Ninguém esquece o candidato ao qual fez doação eleitoral

O financiamento do conjunto do eleitorado, e não de um grupelho de empresas, concede independência ao candidato, antes e depois de ser eleito

urna eletrônica. Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE
urna eletrônica. Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE (Foto: Eduardo Guimarães)


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Começou a campanha eleitoral e, agora, é hora de começarmos a discutir como eleger nossos candidatos. Eis a novidade da nova modalidade de financiamento de campanhas, após a proibição das doações eleitorais de empresas: agora, você participa das campanhas.

Para o Brasil, essa mudança é uma grande conquista. A redução drástica dos custos das campanhas eleitorais aproxima os cidadãos da política, permite que qualquer um possa disputar o voto popular contando com o apoio de grandes contingentes de outros cidadãos que optem por apoiar financeiramente seu candidato.

Antes, tudo era muito diferente. E muito pior. Alguma vez você já se perguntou por que um grande banco ou operadora de telefonia ou plano de saúde doavam milhares e até milhões de reais a candidatos?

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Difícil acreditar que fosse por amor à democracia, certo?

Pois é. O mecanismo de financiamento eleitoral que funcionava até 2014 foi responsável por 10 entre 10 casos de corrupção no Brasil desde há muito, muito tempo.

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Funcionava da seguinte maneira: um plano de saúde, por exemplo, financiava campanhas eleitorais de parlamentares e estes, uma vez eleitos, tinham “compromissos” com quem os financiou.

Ainda hoje, por força das regras de financiamento das últimas eleições, se um parlamentar propõe lei que obriga um plano de saúde a não criar caso para conceder coberturas, os parlamentares financiados por esse plano votam contra a lei e ela não passa, permitindo àquela empresa continuar maltratando seus clientes.

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Eis o que lhe custava, eleitor, os políticos serem financiados por empresas: na hora de votar, entre você e seu plano de saúde ou sua operadora de telefonia, adivinha quem o vereador, o deputado, o senador, o prefeito, o governador ou o presidente escolhiam.

Não é preciso pensar muito para encontrar a resposta.

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Todos nós já fomos vítimas de uma dessas grandes empresas que financiam políticos e depois cobram deles a fatura em forma de votos contra os interesses da maioria.

Agora, isso pode acabar, mas as campanhas eleitorais precisarão ser financiadas para que possamos conhecer os que nos representarão.

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Agora, não são mais o capitão da indústria ou o banqueiro que financiam nossos representantes, somos nós.

Precisamos escolher nosso candidato e financiá-lo como for possível, mas será preciso que nos tornemos doadores eleitorais, do contrário a democracia não funciona. Ou melhor, funciona só para candidatos dos ricos, que, com menos doadores e doações maiores individualmente, conseguirão mais recursos para as suas campanhas.

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O financiamento do conjunto do eleitorado, e não de um grupelho de empresas, concede independência ao candidato, antes e depois de ser eleito.

Se o novo modelo de doações eleitorais vingar, a sociedade como um todo é que lucrará porque o eleito terá que se preocupar em agradar àqueles que o elegeram e não aqueles que têm um ou dois votos, mas que, com suas doações gigantescas, permitiam ao candidato obter votos dos desavisados, daqueles que não entendem como funciona a democracia.

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Tudo depende de você, eleitor. Em 2016, escolha um candidato a prefeito e outro a vereador e faça sua doação eleitoral a ambos. Com o que você gasta em uma refeição em um restaurante, por exemplo, você financia uma política mais limpa e/ou um representante mais sério no Legislativo e/ou no Executivo.

Antigamente, poucos dias ou até poucas horas após eleitores votarem, muitos já não se lembravam do nome do candidato escolhido, sobretudo candidatos ao Legislativo. Agora que você pode financiar seu candidato, se o fizer dificilmente esquecerá o nome dele. Melhor, impossível.

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