Neymar, Tite e o sistema ao redor: a cara da elite e do golpe
Mauro Lopes, editor do 247 e do blog Caminho Pera Casa escreve cinco observações sobre o jogo da seleção brasileira contra a Costa Rica. "Esse Neymar é um babaca, é a cara do Brasil-golpe. Faz cena, é desleal, mimado, e adora uma carteirada", afirma Lopes; "Toda a lógica da seleção e do sistema que a envolve é a do neoliberalismo mais selvagem"
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Cinco breves observações sobre o jogo de hoje, a seleção e o país:
1. Os estrangeiros que não têm outras fontes de informação sobre o Brasil, a se fiarem nas imagens das arquibancadas da Copa, devem imaginar que este é um país de gente branca e com alto índice de loiros e loiras. É a avenida Paulista do golpe transplantada em versão mini para a Rússia.
2. Esse Neymar é um babaca, é a cara do Brasil-golpe.
Faz jogo de cena todo o tempo, simulando ter sofrido faltas dos adversários, jogando-se em campo de maneira melodramática. Simulou o pênalti -deveria ter levado cartão amarelo por isso.
É desleal: atingiu o goleiro da Costa Rica com uma joelhada maldosa e depois aplicou uma cotovelada suja num jogador. Não contente com isso, ainda dirigiu-se com palavrões e ameaças àquele a quem agredira, na frente do juiz -deveria ter sido expulso por isso.
É um menino mimado. Quando as coisas não dão certo descontrola-se de maneira infantil, como na cena patética de lançar a bola ao chão, com raiva -levou cartão amarelo por isso.
É da turma da carteirada - ficou esperando o juiz na saída do intervalo para peitar o árbitro sabe-se lá a razão.
3. As cenas ao final do jogo foram melancólicas. Neymar chorando copiosamente e outros jogadores visivelmente abalados porque venceram... a Costa Rica! Não há equilíbrio, respeito ao outro (os jogadores da Costa Rica) ou senso de proporção.
4. Mais uma vez o país engole a empulhação sobre os líderes fabricados pela mídia. O técnico magistral, capaz de controlar e coesionar o “grupo”, mestre das palestras e da neurolinguística, está mostrando um time comum, sem brilho nem maturidade. Para vencer hoje, desmontou por completo toda a estrutura tática cantada em prosa e verso como genial nas eliminatórias. Venceu um time limitado mas aplicado taticamente e leal na base da bola pra frente -e tome pressão sobre os árbitros da partida.
5. Toda a lógica da seleção e do sistema que a envolve é a do neoliberalismo mais selvagem. Não basta ao Tite ganhar R$ 15 milhões por ano como técnico; é preciso virar garoto propaganda do Itaú, patrocinador do golpe e da transmissão da Globo. Não basta ao Neymar ter dois ou três carros. É preciso uma frota, uma coleção avaliada em R$ 18 milhões e mais helicóptero e avião e iate. E mais, e mais e mais. Sempre mais. Porque nunca basta. O jogadores e o técnico da seleção não é gente originalmente da elite brasileira. Meninos pobres, cresceram em meio a dificuldades imensas. Mas foram adotados e aceitos no clube. Não é à toa que são amigos de Luciano Huck, Aécio e toda a malta dos que se consideram ainda dono dos escravos -a massa pobre do país.
PS: Ainda sobre Neymar, duas cenas que me escaparam e uma memória:
1. O príncipe dirigindo-se ao juiz no jogo da Costa Rica com uma pose de "não me toque";
2. Os xingamentos pesados de Neymar a seu companheiro e capitão do time, Thiago Silva. Motivo: o capitão havia devolvido a bola à Costa Rica numa atitude de fair play que é consagrada no futebol, há décadas. O comportamento de Neymar é indefensável sob todos os pontos de vista.
3. A propósito, para a turma dos fãs de Neymar, que se dizem "boleiros " e experts e alegam que ele pula e cai tanto para evitar confusões mais graves: Messi e Cristiano Ronaldo pulam e caem como Neymar? E Zico? Maradona? Pelé? Zidane? Tostão? Raí? Sócrates? Algum deles teve a perna quebrada por não pular tanto?
4. É mistificação pura essa ideia piedosa do "menino pobre" que sofreu com a miséria na infância e "venceu na vida". Aos 12 anos assinou o primeiro contrato com o Santos e aos 14 já ganhou quase R$ 2 milhões.
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