Nem Moro nem muro. Nada muda nossa luta

O muro não está ali para evitar conflito, ele está lá para acirrar os ânimos, para provocar um confronto, na medida que separa o povo em duas vertentes. De um lado os camisas vermelhas, do outro os verde-amarelo

O muro não está ali para evitar conflito, ele está lá para acirrar os ânimos, para provocar um confronto, na medida que separa o povo em duas vertentes. De um lado os camisas vermelhas, do outro os verde-amarelo
O muro não está ali para evitar conflito, ele está lá para acirrar os ânimos, para provocar um confronto, na medida que separa o povo em duas vertentes. De um lado os camisas vermelhas, do outro os verde-amarelo (Foto: Lelê Teles)


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ergueram um muro na Esplanada dos Ministérios, senhoras e senhores.

e para que serve esse muro?

para separar, dividir o povo.

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mas que povo?

o povo brasileiro que, no domingo, irá à esplanada exercer o seu direito cidadão. torcer contra ou a favor do golpe.

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e quem diabos ergueu esse muro?

bom, quem ergueu mesmo foram uns prisioneiros, a moçada que cumpre pena na Papuda. mas quem mandou foi o governador do PSB, partido elitista que apóia o golpe.

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uai, mas e aquele papo do vice decorativo de construir pontes...

ah, querido, uma ponte também pode ser um muro. porque numa ponte erguida pela burguesia a gente já fica sabendo, de cara, quem vai cruzá-la e quem vai morar debaixo dela.

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elementar.

o muro não está ali para evitar conflito, ele está lá para acirrar os ânimos, para provocar um confronto, na medida que separa o povo em duas vertentes.

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de um lado os camisas vermelhas, do outro os verde-amarelo.

no alto, os helicópteros da Globo à espera do espetáculo, dos capítulos finais de mais uma grotesca novela da Globo, que se arrasta desde outubro quando o candidato fantoche da emissora perdeu as eleições.

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mas não disseram que o povo, o país, queria o impeachment da presidenta?

sim, disseram. mas quem disse? a Globo.

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a mesma Globo que publicizou manifestações de rua de uma gente adulta, branca e rica - uma elite - forjando representar o Brasil.

mas aí, sem avisar, diverso, miscigenado, alegre e colorido, o Brasil real saiu às ruas contra o golpe jurídico-midiático e mostrou que a elite fala por ela mesma, mas não pelo país.

por isso, o muro.

eu estava na Esplanada durante a votação do impeachment do Collor.

ninguém socou ninguém, ninguém saiu no braço; ao contrário, as pessoas entraram em abraços após o resultado.

o povo queria, exigia o impeachment. foi uma festa cívica.
o que temos hoje é uma manipulação cínica.

será impossível esconder o que tentaram camuflar durante todo esse tempo. o Brasil está dividido, mas não ao meio.

há uma elite branca, monoglota, politicamente analfabeta, demofóbica e racista de um lado e, do outro, a maioria da população brasileira que não se encaixa nesse perfil.

portanto, o golpe não é uma unanimidade.

o muro é uma prova disso.

vai ser lindo. de uma lado ódio e ranger de dentes, cusparadas, acusações, exibição de peitos siliconados e de grosserias.

do outro, a diversidade feliz, o artivismo criativo e o povo tomando um banho de civismo e de luta.

o Brasil vai, finalmente, ter a oportunidade de ver os dois lados, lado a lado.

e a velha luta de classes vai se desmascarar, em pleno domingo de sol, na Esplanada dos Ministérios.

vai ser lindo.

palavra da salvação.

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