mercado.

Mas é também uma enorme hipocrisia quando vemos a sua gama de apoiadores que representam os setores mais fisiológicos e delinquentes do país. Além disso, Bolsonaro se diz contra a corrupção, mas votou favoravelmente em absolutamente todos os projetos e emendas propostas por Temer e sua quadrilha que destruíram a economia brasileira.

Aqui não se trata do roubo de dinheiro, trata-se do roubo - ilegal e criminosos - de direitos dos mais pobres, a da garantia de um orçamento que preservaria recursos fundamentais para a saúde, para a segurança e para educação.

A corrupção de Temer - apoiado por Bolsonaro - nos custou muito caro e como cereja no bolo dessa delinquência tivemos o incêndio do Museu Nacional, precarizado pela falta de recursos roubados pelos seus votos e pela falência do Rio de Janeiro (de onde é deputado), que está destruído pela máfia da toga que quer colocar na cadeia qualquer político ou empresário que já tenha feito qualquer negócios naquele pobre Estado.

Agora... Falar em votar em Bolsonaro para melhorar a segurança é perversidade fantasiada de ignorância... Apontem no Mundo e na História qual foi a nação que superou seus problemas de segurança pública sem reformas sociais profundas, sem diminuição da desigualdade social e aumento do nível educacional do povo.

Afirmar que ao armar a “população de bem” vai se resolver o problema de segurança, beira a imoralidade e a irresponsabilidade. Caso esse problema tivesse solução tão simples, não teríamos nenhum país com problemas de segurança.

No fim, o que existe é a mesquinha mentalidade de que nossos irmãos patriotas, especialmente aqueles que são pobres e negros não devem ter oportunidades, pois teme-se a perda de supostos privilégios... quando na verdade uma sociedade onde todos sejam mais ricos, é apenas uma sociedade mais rica, uma sociedade onde haja mais justiça é apenas uma sociedade mais justa e uma sociedade com um povo mais educado é apenas uma sociedade mais inteligente. Ninguém perde nada. Todos ganhamos.

Qual é o problema em termos uma nação onde os pobres possam vencer a pobreza? Por que tanto ódio aos desvalidos ao ponto de apoiar a solução de Bolsonaro, que quer institucionalizar os Esquadrões de Morte para acabar com o crime e o tráfico? E é assim que se combate o crime? E o tráfico de drogas fica circunscrito apenas na periferia? Sabemos que não... os seus principais usuários moram em condomínios fechados e são das classes A e B. Vamos fuzilar esses jovens brancos e ricos também?

Votar em Bolsonaro em nome de Deus e da família... Esse é o mais burlesco argumento do Brasil oficial...

Que sociedade cristã é essa imbuída de tanto ódio? Que família é essa que Bolsonaro e seus comparsas defendem? É aquela que despreza os filhos criados por mães e avós? É aquela que permite - em determinadas circunstâncias - o estupro e a tortura? É aquela que compara as defensoras dos direitos das mulheres às cadelas? É aquela que quer exterminar com os gays e todos aqueles que possuem uma forma diferente de comportamento?

Mas que bela família, com tão nobres valores que Bolsonaro defende...! nem os líderes fascistas mais conhecidos da História como Hitler, Mussolini, Salazar e Franco imaginaram coisa igual...

Pois nunca ouvi Hitler chamar as mulheres alemãs de cadelas; não há um documento que conste que Mussolini achava que as mães e as avós italianas não prestavam para educar seus filhos; nem se houve qualquer defesa de Salazar ao estupro de mulheres portuguesas e Franco nunca se pronunciou a favor de esquadrões da morte para matar os mais pobres da Espanha.

Não há assim, diante de tudo o que já foi exposto, razão para que se vote em Bolsonaro no Brasil real. E esse é o único Brasil que temos de verdade.

Que se encerre a brutalidade da ignorância, o ódio aos pobres, o pseudo moralismo demente contra a “ameaça comunista” (logo o PT, partido nascido do campo anti-soviético, fundado por democratas que se estendiam da Teologia da Libertação à social democracia).

Que se abandone em nome daquilo que é bom e humano essa nefasta opção pela destruição do Brasil, que se chama Jair Bolsonaro.

Há uma geração de jovens e crianças que no futuro nos julgarão pelas nossas atitudes do presentes... e há um país que precisa de paz e crescimento. Nosso compromisso não deve ser com nossas vaidades mas com essas futuras gerações e com o nosso país.

Não é vergonha admitir que foi um erro interromper a democracia. Muito menos é vergonhoso admitir que Haddad é o único candidato compromissado em fazer o Brasil retomar sua rota de crescimento e prosperidade como vivemos por mais de 10 anos.

Vergonha é saber de tudo isso e, ainda assim, não dar o braço a torcer, esperando pela amarga derrota imposta pela sabedoria do povo do Brasil real que não deixará Bolsonaro vencer.

É chegada a hora de abreviarmos nosso caminho. Abandonemos o abominável para o esquecimento. O Brasil é maior que o ódio e as diferenças. Quem atentou contra o povo e a nossa soberania nunca venceu e nunca vencerá.

Que elejamos Haddad já no primeiro turno e viremos essa nefasta página de nossa História “de dois países”, sabiamente descritos por Machado de Assis.

Nunca é demais lembrarmos e repetir: No final, o Brasil real é o único Brasil que temos e ele é bom e extrai de nós aquilo que temos de melhor.

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