Ninguém segura golpe em marcha com discurso

"O PT teve votos nas ruas em 2014, mas não teve na Câmara em 2016. Ponto. Reclamar do juiz não adianta mais. A essa altura ninguém mais convence ninguém com argumentos", diz o colunista do 247 Alex Solnik; segundo ele, não adianta querer “salvar a nação” de Michel Temer ou de Eduardo Cunha; "Se o impeachment passar no Senado, eles têm que assumir. Nem que seja para mostrar que são incompetentes e incapazes de tirar o país da recessão e da instabilidade política. É melhor que eles passem por esse vexame do que algum presidente que for eleito graças a essa emenda totalmente sem sentido que a Marina e alguns senadores  querem vender como a solução mágica, numa espécie de ação de telemarketing", afirma

"O PT teve votos nas ruas em 2014, mas não teve na Câmara em 2016. Ponto. Reclamar do juiz não adianta mais. A essa altura ninguém mais convence ninguém com argumentos", diz o colunista do 247 Alex Solnik; segundo ele, não adianta querer “salvar a nação” de Michel Temer ou de Eduardo Cunha; "Se o impeachment passar no Senado, eles têm que assumir. Nem que seja para mostrar que são incompetentes e incapazes de tirar o país da recessão e da instabilidade política. É melhor que eles passem por esse vexame do que algum presidente que for eleito graças a essa emenda totalmente sem sentido que a Marina e alguns senadores  querem vender como a solução mágica, numa espécie de ação de telemarketing", afirma
"O PT teve votos nas ruas em 2014, mas não teve na Câmara em 2016. Ponto. Reclamar do juiz não adianta mais. A essa altura ninguém mais convence ninguém com argumentos", diz o colunista do 247 Alex Solnik; segundo ele, não adianta querer “salvar a nação” de Michel Temer ou de Eduardo Cunha; "Se o impeachment passar no Senado, eles têm que assumir. Nem que seja para mostrar que são incompetentes e incapazes de tirar o país da recessão e da instabilidade política. É melhor que eles passem por esse vexame do que algum presidente que for eleito graças a essa emenda totalmente sem sentido que a Marina e alguns senadores  querem vender como a solução mágica, numa espécie de ação de telemarketing", afirma (Foto: Alex Solnik)


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Quem ganha, governa; quem perde, vai para a oposição.

Ninguém segura um golpe em marcha com discurso.

Tudo bem, aconteceu uma vez. Brizola segurou o golpe contra a posse do Jango na vice-presidência depois que Jânio renunciou, em 1961 falando sem parar pelas ondas da rádi0 Guaíba.

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Mas naquele tempo não havia Rede Globo. E hoje não há Brizola.

Três anos depois não deu para segurar mais, entretanto. Nem para ele, nem para o presidente Jango que abandonou, em silêncio, a capital da República para tentar resistir ao golpe em Porto Alegre, onde verificou que Inês era morta.

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Getúlio, que era o todo poderoso Getúlio, o maior líder político do Brasil de todos os tempos, depois de calejado em 15 anos no poder – poder absoluto – só evitou o golpe em 1954 dando um tiro no peito.

Não é fácil, portanto, senão impossível a presidente Dilma resistir ao golpe com discursos ou com denúncias de que seus adversários são conspiradores. Ela tem toda a razão, diga-se, mas não vejo como ela vai evitar o golpe dessa maneira.

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Será que com seus discursos Temer e Cunha vão colocar a mão na consciência e mudar de ideia? “Puxa, ela tem razão, nós somos canalhas, traidores e vamos ocupar o poder de forma ilegítima; vamos desistir dessa aventura”! Somente num stand-up do “Seinfeld” isso seria possível.

Também não vejo algum sentido nessa proposta “salvadora” que a líder evangélico-bissexta Marina Silva resolveu espalhar aos quatro ventos e que foi adotada por alguns senadores de cujo alto QI não se pode duvidar.

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Mas como levar a sério uma proposta de eleições para presidente em outubro desse ano que precisa ser aprovada no Senado e na Câmara, sendo que estamos praticamente em maio e a votação do impeachment no Senado está marcada para daqui a duas semanas?

Entra na cabeça de alguém que Eduardo Cunha, que costuma receber o espírito do Tranca-Pauta dia sim, outro também, vai colocar em votação uma proposta que vai impedir que ele assuma o poder em sociedade com o Temer e assim se livrar da Lava Jato, ganhar dois anos de mandato e depois partir para um doce exílio na Suíça?

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De novo, só se Seinfeld interpretasse o pensamento do Cunha: “Ah, sim os senadores têm razão: vamos votar essa proposta de eleições em outubro, pois se eu e o Temer assumirmos vamos passar vergonha no Brasil e no mundo e vamos piorar ainda mais o nosso país e vamos deixar que outros ganhem, pois numa eleição direta a gente não ganha mesmo, as pessoas não gostam da gente tanto assim”.

Se não bastasse isso, haveria tempo hábil para escolher candidatos, fazer convenções e campanha a essa altura sem que isso parecesse casuísmo?

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Ora, ora, ora. Já sabíamos que a oposição a Dilma é formada por pernas de pau, cabeças de bagre, oportunistas, hipócritas, despreparados, ridículos, corruptos, canalhas, traidores do povo etc, mas era de se esperar que o lado de cá não baixasse o nível ao patamar deles.

O fato é o seguinte: impeachment, golpe ou conspiração, seja o nome que for, os vilões ganharam no voto. “Ah, mas eles marcaram gol de mão, cometeram pênalti que o juíz não marcou, fizeram cêra, foram truculentos, não mereceram ganhar”. Tudo isso é verdade. Mas fizeram os gols. Alguém já viu um jogo de futebol ser anulado depois de proclamado o resultado? Nem aqui nem na China.

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O PT teve votos nas ruas em 2014, mas não teve na Câmara em 2016. Ponto. Reclamar do juiz não adianta mais.

O governo terá votos no Senado? Tudo indica que não, pois apesar de os senadores não serem tão inconsequentes quanto os deputados – duvido que vão aparecer cobertos com bandeiras de alguma cor, ou mostrar cartazes para as câmeras ou dedicar seus votos a Deus – os partidos são os mesmos da Câmara, os mesmos que um dia estiveram no governo e o trairam na Câmara. Se o trairam na Câmara, é mais coerente acreditar que vão trair também no Senado. Afinal, como todos sabem, “trair e coçar é só começar”.

Nos próximos dias vamos ouvir aquelas velhas bravatas: “No Senado, não”! “A luta apenas começou”! “Daqui pra frente tudo vai ser diferente”!

Palavras, palavras. Ou alguém pretende colocar o Exército na rua? Ou pegar em armas? Certeza que não.

A essa altura ninguém mais convence ninguém com argumentos. “Ah, mas a presidente é honrada e não cometeu crime de responsabilidade”. Claro que não cometeu. Mas, se o outro lado, que tem mais votos, diz que cometeu, fica a palavra de um lado contra outro. Eles são políticos. E políticos nunca vão fazer um julgamento jurídico, pois não são juristas. Por mais que a constituição garanta que o impeachment é um troço jurídico-político.

Juristas têm por objetivo fazer justiça. Políticos, no entanto, têm por objetivo chegar ao poder.

Mas... e o STF não vai fazer nada? Não vai, não. O STF está lá para fazer cumprir a constituição. E a própria constituição diz que “crime de responsabilidade” justifica impeachment, sem definir muito bem o que é crime de responsabilidade. Se a própria constituição não define, isso quer dizer que cada um interpreta como quiser. E ninguém estará descumprindo a constituição qualquer que seja a sua interpretação.

Ademais, cá entre nós: todo golpe, como vimos em 1937 e depois em 1964 tem o seu conjunto de leis para justificar qualquer coisa; e, se tem lei, “é legal”.

Não adianta querer “salvar a nação” do Temer ou do Cunha. Eles são de um partido que nunca chegou à presidência no voto. Se não aproveitarem a oportunidade agora, a próxima talvez só no próximo século.

Não digo que é para jogar a toalha agora, isso não. Vamos à votação no Senado. Jogo é jogo. Mas, se o resultado for o mesmo da Câmara, Temer e Cunha devem assumir. Por seis escassos meses que seja. Se forem tão inábeis a ponto de pensar que o governo poderá durar dois anos e não apenas seis meses – quem garante que a presidente não volta? – problema deles. Serão enxovalhados e apredrejados da mesma forma que fazem hoje com a presidente Dilma.

O que o PT poderá fazer será atrapalhar esse governo mequetrefe do mesmo modo que Cunha atrapalhou o de Dilma. Não deixá-lo governar. Se esse “governo” vier com medidas impopulares, será paralisado por greves etc etc. Mas, se o impeachment passar no Senado, eles têm que assumir. Nem que seja para mostrar que são incompetentes e incapazes de tirar o país da recessão e da instabilidade política. É melhor que eles passem por esse vexame do que algum presidente que for eleito graças a essa emenda totalmente sem sentido que a Marina e alguns senadores querem vender como a solução mágica, numa espécie de ação de telemarketing.

Depois, se Cunha e Temer não cairem fora depois de seis meses, vão cair depois de dois anos. E não vão se reeleger, nem que a vaca tussa. E irão definitivamente para onde já deveriam estar: a lata de lixo da história.

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